Portalegre (Portugal)

município e cidade de Portugal

Nota: Para a cidade de nome similar no Sul do Brasil, veja Porto Alegre

Portalegre

Panorâmica da cidade vista da Capela do Calvário

Brasão de Portalegre Bandeira de Portalegre

Localização de Portalegre
Mapa
Mapa de Portalegre
Gentílico portalegrense
Área 447,14 km²
População 22 368 hab. (2021)
Densidade populacional 50  hab./km²
N.º de freguesias 7
Presidente da
câmara municipal
Fermelinda Carvalho (PPD/PSD.CDS-PP, 2021-2025)
Fundação do município
(ou foral)
1259
Região (NUTS II) Alentejo
Sub-região (NUTS III) Alto Alentejo
Distrito Portalegre
Província Alto Alentejo
Orago Santo António
Feriado municipal 23 de maio (elevação a cidade e a diocese)
Código postal 7300
Sítio oficial www.cm-portalegre.pt
Município de Portugal

Portalegre é uma cidade raiana portuguesa, no centro-sul de Portugal, capital do distrito de Portalegre, na região do Alentejo, sub-região do Alto Alentejo.

É a sede do município de Portalegre[1] com 447,14 km² de área,[2] que em 2021 tinha 22 368 habitantes (2021)[3] e que está subdividido em 7 freguesias.[1] O município é limitado a norte pelo município de Castelo de Vide, a nordeste por Marvão, a leste pela Espanha, a sul por Arronches e Monforte e a oeste pelo Crato.

É a capital de distrito com menos população em Portugal. Com 14 335 habitantes em 2021 no seu núcleo urbano, é a segunda maior cidade do seu distrito, a seguir a Elvas que tinha 16 084 habitantes no seu perímetro urbano no mesmo ano.[3]

Geografia editar

Embora a paisagem dos municípios a norte de Portalegre ainda seja tipicamente alentejana, com zonas relativamente planas alternando com colinas na maior parte dos casos relativamente baixas, Portalegre é frequentemente descrita como uma zona de transição entre o Alentejo mais seco e plano, e as Beiras, mais húmidas e montanhosas. A orografia é mais variada do que na generalidade do resto do Alentejo, o que contribui para que a paisagem tenha características peculiares.

A cidade encontra-se a uma altitude entre os 400 e 600 metros, na zona de transição entre a paisagem relativamente plana, mas com muitas colinas pouco elevadas a sul e oeste, e o sistema montanhoso da Serra de São Mamede, que a rodeia a norte, leste e sueste.

A geologia é variada, o que se traduz na variedade dos solos, existindo zonas de xistos, grauvaques, calcários e quartzitos.

As características únicas da paisagem, flora e fauna, estão na base da criação do Parque Natural da Serra de São Mamede, que integra uma parte considerável da área do concelho.

 
Panorama da cidade de Portalegre, no Alentejo

Freguesias editar

 
Freguesias do município de Portalegre

O município de Portalegre está dividido em 7 freguesias:[1]


História editar

Segundo uma lenda frequentemente referida, descrita por Frei Amador Arrais na sua obra Diálogos de 1589,[4] Portalegre teria sido fundada por Lísias no século XII a.C.,na sequência do desaparecimento da sua filha Maia. Esta passeava com Tobias quando é cobiçada por um vagabundo, Dolme, que a rapta e assassina Tobias. Lísias fica desesperado pelo desaparecimento da filha e vai à sua procura, acabando por por encontrá-la morta junto a um regato que hoje tem o nome de Ribeiro de Baco. Lísias virá a morrer de alegria quando julga ter visto a filha estender-lhe os braços. À cidade entretanto fundada foi dado o nome de Amaia (ou Ammaia). Lísias teria também construído uma fortaleza e um templo dedicado a Baco no local onde hoje se encontra a Igreja de São Cristóvão. Segundo Frei Amador Arrais, ainda existiam ruínas desse templo no século XVI.[5][6][7][8]

Acredita-se hoje que a lenda resultou de fantasias de alguma forma apoiadas na existência de uma lápide com uma dedicatória ao imperador romano Lúcio Aurélio (161-192), a qual foi provavelmente trazida das ruínas da cidade romana que se encontra em São Salvador da Aramenha, perto de Marvão, a qual é hoje comummente aceite com sendo a Amaia romana referida em várias fontes históricas. A localização desta e de outra cidade referida em fontes do período romano, Medóbriga, foi objecto de controvérsia até, pelo menos, ao princípio do século XX,[7] especulando-se até essa altura se existiria algum povoado antigo importante na zona actualmente ocupada pela cidade ou nas suas imediações.

