Rapsódia Portuguesa

filme de 1959 dirigido por João Mendes


Rapsódia Portuguesa (1959) é um filme português realizado por João Mendes, com argumento de Fernanda de Castro, ideia de António Ferro e narração de Pedro Moutinho. O filme, produzido pelo Secretariado Nacional de Informação, esteve em competição no Festival de Cannes em 1959 e venceu nesse ano a medalha de prata no Festival Internacional de Cinema Documental e Curtas Metragens de Bilbao.

Rapsódia Portuguesa
Portugal Portugal
1959 •  preto e branco •  86 min 
Género documentário
Direção João Mendes
Roteiro Fernanda de Castro
Lançamento 30 de Março de 1959
Idioma português

Fernanda de Castro escreveu em Ao Fim da Memória que António Lopes Ribeiro foi o primeiro realizador a ser contactado para fazer o filme, mas depois, António Ferro morre e o "(...) projecto foi por água abaixo (...) O filme, contudo, acabou por se fazer. Dois anos depois da morte do meu marido, fui procurada por Filipe de Solms, que se propunha a produzi-lo, confiando a sua direcção a João Mendes."

Rapsódia Portuguesa foi também o primeiro filme português feito em cinemascope.

Sinopse editar

Trata-se de um filme que retrata costumes e práticas religiosas ancestrais do povo português do Norte ao Sul do país. Este documentário insere-se numa linha etnográfica e antropológica, recolhendo imagens reais e espontâneas combinadas com pequenos apontamentos montados para a câmara. O resultado é um testemunho valiosíssimo dos costumes e da vida portuguesas antes do impacto da industrialização, da urbanização e da modernidade, uma radiografia da vida rural tal como era vivida desde o século XIX, com a sua imensa variedade de ofícios e fainas agrícolas, fluviais e marítimas das comunidades do interior e das ribeirinhas, retratando poeticamente as figuras do sargaceiro, do pescador da Nazaré, do campino, as festas sazonais, os cânticos do trabalho e os do lazer, etc. Especial destaque para o valor dramático das cenas noturnas da "encomendação das almas".

A obra foi acusada de projectar uma imagem que acompanha o discurso oficial do regime e a ideologia dominante, omitindo, por conseguinte, a verdadeira face da ruralidade, isto é, o seu dilema entre um discurso oficial conservador, ruralista, bucólico e passadista, na linha de um Júlio Dinis, e o impacto sobre o 'país real' do acelerado desenvolvimento industrial no Portugal do pós-guerra, sobretudo a partir dos anos 50, com as consequentes migrações massivas para os centros urbanos e para o exterior, que acabariam por pauperizar e desertificar o hinterland português. Servido por uma narração inteligente e cúmplice, no pólo oposto ao de um carpir neo-realista, o filme de Fernanda de Castro cumpriu plenamente o seu desígnio de se constituir em hino ao Portugal que desaparecia.

Elenco editar

Dados técnicos editar

Festivais editar

  • Festival de Cannes 1959 (Filme em competição)
  • Festival Internacional de Cinema Documental e Curtas Metragens de Bilbao, tendo sido galardoado com a medalha de prata.

Ver também editar

Ligações externas editar

  • [1] (Rapsódia Portuguesa, no Festival de Cannes de 1959).