Polyerata

género de aves
Polyerata
P. amabilis empoleirado no Panamá
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Tribo:
Gênero:
Polyerata

Heine, 1863
Espécie-tipo
Trochilus amabilis
Gould, 1853
Espécies

3, ver texto

Sinónimos[1]

Amazilia Lesson, 1843 (ver texto)

Polyerata é um gênero de aves apodiformes pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores.[2] O gênero possui um total de três espécies reconhecidas, anteriormente classificadas dentro de Amazilia, introduzido pelo naturalista René Primevère Lesson, atualmente considerado um sinônimo no caso das espécies amabilis, decora e rosenbergi; que se distribuem desde o centro-sul do continente centro-americano ao extremo-noroeste da América do Sul, se estendendo pela Costa Rica, onde vai seguindo ao Panamá, chegando à Colômbia e se distribuindo nas proximidades pelo Equador, pelas florestas tropicais e subtropicais úmidas de baixa altitude e as florestas secundárias altamente degradadas, além de se encontrar em áreas urbanas e suburbanas, por onde procura por artrópodes, que servem como um complemento à dieta de néctar e pólen.[3][4][5]

Com ambas as espécies sendo muito frequentes em toda a sua área de distribuição, a União Internacional para a Conservação da Natureza classifica ambos os beija-flores dentro de Polyerata (ou pelas convenções da BirdLife International, Amazilia) dentro de "espécie pouco preocupante". Ainda, acredita-se que a espécie P. rosenbergi seja comumente predada por nativos da região por conta de supostas propriedades curativas e místicas presentes em seu bico.[5][6]

Descrição editar

Estes beija-flores apresentam comprimento médio de 8 aos 11 centímetros, enquanto o peso varia entre as 3,5 a 3,8 gramas para fêmeas, ao que para machos, a faixa de peso varia entre 4 e 4,1 gramas. Algo que os caracteriza como troquilíneos relativamente grandes em comparação com os melisugíneos, porém dentro da média da tribo dos troquilíneos e menor dos que a tribo dos lampornitíneos. Como na maioria dos beija-flores, normalmente, machos possuem comprimento ligeiramente maior e um pouco mais pesado quando em comparação às fêmeas; apresentando plumagem mais chamativa, que é utilizada para atrair potenciais parceiras sexuais.[7] Tais beija-flores apresentam um dimorfismo sexual quase inexistente, com ambos os sexos sendo visualmente similares, com o bico preto curto ligeiramente curvilíneo de mandíbula rosada na extremidade. Suas partes superiores são geralmente verde-brilhante, com sua garganta sendo esverdeada e mais escurecida ao centro; o abdômen possui uma cor mais azulada no beija-flor-de-peito-turquesa, que é mais púrpura no beija-flor-de-peito-lilás e, ainda, no beija-flor-encantador, de coloração azul. O abdômen inferior e suas coberteiras infracaudais são marrom-acinzentado. Sua cauda é bronze-enegrecido, mas as penas externas são manchadas de branco.[8][9][10][11]

Distribuição e habitat editar

Estes troquilídeos apresentam distribuição pela parte mais sul do istmo centro-americano, aonde, seguindo pela região ao extremo-norte sul-americano, até linha do equador, e se estendendo até proximidades com a fronteira entre os territórios equatoriano e peruano. A espécie de distribuição mais neoártica, se encontra a centro-sul da Nicarágua, próxima ao lago homônimo, inicialmente, por onde segue pela totalidade do leste costa-riquenho, onde, chegando ao Panamá, segue à região norte do país, principalmente na região mais a leste do istmo com o mesmo nome. Seguindo ao sul, onde se encontra na Colômbia, segue principalmente ao oeste, nas regiões naturais andina, caribenha e do pacífico. Por último, no Equador, segue pelo extremo oeste do país, nas regiões costa e sierra, se limitando ao Peru. Sua outra espécie, sendo essa, beija-flor-de-peito-lilás, se distribui exclusivamente na América do Sul, especificamente ao centro-sul colombiano até o norte do equador, sendo a espécie com a distribuição menos extensa. Por último, a espécie conhecida pelo nome de beija-flor-encantador, se distribui entre leste da Costa Rica e oeste do Panamá; anteriormente tal espécie foi considerada coespecífica com a primeira citada. Os beija-flores encantadores, como um todo, habitam as florestas tropicais úmidas e as florestas secundárias altamente degradadas, ocasionalmente explorando áreas urbanas e suburbanas, bem como as extremidades das matas, por onde procuram por insetos e outros artrópodes pequenos.[9][10][11]

