Regimento de Infantaria N.º 14


O Regimento de Infantaria N.º 14 (RI14), com a denominação histórica de Infantes de Viriato, é uma unidade da Estrutura Base do Exército, do Exército Português aquartelada na cidade de Viseu. O Regimento, apesar de ser uma unidade com administração própria, é subordinado operacionalmente a uma Brigada. Comandado por um Coronel, o seu efetivo pode chegar perto de 500 homens. Possui um Estado-Maior composto pelas Secções de Pessoal, Operações, Informações e Segurança e Secção de Logística para auxiliar e aconselhar o Comandante. Tem também uma Companhia de Comando e Serviços com a missão de armazenamento, fornecimento, manutenção e conservação das instalações, viaturas e outros meios e equipamentos. Atualmente o regimento tem como encargo operacional o de organizar, treinar e manter um dos Batalhões de Infantaria da Brigada de Intervenção. – o 2º Batalhão de Infantaria Mecanizado de Rodas.

Regimento de Infantaria N.º 14
País Portugal Portugal
Corporação Exército Português
Missão Defesa Nacional.

Aprontar o 2ºBIMecRodas, apoio ao desenvolvimento e bem-estar da população.

Sigla RI14
Criação 1657
Lema "Cuja Fama Ninguém Virá Que Dome"
Cores Prata, Vermelho e Negro.
História
Condecorações MHA
MHL
Comando
Comandante Coronel Infantaria - Luís Falcão Escorrega
Sede
Página oficial https://www.exercito.pt/pt/quem-somos/organizacao/ceme/cft/brigint/ri14

A alusão a Viriato prende-se com a lenda de que este guerreiro lusitano terá nascido ou combatido pelas terras de Viseu. A figura histórica de Viriato, pela sua garra, tenacidade e força combativa transversal à “raça forte da beira”, é tido como patrono do Regimento, sendo os militares que ali prestaram serviço conhecidos como “viriatos”.

O RI14 tem 182 000 m2, e desses 182 mil, 82 mil metros quadrados são de área coberta. Este quartel de área coberta tem 21 edifícios, 6 deles são casernas, 1 é o edifício principal, o pavilhão desportivo, a Enfermaria, o refeitório, uma carreira de tiro de 25 m, a casa da guarda, o local de transmissões, a arrecadação, a mecânica, a pintura e a lavagem de viaturas. Tem 6 campos de treino onde se pratica a ginástica militar. O Regimento de Infantaria nº 14 tem participado recentemente com militares em Missões de Treino Manutenção de Paz em vários teatros de Operações, como o Afeganistão, Kosovo, Iraque, República Centro-Africana e Timor.

História editar

A origem do RI14 remonta ao ano de 1657. Se em termos numéricos descende do Terço do Algarve (posteriormente Regimento de Infantaria de Tavira e Regimento de Infantaria n.º 14) mais tarde sediado em Viseu herdará muito do Terço de Almeida (1642) e Terço de Penamacor (1642) – que eram Unidades que após a independência de 1640 foram colocadas junto da fronteira para defender a região da Beira Alta e ambas recrutavam nas comarcas de Viseu, Guarda e Castelo Branco - Século XVII.
Com a reforma de 24 de novembro de 1707, os antigos Terços passam a denominar-se Regimentos e a designarem-se pelo apelido do mestre de campo ou terra onde se encontrava o quartel permanente. Em 1762, o Regimento de Penamacor, foi desdobrado formando os Regimentos de Luís de Vasconcelos de Almeida Castelo-Branco e de Dennis Foulis, sendo novamente reagrupado em 1763. Na mesma data, o Regimento de Almeida foi desdobrado, formando os Regimentos de Fernando da Costa de Ataíde e de Francis Mac-Lean, sendo reagrupado em 1763.

Ainda em 1762 e de igual modo, surge naturalmente o Regimento de Infantaria de Faro que foi desdobrado nos 1.º e 2.º Regimentos de Infantaria de Faro, sendo reagrupado igualmente em 1763. A 7 de dezembro de 1796 este Regimento viria a dar origem ao Regimento de Infantaria de Tavira - Século XVIII.

Por organização de 1806, os Regimentos são numerados e dão origem aos Regimentos de Infantaria n.º 11 (Penamacor), Regimento de Infantaria n.º 23 (Almeida) e Regimento de Infantaria n.º 14 (Tavira). Assim, a partir de 1806, o RI14 adota a atual designação.

O RI11, RI14 e RI23, tal como as restantes do Exército, são extintos por ordem de Junot em 22 de dezembro de 1807, mas restabelecidas e reorganizadas em 1808 por William Carr Beresford, Marechal Comandante em Chefe do Exército luso-britânico, sendo os 3 Regimentos mandados reunir em Viseu, Tavira e Lamego, respetivamente - Século XIX.

