A polieterimida (PEI) é um polímero termoplástico de alto desempenho, amorfo, de cor âmbar, com alta resistência mecânica e rigidez.[1]

Histórico editar

O polieterimida é um dos mais novos termoplásticos de engenharia amorfos de alta performance. Este foi introduzido no mercado em 1982 e é comercialmente disponível pela General Eletric Co com o nome comercial de Ultem.

Síntese editar

A policondensação é o processo pelo qual acontece a síntese das polieterimidas. Em um primeiro momento, tem-se a reação de uma diamina com um anído nitroflático, gerando um monômero bis-imida. A partir de tratamento com componente básico, forma-se um bisfenol di-ânion, este é o segundo momento do processo. A polimerização se da pelo deslocamento de dois grupos nitro da bis-imida pelo bisfenol diânion, formando assim as ligações éter que são encontradas no polímero. O processo de polimerização pode ocorrer em diferentes solventes (acetona, acetonitrila e dimetilformamida) ou em suas respectivas misturas com o tolueno. Para a precipitação do polímero, na maioria dos casos, o etanol é utilizado.[1]

Propriedades físicas e químicas editar

A polieterimida (PEI) é um tipo de polímero de alto desempenho que possuí alta temperatura de transição vítrea, ótimo retardamento de chama, baixa geração de fumaça e boas propriedades mecânicas.[2]

O PEI é um polímero termoplástico de alto desempenho, com boas propriedades térmicas, mecânicas e elétricas (isolante) com a vantagem adicional de possuir fácil processamento.[3]

A característica mais marcante do PEI é a sua estabilidade dimensional tanto no curto como no longo prazo. Isso graças a sua estrutura rígida e altamente emaranhada.[1]

Aplicações editar

As principais aplicações de PEI são nos setores aeronáuticos, automotivos e de equipamentos médicos.[1] A utilização do PEI no setor aeronáutico se justifica por este ser um retardante a chama com baixa emissão de gases tóxicos e por apresentar alta resistência química. Desta maneira, utiliza-se para a confecção de válvulas de ar e combustível, por exemplo.[1]

Já no setor automotivo o destaque do PEI se dá pelo bom desempenho térmico e mecânico, baixa densidade, bom custo benefício, alta estabilidade dimensional e boa processabilidade. Neste setor o polímero é utilizado em componentes de transmissão, acelerador e ignição, além de sensores e caixas de termostato.[1]

Por fim, no setor médico, utiliza-se a polieterimida em bandejas, válvulas, aparelhos odontológicos e pipetas. Tendo em vista que este é capaz de suportar a maioria dos processos de esterilização, ter alta resistência química e por ser translúcido.[1]

Reciclagem editar

Os polímeros termoplásticos são aqueles com aptidão para amolecer e fluir quando submetidos ao aumento de temperatura e pressão. Quando a influência da pressão e temperatura deixam de existir, o polímero se solidifica de acordo com a forma dada. Caso o polímero seja submetido novamente as condições de temperatura e pressão, mais uma vez o polímero irá amolecer e fluir, isto porque nenhuma ligação química entre as cadeias ocorre durante o processo de cura, o tornando completamente reversível. No caso de polímeros semicristalinos, o amolecimento acontece devido a fusão da fase cristalina. É graça a esta característica que os termoplásticos podem ser remoldados e reciclados sem impactar negativamente as propriedades físicas do polímero.[4]

Impacto ambiental editar

Os polímeros demoram séculos para se degradar, ocupando grande parte do volume de aterros sanitários, atuando de forma negativa nos processos de compostagem e estabilização biológica. Neste cenário, o PEI, devido as suas marcantes características de resistência e desempenho, apresenta-se como uma ameaça ao meio ambiente caso não tratado corretamente.[5]

Referências

  1. a b c d e f g SÔNEGO, Marília (2016). «Efeitos de degradação e alterações microestruturais do polímero no desempenho mecânico estático de juntas híbridas de polieterimida (PEI) e alumínio produzida por F-ICJMarília» (PDF). São Carlos: UFSCar. Consultado em 16 de julho de 2019 
  2. Jiang, Shenglong; Liao, Guangxin; Xu, Dingding; Liu, Fenghua; Li, Wen; Cheng, Yuchuan; Li, Zhixiang; Xu, Gaojie (1 de fevereiro de 2019). «Mechanical properties analysis of polyetherimide parts fabricated by fused deposition modeling». High Performance Polymers (em inglês). 31 (1): 97–106. ISSN 0954-0083. doi:10.1177/0954008317752822. Consultado em 16 de julho de 2019 
  3. Bijwe, J.; Tewari, U. S.; Vasudevan, P. (junho de 1990). «Friction and wear studies of polyetherimide composites». Wear (em inglês). 138 (1): 61–76. ISSN 0043-1648. doi:10.1016/0043-1648(90)90168-A. Consultado em 16 de julho de 2019 
  4. PÊSSOA, Vitor (fevereiro de 2018). «RECICLAGEM E REUTILIZAÇÃO DE MATERIAIS POLIMÉRICOS PLÁSTICOS» (PDF). Rio de Janeiro: UFRJ. Consultado em 16 de julho de 2019 
  5. Spinacé, Márcia Aparecida da Silva; De Paoli, Marco Aurelio (fevereiro de 2005). «A tecnologia da reciclagem de polímeros». Química Nova. 28 (1): 65–72. ISSN 0100-4042. doi:10.1590/S0100-40422005000100014. Consultado em 16 de julho de 2019