Rafeiro do Alentejo

 Nota: Para o cão mais velho da história, veja Bobi.

O rafeiro-do-Alentejo,[1] também chamado de mastim português ou mastim do Alentejo, é uma antiga raça canina originária da região alentejana de Portugal, utilizada como cão de guarda de rebanhos bovinos.

Rafeiro do Alentejo
Rafeiro do Alentejo
Um rafeiro do Alentejo macho
Nome original Rafeiro do Alentejo
Outros nomes Mastim do Alentejo, mastim português
País de origem Portugal Portugal
Características
Classificação e padrões
Federação Cinológica Internacional
Grupo 2
Seção 2.2 - Molossoides Tipo Montanha
Estalão ##96 - 26 de maio de 1982
Outro rafeiro do Alentejo

Aparência editar

O rafeiro do Alentejo é uma das maiores raças portuguesas e das mais bonitas. As fêmeas têm entre 64 a 70 cm e os machos vão desde os 66 até aos 74 cm. O peso varia em torno entre os 35 e os 45 kg nas fêmeas e entre os 40 e os 50 kg nos machos.

O rafeiro do Alentejo é um molosso, de grande porte, forte e com aspecto rústico. A cabeça lembra a de um urso, com uns maxilares fortes e musculosos. O nariz é largo e escuro. Os olhos são escuros e de olhar suave e as orelhas triangulares e pendentes. O pescoço é curto e forte.

O corpo do rafeiro do Alentejo é mais comprido do que alto. Os membros são musculosos e têm um pelo mais macio. A cauda é comprida e curva na extremidade.

O pêlo desta raça é de preferência de tamanho médio, mas também pode ser curto. Espesso e liso, o pelo distribui-se de forma equalitária pelo corpo. Pode ser visto nas cores preta, lobeira, fulva ou amarela. São permitidas malhas brancas ou nas outras cores aceites. Os padrões raiado, riscado e tigrado também são aceites.

História editar

O rafeiro do Alentejo é uma raça antiga da região do Alentejo. Como a maioria dos mulossos europeus, acredita-se que tenha descendido dos cães corpulentos do Ribatejo ou do Tibete.

A chegada dos cães à Península Ibérica não é conhecida, pois eles podem ter vindo com alguns nómadas na pré-história, ou que tenham sido trazidos pelos romanos quando governou a região. Muitas vezes supõe-se que a raça esteja relacionada com o mastim tibetano, mas nenhuma prova disso existe. Talvez no futuro, evidências de ADN vai provar quando os cães chegaram e qual a sua ancestralidade é, mas por agora não há nenhuma prova, apenas lendas, conjeturas e especulações.

O que se sabe é que esta raça tem sido usado para mover os ovinos das montanhas do norte de Portugal para o planalto do Alentejo e de volta para a montanha (transumância). Devido às mudanças na agricultura e na pecuária, e da eliminação de predadores de grande porte, a raça deixou de ter uso económico e começou a declinar. Os criadores, no entanto, têm sido capazes de manter a raça viva, embora, em Portugal, ainda é considerada "vulnerável".[2]

Acredita-se que o rafeiro do Alentejo tenha sido difundida durante a época dos Descobrimentos, sobretudo pelos pescadores que visitavam regularmente a Terra Nova. É com base nesta teoria que se defende que o Rafeiro do Alentejo seja um dos antepassados do Cão da Terra Nova, o Newfoundland.

Sabe-se que o nome “rafeiro do Alentejo” é utilizado desde o fim do século XIX. A designação vem provavelmente da concepção que a população fazia do cão: um cão rafeiro que era comum na região.