Em 28 de novembro de 1842, resultante da nova reorganização, o BI24, criado em 1837 e que no ano anterior tinha sido transferido de Viana do Castelo para Viseu, passou a designar-se por Regimento de Infantaria N.º 14 (RI14) e desde esta data, o mesmo manteve sempre o seu quartel em Viseu.

Em 1911, o QG da 2.ª Divisão continua em Viseu e compreende, entre outras, as seguintes Unidades:

  • Regimento de Infantaria N.º 14 – Viseu;
  • Regimentos de Artilharia N.º 7 – Viseu;
  • Regimento de Cavalaria N.º 7 – Nelas;

Atualmente, além da atividade operacional que desenvolve através do seu 2BIMecRodas, desempenha ainda uma série de outras missões de interesse público, como são exemplo, os apoios às autoridades de Proteção Civil e Autarquias, no âmbito dos planos nacionais de ações de prevenção e de combate a incêndios e de prevenção e mitigação dos efeitos de outras catástrofes naturais.

 
Porta de Armas do Quartel dos Terceiros (Viseu)
 
Quartel da Ribeira (Viseu)


Ao longo da sua História o RI14 tornou-se num dos quartéis mais prestigiados do Exército Português participando em quase todas as suas campanhas.

A 19 de março de 1918, foi efetuado um raid sobre as linhas alemães a partir do sector de Neuve-Chapelle, realizado pela 1.ª Companhia do BI 14, de Viseu, sob o Comando do Capitão Vale de Andrade. Depois de um longo bombardeamento sobre as linhas inimigas, o ataque teve início à 1h da manhã A Companhia rastejou durante 3 horas pela “Terra de Ninguém “até que efetuou o assalto final às trincheiras alemãs. Houve uma luta intensa, mas conseguiram ter pleno êxito. Regressaram às linhas portuguesas com cinco prisioneiros, trazendo como troféus duas metralhadoras e diversas armas ligeiras.

 
Capitão Vale de Andrade (atual designação da parada do RI14)

Por este ato heroico foi condecorado com a Cruz de Guerra de 1.ª Classe o atual Estandarte Nacional do RI14 e passou a ser adotada esta data para assinalar o Dia comemorativo do Regimento.

Em 9 de abril de 1918 ocorreu o combate em Eton e Charter House.

Cronologia editar

1657 Terço do Algarve ou Terço de Faro.
1707 Terços passam a Regimentos - Regimento Infantaria de Faro.
1806 Regimento Infantaria de Tavira passa a Regimento Infantaria Nº14.
1841 O BI24 transfere-se para a cidade de Viseu.
1842 O BI24 é transformado no Regimento de Infantaria Nº14.
1845 - 1847 O RI14 participa nas campanhas de Revolta da "Maria da Fonte" ao lado das forças fiéis ao governo.
1914 - 1918 O RI14 participa na 1ª Guerra Mundial enviando um Batalhão para Angola que participa em Vários combates, destacando-se na defesa de Naulila, e um outro para França integrando no corpo Expedicionário Português, que combate na frente ocidental.
1940 - 1944 Por ocasião da 2ª guerra mundial o RI14 organiza dois batalhões expedicionários, sendo um enviado para os Açores e outro para Angola.
1951 Ocupou as atuais instalações (10 de JULHO - "Dia dos Viriatos").
1961 - 1975 O RI14 participa nos três Teatros de Operações da Guerra do Ultramar mobilizando vários batalhões e companhias independentes de caçadores, bem como pelotões de morteiros e de canhões sem recuo.
1977 O RI14 passa a denominar-se Regimento de Infantaria de Viseu.
1993 A Unidade designa-se de Regimento de Infantaria N.º 14.

Batalhas e Guerras editar

1810 Batalha do Buçaco. Guerras Peninsulares

(1807 - 1814)

1811 Sitio de Olivença - 1.º Sitio de Badajoz - Batalha de Albuera - 2º Sitio de Badajoz.
1812 3º Sitio de Badajoz - Defesa do Tormes.
1813 Batalha de Vitória - Bloqueio de Pamplona - Combates de Porto e Maia - Combate de Porto e Ariete.
1813 Batalha dos Pirenéus - Combate de Banca - Batalha di nivelle - Batalha do Nive.
1814 Combate de Sauvaterre - Batalha de Orthez - Combate do Aire - Combate de Tarbes - Batalha de Toulouse.
1914 Sul de Angola. 1ªGuerra Mundial

(1914 - 1918)

1918 Flandres.
1940 - 1944 Organizou e destacou dois batalhões expedicionários, um destinado a Angola, onde cumpriu uma missão de serviço, destacamentos em Nova Lisboa, Benguela, Lobito e Luanda. 2ªGuerra Mundial

(1939 - 1945)

1952 Goa (Índia). Defesa da Índia Portuguesa.
1961 - 1963 Angola – Guine – Moçambique. Guerra do Ultramar.
1964 - 1967 Angola.

