Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana

O Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana, conhecido pela sigla IBCP, é uma instituição de investigação biomédica e prestação de serviços especializados nas ciências e tecnologias da saúde, em especial nos campos da saúde pública, tendo-se especializado nos domínios da microbiologia clínica e verificação de produtos biológicos, com destaque para o estudo da difteria, e das afecções causadas por estreptococos (estreptococias). O IBCP é actualmente um estabelecimento da Universidade de Lisboa, dependente directamente da Reitoria, com autonomia administrativa e financeira, funcionando em estreita ligação com a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, sem prejuízo de eventual colaboração com outras instituições[1].

Origem editar

O Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana resulta do desenvolvimento do Instituto Bacteriológico de Lisboa, uma instituição dedicada à microbiologia médica criado em Lisboa a 29 de Dezembro de 1892 como serviço especializado do Hospital de São José, tendo como finalidade principal a efectivação de análises bacteriológicas e o tratamento preventivo da raiva humana utilizando o método de Pasteur. O Instituto Bacteriológico deveu-se à iniciativa do médico e pioneiro da bacteriologia Luís da Câmara Pestana, que foi o seu primeiro director, tendo como médico auxiliar Aníbal de Bettencourt.

Instalado numa dependência do Hospital de São José, em 9 Março de 1895 foi autonomizado, tomando a designação de Real Instituto Bacteriológico de Lisboa. Foram então definidas como principais objectivos a vacinação anti-rábica, a preparação de soros antitóxicos para o tratamento da difteria, do tétano e outras doenças infecciosas, acompanhar os progressos da ciência microbiológica e reduzir os encargos económicos com a importação de vacina e soros.

A partir de Fevereiro de 1897 o Real Instituto Bacteriológico publicou um periódico médico intitulado Archivos de Medicina, inicialmente dirigido por Luís da Câmara Pestana e secretariado por Aníbal Bettencourt, tendo como colaboradores, entre outros, os bacteriologistas Francisco Stromp e Francisco Xavier da Silva Teles.

Em 1899 o Real Instituto Bacteriológico de Lisboa foi transferido para um edifício próprio, o edifício que actualmente ocupa, tomando o nome de Real Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana, em homenagem ao seu fundador, falecido nesse mesmo ano. A importância do Instituto é atestada pelo topónimo Rua do Instituto Bacteriológico atribuído à rua onde tem a sua sede[2].

Com a implantação da República Portuguesa e a criação da Universidade de Lisboa, em 1911 o Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana foi anexo à Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, situação que manteve até 1989, quando a publicação dos Estatutos da Universidade de Lisboa o fez transitar para a dependência directa da reitoria daquela instituição. Os actuais estatutos foram publicados no Diário da República, n.º 41, II Série, de 18 de Fevereiro de 1998.

Desenvolvimento institucional editar

Durante muitas décadas, o IBCP foi o laboratório produtor da vacina antituberculose (BCG) e entidade coordenadora da vertente humana da luta anti-rábica em Portugal, desenvolvendo acções no campo da saúde pública, particularmente nos domínios da difteria, estreptococias, microbiologia clínica e verificação de produtos biológicos.

Depois de uma década de indefinição, a partir de 2008 a maior parte do edifício da Instituto Bacteriológico foi entregue à Universidade Nova de Lisboa, que aí instalou um centro de investigação biomédica, e as principais actividades do IBCP passaram para o campus do Hospital de Santa Maria. Com esta mudança, o Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (IBCP) termina um período em que funcionou praticamente sem actividade[3]. O novo IBCP será construído no campus de Santa Maria e vai redefinir a missão do Câmara Pestana, que será centrada em questões de microbiologia, mas com ligações muito fortes ao Instituto de Biologia Molecular da Universidade de Lisboa[4].

Notas

Ligações externas editar