 
Sede da Câmara Municipal de Portalegre

O nome de Portalegre terá origem em Portus Alacer (porto, ponto de passagem, e alacer, alegre), ou mais simplesmente Porto Alegre.[8][a]

É provável que no século XII existisse um povoado no vale a leste da Serra da Penha. O nome de Portalegre, onde uma das actividades importantes seria a de dar abrigo e mantimentos aos viajantes (daí o nome de porto, ponto de passagem ou abastecimento). Sendo o local aprazível (alegre), nomeadamente pelo contraste das suas encostas e vales verdejantes com a paisagem mais árida e monótona a sul e norte, a povoação prosperou e sabe-se que em 1129 era uma vila do concelho de Marvão, passando a sede de concelho em 1253, tendo-lhe sido atribuído o primeiro foral em 1259 por D. Afonso III, que mandou construir as primeiras fortificações, as quais não chegaram a ser completadas.[b] Juntamente com Marvão, Castelo de Vide e Arronches, Portalegre foi doada por D. Afonso III ao seu segundo filho, Afonso.[10]

O rei seguinte, D. Dinis, mandou edificar as primeiras muralhas em 1290, as quais ele próprio viria a cercar durante 5 meses em 1299, na sequência da guerra civil que o opôs ao seu irmão, que reclamava o trono alegando que D. Dinis era filho ilegítimo. Nesse mesmo ano, D. Dinis concederia a Portalegre o privilégio de não ser atribuído o senhorio da vila «nem a infante, nem a homem rico, nem a rica-dona, mas ser d’ el-Rei e de seu filho primeiro herdeiro».

Após D. Fernando ter morrido em 1383 sem deixar herdeiros masculinos, D. Leonor Teles assumiu a regência do Reino ao mesmo tempo que se amantizava com o Conde Andeiro, um fidalgo galego. Esta situação inquietou grande parte do povo, burguesia e uma parte da nobreza, pois temia-se que esta situação reforçasse as pretensões ao trono português de D. João I de Castela, o qual era casado com D. Beatriz, a filha de D. Fernando e D. Leonor. Esta crise dinástica, que envolveu uma guerra civil com contornos de guerra entre Portugal e Castela, viria a ficar conhecida como a Crise de 1383—1385. O partido mais forte de entre os que se opunham às pretensões ao trono de D. João de Castela e D. Beatriz apoiava a coroação do Mestre de Avis. Entre os nobres que apoiaram o Mestre de Avis contava-se Nuno Álvares Pereira, irmão do então alcaide de Portalegre, Pedro Álvares Pereira, Prior do Crato (líder da Ordem dos Hospitalários em Portugal), o qual era acérrimo partidário de D. Leonor. Esta posição do alcaide provocou a revolta do povo de Portalegre, que cercou o castelo e obrigou D. Pedro a fugir para o Crato. O ex-alcaide viria a morrer em 1385 na Batalha de Aljubarrota, onde combateu do lado contrário do seu irmão Nuno. A mãe dos irmãos Álvares Pereira, Fria Gonçalves, vivia nesse tempo no "Corro" (actual Praça da República).[10]

A vila foi crescendo em importância e em 21 de agosto de 1549 foi criada a Diocese de Portalegre, por bula do papa Paulo III, na sequência de diligências nesse sentido por parte do rei D. João III, que elevaria Portalegre a cidade a 23 de maio de 1550. A importância da cidade nessa época traduzia-se, por exemplo, no volume das receitas do imposto sobre as judiarias, o qual era semelhante ao do Porto, e só era ultrapassado pelo de Lisboa, Santarém e Setúbal. Era também um dos centros de indústria de tecidos mais importantes do país, juntamente com Estremoz e Covilhã.[10]

Portalegre torna-se capital do distrito homónimo aquando da formação dos distritos a 18 de julho de 1835.

