Pontes e Lacerda

município brasileiro do estado de Mato Grosso

Pontes e Lacerda é um município brasileiro do Estado de Mato Grosso. Localiza-se a 450 km de Cuiabá, a uma latitude 15º13'34" Sul e a uma longitude 59º20'07" Oeste, estando a uma altitude de 254 metros. Possui uma área de 8.423 km² e sua população, conforme estimativas do Censo de 2022, é de 52,018[2] habitantes.

Pontes e Lacerda
  Município do Brasil  
Trevo de Pontes e Lacerda
Trevo de Pontes e Lacerda
Trevo de Pontes e Lacerda
Símbolos
Bandeira de Pontes e Lacerda
Bandeira
Brasão de armas de Pontes e Lacerda
Brasão de armas
Hino
Gentílico pontes-lacerdense, lacerdense
Localização
Localização de Pontes e Lacerda em Mato Grosso
Localização de Pontes e Lacerda em Mato Grosso
Localização de Pontes e Lacerda em Mato Grosso
Pontes e Lacerda está localizado em: Brasil
Pontes e Lacerda
Localização de Pontes e Lacerda no Brasil
Mapa
Mapa de Pontes e Lacerda
Coordenadas 15° 13' 33" S 59° 20' 06" O
País Brasil
Unidade federativa Mato Grosso
Municípios limítrofes Vila Bela da Santíssima Trindade, Conquista D'Oeste, Vale de São Domingos, Porto Esperidião.
Distância até a capital 450 km
História
Fundação 29 de dezembro de 1979 (44 anos)
Administração
Prefeito(a) Alcino Barcelos (Republicanos, 2021 – 2024)
Características geográficas
Área total [1] 8 423,347 km²
População total (Estatísticas IBGE/2020[2]) 45 774 hab.
Densidade 5,4 hab./km²
Clima Tropical úmido
Altitude 254 m
Fuso horário Hora do Amazonas (UTC−4)
Indicadores
IDH (PNUD/2000 [3]) 0,753 alto
PIB (IBGE/2018[4]) R$ Aumento R$ 1 334 531,66 mil
PIB per capita (IBGE/2018[4]) R$ R$ 29 595,10

História editar

Pontes e Lacerda localiza-se em uma área inicialmente habitada por indígenas Nambikwara,[5] que foram massacrados pelos bandeirantes paulistas no século XVIII, pelos garimpeiros nos séculos XVIII-XIX e pelos madeireiros, seringueiros e grileiros no século XX. Os Nambikwara foram reduzidos pelo padre jesuíta Antônio Iasi Júnior, que buscou a criação da Terra Indígena Sararé, uma área de 67.420 hectares onde 71 indígenas vivem atualmente.[6]

Em 1786, Antonio Pires da Silva Pontes e Francisco José de Lacerda e Almeida, dois cartógrafos e astrônomos formados pela Universidade de Coimbra, Portugal, esboçaram a primeira carta geográfica das bacias Amazônica e do Prata. Durante os levantamentos, Pontes e Lacerda passaram pela localidade, que recebeu esse nome em sua homenagem.[7]

Em 1906, durante os levantamentos da Comissão de Linhas Telegráficas e Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas, mais conhecida como Comissão Rondon, foi construído o Posto Telegráfico (hoje restaurado). Esse foi o ponto de referência utilizado pelo governador do Estado, Pedro Celestino Correa da Costa, em 19 de julho de 1909, quando reservou 3.600 hectares para uma futura povoação. O primeiro morador de que se tem notícias foi Mariano Pires de Campos, sertanista, que chegou à localidade acompanhado de índígenas Pareci, em 1947, buscando Poaia (uma planta medicinal). Ele construiu um barraco ao lado da Estação Telegráfica, onde ficou abrigado.

Em 1954, o engenheiro Ariel e o picadeiro Jorge Lemes chegaram à localidade a serviço da Companhia Sul do Brasil, e passou a residir perto da Estação Telegráfica.

Em 1961, uma equipe do DNER e suas máquinas chegaram a Pontes e Lacerda para a construção da BR-174. Acamparam próximo à Estação Telegráfica porque precisavam se comunicar com Cáceres e Cuiabá. Depois que a rodovia estava concluída, o chefe de máquinas Dorvalino Moreno Gomes e o cozinheiro Manoel Basão, decidiram permanecer na localidade.