Apesar da antiguidade desta linha, o rafeiro do Alentejo teve de esperar até meados do século XX para se ver livre da classificação de rafeiro. Ironicamente, o nome escolhido para a raça acabou por ser o nome colocado pela população. Em 1940, foi realizado um censo por dois cinófilos, António Cabral e Filipe Romeiras, para tentar determinar o número de Rafeiros do Alentejo existiam na região. Este foi o ponto de partida para a realização do estalão e o reconhecimento da raça pelo FCI que veio em 1967. O Rafeiro do Alentejo é reconhecido pela Fédération Cynologique Internationale, junto com outras raças portuguesas (o Cão da Serra da Estrela e o Cão de Castro Laboreiro), no grupo 2 e secção 2. A "Associação dos Criadores Do Rafeiro do Alentejo" é o clube oficial desta raça em Portugal.[3]

Contudo o reconhecimento da raça não proporcionou a popularidade que se esperava para o rafeiro do Alentejo. O número de exemplares chegou mesmo a diminuir nas décadas seguintes. O êxodo rural e a desertificação do interior não ajudaram esta raça rústica que no início da década de 1980 via os seus exemplares reduzidos ao mínimo desde que começou a ser contabilizado o número de cães desta raça.

Hoje em dia, o rafeiro do Alentejo é um cão popular em Portugal, com registos anuais entre 200 e 500 exemplares, conforme os anos, e é mais frequentemente mantido como companheiro e cão de guarda.

Temperamento editar

O rafeiro do Alentejo não é um cão para um dono inexperiente. Sendo um cão de guarda é bastante territorial e agressivo para com estranhos que entram na sua propriedade. Por isso é indispensável que o seu raio de acção esteja bem delimitado e o terreno bem vedado. O ladrar é a primeira forma de defesa do território. A sua voz é grave e audível a grandes distâncias. É um cão de defesa, só atacando perante a percepção de ameaça.

Por ser um excepcional cão de guarda, defende com coragem o terreno e a família, estando especialmente atento durante a noite.

O rafeiro do Alentejo é um animal calmo, seguro de si com um carácter nobre e digno. Extremamente leal, é especialmente paciente com crianças. Gosta da atenção da família, mas recusa-se a aprender truques sem utilidade no seu trabalho. É bastante eficaz no gasto de energia e tentará ao máximo poupá-la para a sua actividade de guarda. Devido à sua rapidez é também utilizado na caça grossa.

Em casa, é bastante calmo e dócil. A raça amadurece bastante tarde apenas por volta dos quatro anos. Convive com outros animais, desde que estes tenham sido apresentados desde cedo.

Saúde editar

Estima-se que a raça tem a esperança média de vida de 10 a 14 anos.

Poucos dados existem para problemas de saúde desta raça. No entanto, tal como na generalidade dos cães de grande porte , a displasia da anca é uma preocupação.[4]

O pelo curto a médio do Rafeiro do Alentejo não exige muita manutenção. Escovagens semanais são suficientes para manter o pelo bem tratado. O rafeiro do Alentejo muda de pelo duas vezes por ano, necessitando de escovagens mais frequentes nestas alturas para remover os fios caídos. As otites também poderão ser um problema nesta raça, por isso recomenda-se cuidados redobrados na higiene das orelhas.[5]

O banho deve ser dado apenas quando necessário, uma vez que a água e os produtos destroem a camada oleosa de proteção da pele dos cães.

Ver também editar

  • Bobi – cão Rafeiro do Alentejo mais velho da história

Referências

  1. Infopédia. «rafeiro-do-alentejo | Definição ou significado de rafeiro-do-alentejo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 25 de novembro de 2021 
  2. «Associação Dos Criadores Do Rafeiro Do Alentejo». Menos de 5.000 fêmeas é considerada vulnerável, a estimativa é de 1700 Rafeiros do Alentejo, em 2002. Rafeirodoalentejo.net. Arquivado do original em 23 de outubro de 2008 
  3. «Clubes filiados do Clube Português De Canicultura». Cpc.pt 
  4. «Problemas de saúde da raça» (em inglês). Scamperingpaws.com 
  5. «Conheça o Rafeiro do Alentejo: Nobre, leal e dócil - O Meu Animal». O Meu Animal. 5 de março de 2018 

Ligações externas editar