Cronologia editar

  • Séc. XIII — A fortaleza é remodelada por D. Dinis; fundação do Convento de São Francisco.
  • 1259 — Possível concessão de foral por D. Afonso III.
  • 1376 — Fundado o Convento de Santa Clara.
  • 1387 — D. João I concede a Portalegre o título de "Leal", grato por a cidade se ter batido pela sua causa.
 
Gravura representando o cerco de Portalegre pelas tropas de Filipe V de Espanha, em 1704
  • 1511 — D. Manuel I concede novo foral à vila.
  • 1533 — D. João III torna-a sede de uma nova correição.
  • 1550 — Portalegre é elevada à categoria de cidade e a sede de nova diocese.
  • 1552 — Início da construção do Convento de Santo António.
  • 1556 — Início da construção da Sé Catedral.
  • 1605 — Os jesuítas instalam na cidade o Colégio de São Sebastião.
  • 1640 — Portalegre é uma das primeiras localidades do país a reconhecer a independência de Portugal.
  • 1683 — Foi fundado o Convento de Santo Agostinho
  • 1704 — Filipe V de Espanha conquista Portalegre durante a Guerra da Sucessão Espanhola.
  • 1772 — Por iniciativa do Marquês de Pombal, é fundada a Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre, popularmente conhecida como Fábrica Real, a qual é instalada no antigo Colégio jesuíta de São Sebastião.
  • 1801 — Portalegre é conquistada pelos espanhóis durante a Guerra das Laranjas.
  • 1808 — No decurso das invasões francesas Portalegre paga um pesado tributo imposto pelo general francês Loison ("o maneta".)
  • 1835 — Portalegre passa a capital de distrito na sequência da criação destas divisões administrativas.
  • 1848 — O industrial de cortiça inglês George Robinson instala-se em Portalegre; é plantado o famoso Plátano do Rossio.
  • 1947 — É criada a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre.[11]

Evolução da População do Município editar

Os Recenseamentos Gerais da população portuguesa, regendo-se pelas orientações internacionais da época (Congresso Internacional de Estatística de Bruxelas de 1853), tiveram lugar a partir de 1864.

De acordo com os dados do INE o distrito de Portalegre registou em 2021 um decréscimo populacional na ordem dos 11,5% relativamente aos resultados do censo de 2011. No concelho de Portalegre esse decréscimo rondou os 10.4%.

Número de habitantes★ [12]
1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2021
13 633 14 769 16 908 18 711 21 358 21 328 23 922 25 815 28 074 28 384 25 800 27 313 26 111 25 980 24 930 22 340

★Número de habitantes residentes, ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram

Número de habitantes por grupo etário ★★[13]
1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2021
0-14 anos 6 357 7 470 7 185 7 464 7 866 7 188 6 817 5 795 5 779 4 604 3 496 3 250 2 733
15-24 anos 3 540 3 812 4 045 5 164 5 047 5 489 4 795 4 060 3 915 3 726 3 515 2 366 2 205
25-64 anos 7 563 8 510 8 669 9 935 11 308 13 027 14 244 13 160 13 748 13 267 13 427 13 501 11 274
>= 65 anos 862 1 073 1 058 1 361 1 597 2 063 2 528 2 785 3 871 4 514 5 542 5 813 6 128

★★ De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente

Clima editar

Gráfico climático para Portalegre, Portugal
JFMAMJJASOND
 
 
110
 
11
6
 
 
96
 
13
6
 
 
63
 
15
8
 
 
78
 
17
8
 
 
68
 
20
11
 
 
32
 
25
14
 
 
7.5
 
30
17
 
 
8.5
 
30
17
 
 
42
 
26
16
 
 
98
 
20
13
 
 
115
 
15
9
 
 
136
 
12
7
Temperaturas em °CPrecipitações em mm

Fonte: Instituto de Meteorologia, IP Portugal[14]