Em 1963, as famílias Freitas Azambuja e Fagundes da Costa chegaram a Pontes e Lacerda, e em 1965, os Barbosa e os Lemos. Todos vieram para abrir as matas e criar bovinos e cultivar lavouras nas fazendas formadas. Em 1967, a Família Podolan de Campo Mourão-PR instalou uma serraria de grande porte e construiu cerca de 50 casas para seus funcionários. Também construíram abrigo dos departamentos administrativos, máquinas, caminhões e equipamentos. Surgiu, assim, um novo núcleo populacional, localizado a 2 km da estação telegráfica. No mesmo período, chegaram os Timóteo Rodriguez de Cáceres-MT, os Bronski Afonso de Campo Mourão-PR, os Moreira Gomes de Dias de Souza, e os Libório do leste de Minas Gerais.

Nos anos seguintes, continua a migração para suprir a mão-de-obra para as diversas atividades regionais: extração da madeira, lavouras, serrarias, estabelecimentos comerciais, serviços gerais etc. Em 1971, a extinta Companhia Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso (CODEMAT) instalou um escritório no povoado para tratar a regularização fundiária urbana e rural. O responsável pelo estabelecimento era Moacir Ferreira da Silva.

Entre 1968 e 1978, chegam as famílias Francisco do Nascimento, Venâncio da Silva, Bento Neto, Reverdito, Mazui, Rodriguez, Queiróz da Silva, Rodrigues de Souza, Maldonado Roman, Gaspar, Ramos da Silva, Meira, Moura da Silva, Moralles, Alencar, Reis de Lima, Andrade, Rodrigues de Freitas, Garbim, Bezerra de Souza, Rangel Rolim, Souza Leandro, Batista, Euclides Chaves, Nogueira de Abreu, Rosa de Queiróz, Mazetti, Justino do Nascimento, Fernandes de Lima, Andrelino de Souza, Soares Dias, Antunes de Moraes, Carneiro, Tejada, Gajardoni e muitas outras, aumentando significativamente a população local.

Até 1976, Pontes e Lacerda era apenas um povoado pertencente ao município de Vila Bela da Santíssima Trindade, quando tornou-se um distrito desta naquele ano, através da Lei Estadual 3.813. Em 1977 é construído e inaugurado o hospital da Fundação Médica Assistencial do Trabalhador Rural de Pontes e Lacerda, tendo como médicos os Doutores Dauri Alves Mariano, Rubens Alves de Abreu e Carlos Alberto de Carvalho. Ainda em 1977 é inaugurada a primeira agência bancaria do extinto Banco Financial, tendo como gerente o Senhor Sebastião Procópio, chegando a cidade com esposa e família.

Em 1978, chegaram para nele trabalhar os médicos Dr. José Inácio Ribeiro e Dr. Gustavo Henrique Alves e as auxiliares de enfermagem Maria do Socorro e Maria dos Remédios.

Em 1979, foi criado o município de Pontes e Lacerda, incorporando parte do território de Vila Bela da Santíssima Trindade.

Geografia editar

 
margens do Rio Guaporé

O município de Pontes e Lacerda faz divisa com Conquista D'Oeste (a norte), Vale de São Domingos (a norte e a leste), Vila Bela da Santíssima Trindade (a sul e a oeste) e Porto Esperidião (a sul e a leste).

O território do município é caracterizado por planícies, o Planalto do Parecis, a Depressão do Guaporé e o Pantanal do Alto Guaporé. A região compõe o Vale do Guaporé, que é uma área de transição entre a Floresta Amazônica e o Cerrado. Os solos mais encontrados no território são o latossolo e o podzólico. A formação vegetal característica é de Floresta Estacional Semidecidual e de Cerrado.[8] Ficam em Pontes e Lacerda a maior parte do Parque Estadual Serra de Santa Bárbara (onde se situa o ponto mais alto do MT) e o Rio Guaporé (parte da Bacia Amazônica).[9]

O relevo local foi fortemente modificado pela atuação do garimpo.[9]

O clima é tropical úmido, com estação chuvosa e inverno seco. A temperatura média é de 25°C e a precipitação média é de 1500 mm. Desde janeiro de 2008, a menor temperatura foi de 7,2 °C (em 19 de julho de 2012) e a maior foi de 40,6 °C (em 2, 3 e 18 de setembro de 2015), a maior precipitação em 24 horas foi de 118,8 mm (em 30 de dezembro de 2008), e a menor umidade relativa do ar (URA) foi de 11% (em 19 de agosto de 2010).[10][11]

Dados climatológicos para Pontes e Lacerda
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima recorde (°C) 37,7 36,8 36,9 37,6 35,6 35,7 37,8 40,3 40,6 40,5 38,5 38,1 40,6
Temperatura mínima recorde (°C) 17 18,4 16 12,6 7,3 9,7 7,2 7,5 10,9 14,6 15,8 13,3 7,2
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (recordes absolutos de temperatura: 29/01/2008-presente)[10][11]

Política editar

O primeiro prefeito de Pontes e Lacerda foi Gercino Rodrigues de Souza, conduzido ao cargo através de nomeação e tomando posse em 14 de fevereiro de 1981.

