A Pont Neuf ("Ponte Nova", em português) é a mais antiga das pontes que cruzam o rio Sena, em Paris, capital da França. Seu nome "Novo" permaneceu, e foi dado para distinguir-se das antigas pontes medievais, erguidas com casas em ambos os lados.

Pont Neuf
Pont Neuf
Pont Neuf ao pôr-do-sol.
Arquitetura e construção
Design credita-se a Androuet du Cerceau e Guillaume Marchand
Início da construção 1578
Término da construção 1607
Comprimento total 232 m
Altura 22 m
Geografia
Cruza Rio Sena
Localização Paris
Pont Neuf está localizado em: Paris
Pont Neuf
Localização em Paris
Coordenadas 48° 51' 27" N 2° 20' 29" E

Partindo do ponto mais ocidental da Île de la Cité, a ilha situada no meio do rio que foi o centro da Paris medieval, Rive Gauche (margem esquerda) de Paris com a Rive Droite (margem direita).

A ponte é composta por duas partes distintas: uma com cinco arcos até atingir a Île de la Cité, outra com sete arcos que levam à margem direita. Antigas gravuras com mapas de Paris mostram que, quando a ponte foi construída, ela apenas tocava a ponta a jusante da Île de la Cité; desde então formaram-se bancos de areia no meio do rio (Ait), chamados de quais, que alargaram a ilha. Hoje a ilha é o Jardim do Vert-Galant, um parque nomeado em homenagem ao rei Henrique IV, apelidado de "Verde Galante".

Construção editar

No princípio da década de 1550, Henrique II foi instado a construir uma ponte naquele local, mas as despesas revelaram-se muito altas, na época.[1]

 
Pintura retratando o projeto da Pont Neuf, aprovado pelo rei Henrique III, em 1577. A ponte foi finalmente concluída em 1606, com um desenho menos ornamentado.

Em 1577 a decisão de construir a ponte foi finalmente tomada pelo rei Henrique III, que estabeleceu sua pedra fundamental no ano seguinte, quando foram concluídas as fundações de quatro pilares e um dos estribos. Uma grande alteração no projeto inicial foi feito em 1579, exigindo a ampliação da ponte, a fim de permitir que casas fossem nela erguidas (o que nunca ocorreu), e fez com que as pilares demorassem por um longo tempo a ser erguidos - ficando em construção pelos próximos nove anos. Uma longa parada ocorreu a partir de 1588, por conta especialmente das Guerras Religiosas, as obras foram retomadas em 1599.[1] A ponte foi concluída apenas sob o reinado de Henrique IV, que a inaugurou em 1607.

 
A Île de la Cité vista do lado ocidental, com a Pont Neuf cruzando o Sena.
 
Os bastiães dão à Pont Neuf uma aparência de fortificação.

Assim como muitas pontes de seu tempo, a Pont Neuf foi erguida com uma série de pequenos arcos, seguindo os modelos romanos precedentes. Foi a primeira ponte de pedras em Paris que não serviu como alicerce para casas erguidas em sua superfície, e foi equipada com passeios para proteger os pedestres da lama e dos cavalos; os pedestres também poderiam se abrigar nos bastiões, para permitir a passagem de algum transporte mais volumoso. A decisão de não se permitir a construção de casas é atribuída ao próprio Rei, pois considerou que estas impediriam uma melhor visão do Louvre, ampliado consideravelmente em seu reinado.[2]

A ponte teve intenso tráfego desde o início e foi, durante muito tempo, a maior ponte parisiense. Passou por vários reparos e trabalhos de manutenção e renovação, que incluíram a redução da pista, a alteração dos arcos da forma original quase circular para uma forma elíptica (1848-1855), rebaixamento das calçadas e outras alterações. Em 1885 um dos pilares foi danificado de tal forma que removeu os dois arcos adjacentes, obrigando sua reconstrução e o reforço de todas as estruturas.[1]

A maior restauração da Pont Neuf começou em 1994 e foi concluída em 2007, ano do seu quarto centenário.

Estátua equestre de Henrique IV editar

 
Estátua de Henrique IV, por Lemot após Pietro Tacca.

No ponto em que a ponte cruza a Île de la Cité, fica a estátua equestre do rei Henrique IV, originalmente comissionada a Giambologna, sob as ordens de Maria de Médici, viúva de Henrique e regente de França, em 1614.

Após a morte do artista, seu assistente Pietro Tacca concluiu a obra, que foi erigida sobre o pedestal por Pietro Francavilla, em 1618. Veio a ser destruída em 1792 durante a Revolução Francesa, mas foi reconstruída em 1818, com a restauração dos Bourbons no poder. O bronze da nova estátua foi obtido a partir do material usado na estátua a Louis Charles Antoine Desaix, e feito com o molde que sobrevivera à obra original.

Sob a estátua o novo escultor, François-Frédéric Lemot, depositou quatro caixas contendo, respectivamente, uma história da vida de Henrique IV, um pergaminho do século XVII descrevendo como a obra foi encomendada e, finalmente, uma lista com as pessoas que contribuíram em subscrição pública para sua construção.

Memória a Jacques de Molay editar

 
Marco no local da execução de Jacques de Molay.

O último Grão-Mestre dos Templários, Jacques de Molay, foi queimado em uma fogueira na Île de la Cité, perto de onde passaria a Pont Neuf, em 18 de março de 1314. A execução foi ordenada por Filipe, o Belo, após Jacques haver abjurado todas as suas confissões anteriores, o que indignara o rei.

O marco no local da execução traz escrito (numa livre tradução): "Neste lugar, Jacques de Molay, último Grão-Mestre dos Templários, foi queimado a 18 de março de 1314". Fica próximo às escadarias da Pont Neuf, de frente para as árvores da ponta da ilha, que se veem na fotografia ao lado.

Ver também editar

Referências

  1. a b c Whitney, Charles S. Dover Publications, ed. Bridges of the World: Their Design and Construction. 1929 2003 ed. Mineola, New York: [s.n.] pp. 137–141. ISBN 0-486-42995-4 
  2. Strohmayer, Ulf. «Engineering Vision: the Pont-Neuf in Paris and Modernity». In: A. Cowan and J. Steward. The City and the Senses: Urban Culture since 1500. 2007. Basingstoke: Ashgate: [s.n.] pp. 75–92 

Ligações externas editar

 
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