Dados climatológicos para Portalegre, Portugal
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima recorde (°C) 20,4 22,5 25,5 29,6 32,3 39,4 40,4 39,1 39,5 31,0 25,7 23,2 40,4
Temperatura máxima média (°C) 11,4 12,6 15,4 16,5 20,0 25,4 29,8 29,7 26,2 19,9 15,0 12,2 19,5
Temperatura mínima média (°C) 5,7 6,2 7,6 8,2 10,6 14,4 17,3 17,2 16,1 12,5 9,1 6,8 11,0
Temperatura mínima recorde (°C) −4,5 −3,7 −2,8 −0,2 2,1 5,0 8,2 8,6 6,0 3,5 1,0 −1,1 −4,5
Precipitação (mm) 109,6 95,5 63,3 78,4 67,5 31,6 7,5 8,5 42,1 97,5 114,9 136,0 852,4
Fonte: Instituto de Meteorologia, IP Portugal[14]

O clima de Portalegre é mediterrânico e as temperaturas oscilam consideravelmente entre os meses mais quentes e os meses mais frios. As temperaturas, no Inverno, podem descer abaixo dos 0 °C e as temperaturas (máximas) no Verão podem atingir valores na casa do 38 °C/39 °C. As altas temperaturas ocorrem devido ao facto de esta cidade encontrar-se no Alentejo, a região mais quente de Portugal no Verão. As maior e menor temperaturas registadas em Portalegre no periodo 1971-2000 foram 40,4 °C e -4,5 °C. Porém,há registos de -8 °C em 1941 e 43,3 °C no mesmo ano.[15]

Monumentos e pontos turísticos editar

Museus editar

 
Museu da Cortiça

Castelos editar

Portas da antiga muralha editar

No passado existiam 7 portas (alguns estudiosos falam em 8), das quais só subsistem 5, nomeadamente:[16]

 
Porta de Alegrete, séc. XIII
  • Porta de Alegrete ou de São Francisco, conhecida hoje por Arco de Santo António, no extremo ocidental da Praça da República (antigo Corro) 39° 17' 24.8" N 7° 25' 50.9" O

Edifícios religiosos editar

Na cidade editar

 
Sé Catedral de Portalegre
 
Convento de São Bernardo
 
Capela do Calvário

Nos arredores ou freguesias rurais editar

Outros edifícios históricos editar

 
Palácio Amarelo e campanários da Sé
 
O Café Alentejano, um dos únicos cafés típicos que ainda subsistem na cidade

Fontes editar

A cidade de Portalegre e os seus arredores contam com mais de 30 fontes históricas. Até finais do século XIX, a água canalizada estava praticamente circunscrita às fontes, e só a partir dos anos 40 do século XX se pode falar de água canalizada ao domicílio. As fontes de Portalegre começam, por isso, por constituir um mobiliário urbano de características utilitárias.

Outros pontos com interesse histórico editar

Miradouros editar

  • Miradouro de Santa Luzia — Situado na Serra de Portalegre (679 m), na estrada para o Salão Frio, a norte da cidade. 39° 18' 16.4" N 7° 25' 25.5" O
  • Miradouro da Penha — Situado no adro de um capela do século XVII na encosta da Serra da Penha, a oeste da cidade.
  • Miradouro das Carreiras — Situado na povoação do mesmo nome, é um local panorâmico de grande beleza paisagística natural. Na freguesia das Carreiras existem também troços de calçada medieval que merecem ser visitados.
  • Cume da Serra de São Mamede — Situado a 1 025 m de altitude, é o ponto mais elevado de Portugal continental a sul do Tejo. Dali se avista a barragem da Apartadura, a vila de Marvão, a Serra da Estrela e parte da Estremadura espanhola.

Tradições e gastronomia editar

O concelho de Portalegre é muito rico em tradições. Existem diversas associações que se dedicam à preservação do património cultural local, nomeadamente trajes, gastronomia, folclore em geral, cantares tradicionais e formas de balhar (dançar). Ver Associações culturais e folclóricas.

Algumas das tradições populares:

  • Apanha da azeitona (no Outono)
  • Ceifa (do trigo e da cevada)
  • Desfile das Maias — desfile de meninas vestidas de branco adornadas de malmequeres, a 23 de maio, o dia da cidade.
  • Ida à espiga no dia da espiga (Quinta-feira da espiga ou da Ascensão)

O escritor José Régio, um apaixonado estudioso amador do folclore local e coleccionador de artsesanto popular, descreve em algumas das suas obras estas e outras tradições.