Missões sob a égide das Nações Unidas e NATO editar

  • 2001 – TIMOR LESTE - Operação de apoio à paz, no âmbito da ONU - UNTAET, com o 2.º Batalhão de Infantaria constituído por 952 homens (o maior empenhamento exterior das Forças Armadas portuguesas desde o 25 de abril de 1974) e teve como missão principal acompanhar as primeiras eleições livres naquele território e garantir a segurança das populações (2BI/BLI/UNTAET).
  • 2002/2003 - BÓSNIA-HERZEGOVINA - O 2.º Batalhão de Infantaria participou neste conflito, no âmbito da NATO - SFOR, com cerca de 320 homens (2BI/BLI/SFOR).
  • 2005 – KOSOVO -  O 2.º Batalhão de Infantaria participou neste conflito, no âmbito da NATO, com cerca de 297 homens (2BI/BLI/KFOR).
  • 2007 – KOSOVO - O 2.º Batalhão de Infantaria participou neste conflito constituindo neste caso a força de reserva do Comandante da Força da NATO – KFOR (2BI/BRIGINT/KFOR).
  • 2009 - AFEGANISTÃO - Aprontamento do 4.º Módulo de Apoio às Forças Nacionais Destacadas, junto da International Security Force (ISAF) e que integrou militares do RI14.
  • 2010 - AFEGANISTÃO - O RI14 constituiu-se como Unidade primariamente responsável pelo aprontamento do 6.º Módulo de Apoio e da 6.ª Operational Mentor and Liaison Team de Guarnição e, posteriormente, pelo Treino Conjunto do Contingente Nacional para a ISAF.
  • 2013 - KOSOVO - O RI14, no âmbito da NATO regresa ao Kosovo para participar na KFOR Tactical Reserve Manoeuvre Batallion (KTM), com o Comando e Estado-Maior, uma Companhia de Manobra e parte de uma Companhia de Comando e Serviços, tendo um efetivo de 173 militares.
  • 2014 - O RI14 recebeu ordem da Brigada de Intervenção para organizar e aprontar, de 01Jan15 a 31Dec15, o 2BIMecRodas/NRF2016 para, no âmbito das NATO Response Forces 2016, ser atribuído à IRF/NRF 2016, garantindo a manutenção em stand by, de 01Jan16 a 31Dec16, e em stand down, de 01Jan17 a 31Dec17.
  • 2017 - LITUÂNIA - O Regimento projetou uma Unidade Escalão Companhia para a Lituânia, no âmbito das Assurance Mesures com 118 militares.
  • 2018 - AFEGANISTÃO - Foi projetada para este Teatro de Operações uma Unidade constituída por 160 militares.
  • 2019 - AFEGANISTÃO – Foi projetada para este Teatro de Operações uma Unidade Escalão Pelotão, constituída por 54 militares e um Oficial de Ligação, aprontados no Regimento de Cavalaria N.º 6.
  • 2020 - AFEGANISTÃO – Foi projetada para este Teatro de Operações uma Unidade Escalão Pelotão, constituída por 54 militares e um militar que integra o NSE.

Coleção Visitável editar

 
Bandeira Regimental, bordada e oferecida ao RI14 por Sua Majestade a Rainha D. Amélia.


No RI14 está implementada uma Coleção Visitável que redimensiona a História do Exército desde as Guerras Peninsulares passando pela 1.ª Guerra Mundial, Guerra de África e Forças Nacionais Destacadas até à atualidade. Neste espaço pode-se ainda ver uma breve história do Regimento de Infantaria N.º 14, como foi fundado e como veio a permanecer no local onde está situado. Existem ainda vários objetos de interesse para ver desde:

  • Vários tipos de fardamento e a sua evolução ao longo do tempo;
  • Armamento e equipamento;
  • Bandeiras, guiões e algumas fotografias antigas.