Administração editar

Economia editar

No princípio da colonização, a economia de Pontes e Lacerda tinha como base a extração da poaia e de peles de animais silvestres. Do final da década de 1960 até a década de 1980, o foco esteve na extração de madeira, principalmente o mogno e a cerejeira. Nesse período, alguns madeireiros enriqueceram, compraram terras, bovinos e edificações. Já no final da década de 1980 e no início da década de 1990, a região foi alvo do garimpo do ouro.

Atualmente, Pontes e Lacerda tem como base a produção de leite e a criação de bovinos de corte, sendo o 4° município do MT em criação de gado (700.000 cabeças). Além disso, também é reconhecido pela produção de látex de seringueira (heveicultura), ovinocultura e piscicultura. Pontes e Lacerda tem dois frigoríficos de abate de bovinos e três laticínios, uma usina de biodiesel está para ser implantada.

Expoeste editar

Pontes e Lacerda é uma cidade de economia forte, que se destaca no agronegócio Brasileiro. Ocupa o quarto lugar na produção de bovino de leite e de corte no estado de Mato Grosso. É uma das maiores exportadoras de carne do Estado, e está entre as primeiras colocações no ranking de genética bovina do Brasil. Em meio ao agronegócio Pontes e Lacerda possui uma grande tradição: A Expoeste, maior evento social da cidade. Palco de grandes emoções e de grande reconhecimento nacional, o que dá o título ao município de “Capital do rodeio mato-grossense”.

Canais de TV editar

  • TV Cidade Verde - Canal 4 (Retransmissora da capital)
  • TV Centro Oeste - SBT - Canal 6 (TV Local)
  • TV Guaporeí - Rede Record - Canal 8 (TV Local)
  • TV Centro América - Rede Globo - Canal 10 (Retransmissora da capital)
  • TV Portal da Amazônia - RedeTV! - Canal 12 (TV Local)

Emissoras de Rádio editar

  • Continental FM de Pontes e Lacerda - 95,9
  • Rádio Comunitária Cidade FM - 104,90
  • Rádio Jornal FM 105,7

Operadoras de telefonia celular editar

  • VIVO
  • TIM
  • Claro
  • Oi

Agências bancárias editar

  • Caixa Econômica Federal
  • Bradesco
  • Banco do Brasil
  • SICOOB
  • Sicredi
  • Santander

Religião editar

Religião no Município de Pontes e Lacerda segundo o censo de 2010.[12]

Religião %
Catolicismo 54,5
Protestantismo 30,3
Outras 5,1
Sem religião 10,1

Ver também editar

Parque Estadual Serra de Santa Bárbara

Referências

  1. IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010 
  2. a b «Estimativa populacional 2020 IBGE». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 29 de agosto de 2018. Consultado em 16 de setembro de 2018 
  3. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  4. a b «Produto Interno Bruto de Pontes e Lacerda». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  5. Anna Maria Ribeiro Fernandes Moreira da Costa. «Senhores da Memória» (PDF). História no universo dos Nambiquara do Cerrado 
  6. Funai. «Terra Indígena de Sararé» 
  7. Assembleia Legislativa de Mato Grosso. «Salomé viabiliza verbas para Pontes e Lacerda». Notícias 
  8. Embrapa. «O Estado do Mato Grosso». Monitoramento por satélite 
  9. a b Seplan-MT. «Águas» (PDF). Fórum Regional de Desenvolvimento Sustentável 
  10. a b Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). «Banco de dados meteorológicos». Consultado em 20 de outubro de 2020 
  11. a b INMET. «Estação: PONTES E LACERDA (A937)». Consultado em 20 de outubro de 2020 
  12. cidades.ibge.gov.br https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mt/pontes-e-lacerda/pesquisa/23/22107?detalhes=true. Consultado em 25 de abril de 2019  Em falta ou vazio |título= (ajuda)

Ligações externas editar