Artesanato editar

Há referências datadas de 1778 relativas ao artesanato alentejano que era vendido no mercado do Campo Grande de Lisboa. Das mãos sábias dos artesãos portalegrenses saíam candeias de ferro para os lagares, bonecas de trapos, toalheiros, aventais, "cadelas" de três pés,[c] colheres de pau de laranjeira delicadamente bordados à navalha, castanholas de madeira de influência espanhola, cochos,[d] tarros e córneas[e] para azeitonas.

Ver também Tapeçarias de Portalegre.

Doçaria conventual editar

Os conventos de Portalegre exerciam no passado grande influência sobre a vida da cidade, a qual chegou a ser conhecida como a "cidade dos sete conventos". Por esta razão, não é de estranhar que muitas sejam as receitas conventuais aqui existentes. A tradição de confecção de doces conventuais ainda está bem viva e tem origem principalmente nas receitas do Convento de Santa Clara e do Convento de São Bernardo, as quais são ciosamente respeitadas.

Tapeçarias de Portalegre editar

A Manufactura de Tapeçarias de Portalegre fabrica tapeçarias murais decorativas utilizando uma técnica totalmente manual única no mundo, baseada no chamado ponto de Portalegre, inventado por Manuel do Carmo Peixeiro, que se inspirou nas tapeçarias francesas de Roubaix e nas tradições da tecelagem da lã do interior do país, fortemente implantadas em Portalegre desde a Idade Média.

O ponto de partida de qualquer tapeçaria é uma obra de um pintor de renome, português ou estrangeiro, com o qual se estabelecem contratos relativos aos direitos de autor para a reciação em lã da obra.

O Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino tem em exposição diversas tapeçarias de Portalegre.

A Manufactura de Tapeçarias de Portalegre começou por ser instalada em 1947 no antigo convento e colégio jesuíta de São Sebastião, que no século XVIII foi convertida na Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre por ordem do Marquês de Pombal. Este edíficio é desde 2005 a sede da câmara municipal, tendo a manufactura sido transferida para um edifício junto ao convento de São Francisco.

Transportes editar

Existe um serviço municipal de transportes públicos coletivos rodoviários. Em 2014, um autarca do Barreiro considerou que este é um tipo de «serviço público raro, apenas existente em cinco concelhos no país».[f]

Meios de comunicação social editar

  • Jornal semanário Fonte Nova
  • Jornal semanário Alto Alentejo
  • Rádio Portalegre

Estabelecimentos de ensino editar

Portalegre é uma cidade onde a presença de estudantes é muito forte, já que três das quatro escolas que compõem o Instituto Politécnico de Portalegre se situam na cidade e têm cerca de 3 500 alunos, ou seja, mais de 20% da população permanentemente residente na cidade.

Política editar

Eleições autárquicas[18] editar

Data % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V Participação
PS PPD/PSD FEPU/APU/CDU CDS-PP GDUP AD PRD BE IND PSD/CDS CH
1976 43,78 3 25,37 2 13,46 1 12,15 1 1,46 -
69,94 / 100,00
1979 39,07 3 AD 17,45 1 AD 41,08 3
78,56 / 100,00
1982 44,92 3 14,27 1 37,48 3
77,10 / 100,00
1985 41,48 4 37,52 3 9,90 - 2,42 - 6,46 -
73,41 / 100,00
1989 40,52 3 45,07 3 11,50 1
68,57 / 100,00
1993 34,73 3 49,55 4 7,18 - 5,69 -
69,06 / 100,00
1997 42,20 3 35,03 3 15,41 1 4,13 -
64,13 / 100,00
2001 40,67 3 42,47 3 10,93 1 3,02 -
64,76 / 100,00
2005 18,80 1 64,54 6 10,45 - 1,92 - 1,20 -
65,58 / 100,00
2009 37,59 3 42,14 3 12,58 1 3,27 - 1,97 -
64,15 / 100,00
2013 23,89 2 CDS-PP 17,51 1 PPD/PSD 0,85 - 42,44 4 10,60 -
59,95 / 100,00
2017 28,89 2 13,15 1 18,22 1 4,21 - 0,93 - 31,60 3
63,19 / 100,00
2021 25,35 2 CDS-PP 6,56 - PPD/PSD 0,41 - 25,12 2 38,39 3 1,95 -
64,92 / 100,00