Simbologia e Alusão das Peças editar

  • No escudo, a PRATA enlaça a "humildade" – dos meios disponíveis – com a "esperança" – na inventiva do homem das serranias – em alcançar a "vitória", simbolizada no VERMELHO do sangue que escorre das cabeças decepadas das águias.
  • ANELETES"virae" em latim – recordam a forma como os romanos identificavam VIRIATO, a quem se referiam denominando-o por "o que usa braceletes".
  • Cinco CABEÇAS DE ÁGUIA, decepadas em sinal de derrota das forças romanas, invocam as vitórias de VIRIATO sobre os cinco pretores que venceu antes de, pela traição, ser abatido.
  • TOURO, alude a VISEU porque perpetua a recordação do ardil de guerra com que os lusitanos desbarataram as forças de CAIO NIGIDIO que, encurraladas na cava – hoje designada de VIRIATO – debandaram em pânico quando sobre elas carregou em tropel uma manada de trezentos touros enlouquecidos pelo aguilhão de varas de ferro aquecidas ao rubro.
  • VIRIATOS inscreve no brasão o tradicional grito de guerra da unidade.

OS ESMALTES SIGNIFICAM:

  • A PRATA: humildade e esperança;
  • O VERMELHO: vitória;
  • O NEGRO: constância e firmeza.

Hino do Regimento de Infantaria Nº14 editar

Catorze de Infantaria

Ó meu querido Regimento

Tu és aquela magia

Que dobra o meu valimento

Estribilho

Unidos na mesma fé

No mesmo amor fraternal

Iremos todos até

 

Onde mandar Portugal

Estribilho

Contigo marcho contente

Erguendo a tua Bandeira

No braço firme e valente

Da raça forte da Beira

Estribilho

Avante como Soldados

A Pátria chama por nós

Defender os bens sagrados

Que vêm dos nossos Avós

Condecorações editar

Direito Próprio
Medalha de Ouro Cidade de Viseu. (1998)
 
Cruz de Guerra de 1.ª Classe, concedida à Companhia do Batalhão de Infantaria n.º 14 / RI14 (1918, França).
 
A 25 de Abril de 2000 foi feito Membro-Honorário da Ordem da Liberdade.
 
A 5 de Março de 2012 foi feito Membro-Honorário da Ordem Militar de Avis.
Herança Histórica
Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, concedida à 3.ª Bateria / 2.º Grupo de Metralhadoras (1914-15, Sul de Angola – Destacamento do Cuamato).
 
Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, concedida ao Batalhão de Infantaria n.º 23 /RI23 (1918, França).
 
Cruz de Guerra de 1.ª Classe, concedida à 1.ª Bateria / 2.º Grupo de Metralhadoras (1915, Sul de Angola – Destacamento de Cuanhama).
 
Cruz de Guerra de 1.ª Classe, concedida ao Batalhão de Infantaria n.º 35 /RI35 (1918, França).
 
Cruz de Guerra de 1.ª Classe, concedida ao 5.º Grupo de Metralhadoras (1918, França).
 
Cruz de Mérito de Guerra Italiana, concedida ao Batalhão de Infantaria n.º 23 /RI23  (1918, França).
 

Quartel dos Viriatos editar

O Quartel dos Viriatos, ou seja, as atuais instalações do RI14, foram inauguradas no dia 10 de julho de 1951, efetuando-se a sua comemoração anual, destinada ao convívio entre os atuais e antigos militares e funcionários civis.

 

Este dia é especialmente dedicado a lembrar e unir os militares e civis que servem atualmente e serviram ao longo dos anos no RI14, neste dia proporcionam- se condições que avivem recordações e contribui- se para a fomentação e a união e espírito de corpo.

Atualidade editar

 
Escudo do 2º Batalhão de Infantaria Mecanizada de Rodas

Desde dezembro de 2020 o RI14 é comandado pelo Coronel de Infantaria José Manuel dos Santos Sá.

 
Coronel de Infantaria José Manuel dos Santos Sá

O 2º Batalhão de Infantaria Mecanizado de Rodas leva a cabo o seu treino Operacional participando em diversos exercícios nacionais e estrangeiros (no âmbito da NATO) e apronta atualmente militares para o Teatro de Operações do Afeganistão.

O Exército Português tem contribuído ativamente no combate, sensibilização e controlo da propagação do novo Coronavírus – SARS-CoV 2. Nomeadamente o Regimento de Infantaria nº14 concorreu para a missão do Exército no levantamento, treino e projeção de equipas de desinfeção e sensibilização. Numa operação de grande envergadura, o RI14cumpriu a sua parte formando 269 membros da comunidade escolar, em 8 Agrupamentos de escolas pertencentes a 5 Concelhos dos Distritos de Viseu e Guarda.e parte das de Coimbra e Castelo-Branco na realização de limpeza e desinfeção de espaços e superfícies. (138 escolas).

Também foi responsável pela sensibilização e formação dos funcionários, guardas e reclusos nos procedimentos de limpeza de desinfeção no interior dos Estabelecimentos Prisionais.

Ligações externas editar

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