Sistemática e taxonomia editar

Esse gênero foi introduzido primeiramente no ano de 1863, pelo ornitólogo e entomólogo alemão, Friedrich Heine, que introduziu o gênero para classificação do beija-flor-de-peito-turquesa, que, subsequentemente, se tornou a espécie-tipo. Esta espécie seria descrita primeiramente alguns anos antes, em 1853, por John Gould, que publicou sua contribuição no periódico da Sociedade Zoológica de Londres.[12] Posteriormente, as espécies representantes do gênero seriam, então, movidas para Amazilia, reclassificando o gênero que foi introduzido por Heine como uma sinonímia. Após a publicação de uma série de estudos filogenéticos moleculares que redefiniriam a sistemática dos beija-flores, esse gênero seria ressurgido em uma tentativa de tornar os gêneros dos Trochilini em monofiléticos; outras espécies anteriormente incluídas seriam, por fim, movidas, incluindo as espécies fimbriata e lactea, conforme indicado pelo Handbook of the Birds of the World, publicado em 1999 por Karl-L. Schuchmann.[7] O estudo filogenético molecular que ressurgiria este gênero foi publicado no periódico Zootaxa, no ano de 2017, baseando-se em outra publicação presente no Current Biology em 2014.[13][14] Como outros táxons a serem ressurgidos, possui reconhecimento limitado, sendo reconhecido por identificadores taxonômicos mundiais como os Comitê Ornitológico Internacional, American Ornithological Society, que publica os dois principais catálogos das aves da América do Norte e do Sul, assim como a taxonomia de Clements, eBird, entre outros, incluindo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, embora a BirdLife International ainda classifique estas espécies dentro de Amazilia, bem como o catálogo Howard and Moore Complete Checklist of the Birds of the World.[15][16][1][17][18] Este gênero, etimologicamente, deriva do termo em grego antigo poluēratos que significa literalmente "amável" ou "muito encantador".[19][20]

Espécies[2][21] editar

Referências

  1. a b Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  2. a b Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». International Ornithologists' Union. IOC World Bird List Version 12.2. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  3. BirdLife International (13 de outubro de 2020). «Blue-chested Hummingbird (Polyerata amabilis. The IUCN Red List of Threatened Species 2021. e.T22687552A167097101 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2021-3.RLTS.T22687552A167097101.en . Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  4. BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Charming Hummingbird (Polyerata decora. The IUCN Red List of Threatened Species 2016. e.T22687556A167097980 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2021-3.RLTS.T22687556A167097980.en . Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  5. a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Purple-chested Hummingbird (Polyerata rosenbergi. The IUCN Red List of Threatened Species 2016. e.T22687559A93157654 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687559A93157654.en . Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  6. Ridgway, Robert (1911). The Birds of North and Middle America: A Descriptive Catalogue of the Higher Groups, Genera, Species, and Subspecies of Birds Known to Occur in North America, from the Arctic Lands to the Isthmus of Panama, the West Indies and Other Islands of the Caribbean Sea, and the Galapagos Archipelago. 5. Washington, D.C.: Government Print Office 
  7. a b Schuchmann, Karl-L. (janeiro de 1999). «Family Trochilidae (Hummingbirds)». Lynx Edicions. Handbook of the Birds of the World. 5: 468-680. Consultado em 27 de agosto de 2022 
  8. Ridgely, Robert; Greenfield, Paul (2001). Birds of Ecuador: Field Guide. Nova Iorque: Imprensa da Universidade Cornell. ISBN 0-8014-8721-8 
  9. a b del Hoyo, Josep; Collar, Nigel; Kirwan, Guy M.; Boesman, Peter F. D. (2021). «Charming Hummingbird (Polyerata decora), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.chahum1.01.1. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  10. a b Weller, André Alexander; Kirwan, Guy M.; Boesman, Peter F. D. (2021). «Blue-chested Hummingbird (Polyerata amabilis), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.blchum1.01.1. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  11. a b Weller, André Alexander; Kirwan, Guy M.; Boesman, Peter F. D. (2021). «Purple-chested Hummingbird (Polyerata rosenbergi), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.puchum1.01.1. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  12. Gould, John (1851). «3. On some new species of Trochilidae». Londres: Zoological Society of London. Proceedings (em inglês). 19 (1851): 115. LCCN 86640225. OCLC 1779524. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  13. Stiles, F. Gary; Remsen, J. V. Jr.; Mcguire, Jimmy A. (24 de novembro de 2017). «The generic classification of the Trochilini (Aves: Trochilidae): Reconciling taxonomy with phylogeny». Zootaxa (3). 401 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.4353.3.1. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  14. McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Corl, Ammon; Rabosky, Daniel L.; Altshuler, Douglas L.; Dudley, Robert (14 de abril de 2014). «Molecular phylogenetics and the diversification of hummingbirds». Current Biology (8): 910–916. ISSN 1879-0445. PMID 24704078. doi:10.1016/j.cub.2014.03.016. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  15. BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  16. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  17. Dickinson, Edward C.; Remsen, J.V., Jr., eds. (2013). The Howard and Moore Complete Checklist of the Birds of the World. 1: Non-passerines. 4.ª ed. Londres, Reino Unido: Aves Press. ISBN 0-7136-6536-X 
  18. Chesser, R.T.; Billerman, S.M.; Burns, K.J.; Cicero, C.; Dunn, J.L.; Hernández-Baños, B.E.; Jiménez, R.A.; Kratter, A.W.; Mason, N.A.; Rasmussen, P.C.; Remsen, Jr., J.V.; Stotz, D.F.; Winker, K. (2022). «Check-list of North American Birds». American Ornithologists' Society. Consultado em 13 de dezembro de 2022 
  19. Beekes, Robert S. P. (2010). van Beek, Lucien, ed. «Etymological Dictionary of Greek». Brill Academic Pub. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. 10. ISBN 9789004174207. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  20. Jobling, James A. (2010). Helm Dictionary of Scientific Bird Names. Londres: Christopher Helm. p. 136. ISBN 978-1-4081-2501-4. OCLC 1058460352 
  21. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 116. ISSN 1830-7809. Consultado em 8 de dezembro de 2022 

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