Eleições legislativas editar

Data %
PS CDS PSD PCP UDP AD APU/

CDU

FRS PRD PSN B.E. PAN PSD
CDS
L CH IL
1976 46,91 18,77 12,29 11,73 0,93
1979 37,49 AD AD APU 1,27 37,35 17,88
1980 FRS 0,45 38,65 13,87 40,35
1983 48,33 9,41 22,97 0,47 14,68
1985 28,33 5,88 25,60 0,80 12,13 22,45
1987 31,45 3,06 44,54 CDU 0,38 9,38 6,29
1991 37,88 3,47 45,90 6,79 0,70 1,46
1995 52,46 7,40 29,62 0,49 6,26 0,39
1999 50,45 7,10 29,36 7,79 0,10 1,88
2002 44,65 6,85 38,42 5,18 1,95
2005 53,43 4,85 27,07 5,68 5,03
2009 36,30 9,07 31,28 6,31 11,25
2011 28,11 11,73 41,79 6,68 4,45 0,64
2015 40,52 PSD CDS 6,51 9,79 1,06 34,22 0,44
2019 43,35 3,76 25,59 5,70 8,02 1,77 0,68 2,90 0,61
2022[19] 44,55 1,43 32,53 3,88 2,74 0,82 0,77 8,29 2,33

Personalidades ilustres ligadas a Portalegre editar

  • Cristóvão Falcão — Poeta e diplomata oriundo de uma família nobre com raízes em Portalegre, supõe-se que possa ter nascido na cidade em ano incerto (1512-1518). Morreu entre 1555 e 1557. A sua obra mais conhecida é Crisfal.
  • José Duro (Portalegre, 1875 – Lisboa, 1899) — Poeta decadentista.
  • José Francisco Trindade Coelho (Mogadouro, 1861 – Lisboa, 1908) — Escritor, jornalista, magistrado e político. Foi delegado do Procurador Régio em Portalegre, onde fundou dois jornais — O Comércio de Portalegre e a Gazeta de Portalegre.
  • José Frederico Laranjo (Castelo de Vide, 1846 – Lisboa, 1910) — Jurista, economista, professor universitário e político. Foi director do jornal O Distrito de Portalegre.
  • Benvindo Ceia (Portalegre, 1870 – Lisboa, 1941) — Pintor de pintura decorativa.
  • Adolfo Augusto Juzarte Rolo, 1° Visconde dos Cidraes (Marvão, 1850 -Portalegre, 1918) - Político, médico, juiz, governador civil, professor e director do jornal A Folha Portalegrense.
  • José Régio (Vila do Conde, 1901 – Vila do Conde, 1969) — Professor, poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, fundador da revista Presença e colaborador da Seara Nova. De seu nome próprio , José Maria dos Reis Pereira, foi professor de Português no então Liceu Nacional de Portalegre (actual Escola Secundária Mouzinho da Silveira) de 1928 a 1967. Um dos seus poemas mais famosos é a Toada de Portalegre. Na sua casa está actualmente o Casa Museu José Régio, onde além da mobília e objectos pessoais, estão expostas as suas extensas colecções de antiguidades, arte e artesanato popular.
  • João Luís Carrilho da Graça (Portalegre, 1952) — arquitecto premiado de renome internacional.
  • Artur Ramadas (Portalegre, 1935) — Realizador.
  • Carlos Garcia de Castro (1934–2016) — Professor e poeta
  • Júlio Miranda Calha (1947–2020) — Professor, deputado, presidente da Assembleia Municipal de Portalegre, Secretário de Estado

Cidades gémeas editar

A cidade de Portalegre tem acordos de geminação com as seguintes cidades:

Notas editar

  1. No seu livro Tratado da Cidade de Portalegre, o Padre Diogo Pereira Sotto Maior (século XVI) relata: «Dizem que esta cidade foi primeiro situada em ũas vendas que estavam por cima dos Portelos, junto à ermida de San Bartolomeu e contra a Porta da devesa que se chamavam as Vendas dos Portelos e que daqui tomou depois o nome de Portalegre…E porque sua vista é alegre e aprazível aos olhos de quem nele os punha, vieram chamar-lhe porto alegre, donde depois vem a chamar-se Porto alegre, derivado de Portelos.»[9]
  2. Admite-se que a torre ou atalaia que domina a cidade, conhecida pelo nome de "Atalaião", seja um pouco anterior à fortificação de D. Afonso III.[10]
  3. "cadela" de três pés: banco feito a partir de um corte numa pernada de árvore.
  4. cocho: espécie de alguidar em cortiça.
  5. córnea: recipiente feito de corno de bovino com tampa de cortiça usado no Alentejo para transporte de azeitonas em conserva.
  6. Braga, Aveiro, Coimbra, Portalegre, e Barreiro.[17]

Referências editar

  1. a b c «Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I.» (PDF). Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013. 28 de janeiro de 2013 
  2. «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013». Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Instituto Geográfico Português. Direção-Geral do Território. 2013. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013 
  3. a b «Censo 2021». Instituto Nacional de Estatística. censos.ine.pt. Consultado em 12 de dezembro de 2021 
  4. Arrais, Frey Amador. «Diálogos». books.google.pt. Consultado em 12 de novembro de 2009 
  5. Frey Amador Arrais citado por Tavares, Maria de Lourdes C., Municipium de Ammaia, Património Romano no Nordeste Alentejano.
  6. «História de Portalegre». Portalegre Distrito Digital. Consultado em 12 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 12 de novembro de 2009 
  7. a b Tavares, Maria de Lourdes C.; José M. Da Costa Têso. «Municipium de Ammaia, Património Romano no Nordeste Alentejano». cienciasdonossotempo.no.sapo.pt. Consultado em 12 de novembro de 2009. Arquivado do original em 12 de novembro de 2009 
  8. a b Pires, Filipe (9 de setembro de 2009). «A origem do nome "Portus Alacer"». Atlético Clube Portus Alacer. Consultado em 12 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 12 de novembro de 2009 
  9. Sotto Maior, Diogo Pereira, Tratado da Cidade de Portalegre, século XVI
  10. a b c d Ventura, António (9 de setembro de 2009). «As origens da cidade de Portalegre». Câmara Municipal de Portalegre. Consultado em 12 de novembro de 2009. Arquivado do original em 12 de novembro de 2009 
  11. «Cronologia». Câmara Municipal de Portalegre. Consultado em 20 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 20 de novembro de 2009 
  12. «Produtos/Publicações». www.ine.pt. Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 9 de agosto de 2019 
  13. «Censos 2011». Instituto Nacional de Estatística. censos.ine.pt. Consultado em 9 de agosto de 2019 
  14. a b «Normais Climatológicas de Portalegre (1971-2000)». www.meteo.pt. Instituto de Meteorologia, IP Portugal. Consultado em 1 de março de 2010. Cópia arquivada em 3 de março de 2010 
  15. «Instituto Português do Mar e da Atmosfera» 🔗. Consultado em 19 de setembro de 2021 
  16. «Portas da Cidade». Câmara Municipal de Portalegre. Consultado em 20 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 20 de novembro de 2009 
  17. «Transportes Coletivos do Barreiro preocupa PS: Socialistas estão contra qualquer tipo de privatização dos TCB». Agência de Notícias. www.adn-agenciadenoticias.com. 21 de novembro de 2014 
  18. «Concelho de Portalegre : Autárquicas Resultados 2021 : Dossier : Grupo Marktest - Grupo Marktest - Estudos de Mercado, Audiências, Marketing Research, Media». www.marktest.com. Consultado em 22 de dezembro de 2021 
  19. «Eleições Legislativas 2022 - Portalegre». legislativas2022.mai.gov.pt. Consultado em 25 de dezembro de 2023 
  20. «Protocolo de Geminação» (PDF). CM Portalegre. Consultado em 14 de novembro de 2013. Cópia arquivada em 15 de novembro de 2009 
  21. «Capital convidada para Conferência das Cidades Irmãs». Prefeitura de Porto Alegre. portoalegre.rs.gov.br. 2 de outubro de 2009. Consultado em 8 de julho de 2014. Cópia arquivada em 16 de novembro de 2012 
  22. a b c «Geminações de Cidades e Vilas». Associação Nacional de Municípios. Consultado em 15 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 15 de novembro de 2009 
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Ligações externas editar

 
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