Robert Mapplethorpe

fotógrafo norte-americano

Robert Mapplethorpe (Floral Park, 4 de novembro de 1946Boston, 9 de março de 1989) foi um fotógrafo estadunidense, conhecido pela sensibilidade no tratamento de temas controversos e no uso do preto e branco na fotografia. Seu trabalho abrangia uma variada gama de interesses, indo de retratos de celebridades, nu artístico, auto-retratos e imagens de flores. Seu trabalho mais controverso foi com o cenário underground BDSM do final dos anos 1960 e começo dos anos 1970, na cidade de Nova York. As cenas eróticas entre casais homossexuais esquentaram o debate sobre o financiamento público de artistas tidos como controversos.[1]

Robert Mapplethorpe
Nascimento 4 de novembro de 1946
Floral Park, Nova York,, Estados Unidos
Morte 9 de março de 1989 (42 anos)
Boston, Massachusetts, Estados Unidos
Nacionalidade Estados Unidos Estadunidense
Alma mater Pratt Institute
Ocupação Fotógrafo
Página oficial
mapplethorpe.org

Biografia editar

Vida pessoal editar

Robert nasceu em Floral Park, no Queens, filho de Joan Dorothy (Maxey) e Harry Irving Mapplethorpe, um engenheiro eletricista.[2] Seu pai tinha ascendência britânica, irlandesa e alemã, tendo crescido dentro do catolicismo. Robert tinha cinco irmãs e irmãos.[1] Ingressou no Pratt Institute, no Brooklyn, para estudar Artes Gráficas,[3] mas largou a faculdade em 1969, antes de se formar. Robert passou a morar com uma amiga de longa data, Patti Smith, de 1967 a 1972, que apoiava sua arte e com quem manteve uma longa amizade.[1]

Suas primeiras fotografias foram tiradas no final dos anos 1960 e começo dos anos 1970, com uma câmera Polaroid. Em 1972, conheceria Sam Wagstaff, curador de arte que se tornaria seu mentor e companheiro. Nos anos 1970, Wagstaff comprou uma câmera Hasselblad, mais profissional que a anterior, e começou a tirar fotos de seu círculo de amigos e conhecidos, como artistas, compositores, músicos e socialites. Neste período, ele ficaria amigo de George Dureau, artista de Nova Orleans, cujo trabalho teve profundo impacto sobre Mapplethorpe, a ponto de refazer diversas de suas fotografias sob a orientação de Dureau.[1]

De 1977 a 1980, Robert começou teve um relacionamento com Jack Fritscher, editor da revista Drummer Magazine,[4] que o levou para conhecer o Mineshaft, um badalado clube da comunidade gay de Nova York.[3] Na década de 1980, Robert começou a trabalhar com o nu artístico feminino, com flores e retratos formais de celebridades e artistas. Seu primeiro estúdio foi aberto na Bond Street, número 24, em Manhattan.[5] Em 1988, com o auxílio de Patricia Morrisroe, começou a escrever sua biografia, com mais de 300 entrevistas com celebridades, críticos, ex-namorados e com o próprio Mapplethorpe.[3]

 
O estúdio de Mapplethorpe no número 24 da Bond Street, em Manhattan

Morte editar

Robert Mapplethorpe faleceu na manhã de 9 de março de 1989, aos 42 anos, devido à complicações decorrentes do vírus HIV, em um hospital de Boston, Massachusetts. Seu corpo foi cremado e as cinzas enterradas no Cemitério St. John's, no Queens, distrito novaiorquino onde nasceu, junto de sua mãe.[1]

Cerca de um ano antes de sua morte, já doente, Robert criou a Fundação Robert Mapplethorpe Inc., cujo objetivo era o de propagar seu trabalho, sua visão criativa e promover causas com as quais ele se preocupava.[6] Desde sua morte, a fundação funciona não apenas como uma promotora de sua arte, mas também para levantar e doar milhões de dólares para fundos de pesquisas médicas empenhadas em desvendar e combater o vírus HIV e a AIDS.[6] É de sua responsabilidade também determinar em quais galerias seu trabalho será apresentado e o teor da exposição.[7] Todo o acervo de Robert foi doado pela fundação para a Getty Research Institute, com trabalhos indo dos anos 1970 até 1989.[1][3][6][8]

Arte editar

Seu trabalho era principalmente conduzido em seu estúdio, quase que exclusivamente em preto e branco, com exceção de um trabalho posterior, já próximo de sua morte, a exposição "New Colors". Mesmo tendo um grande interesse em variados temas, foi na arte erótica, que Robert se destacou, tendo considerado alguns de seus próprios trabalhos como pornográfico,[5] mas com a preocupação de não chocar o espectador.[9] Ele explorava o erotismo de várias maneiras, desde a subcultura do BDSM da cidade até o retrato de nus artísticos femininos e masculinos. Muitas vezes também participava das cenas retratadas.[1][5]

Outros interesses eram em flores, especialmente orquídeas, crianças, estátuas e celebridades, como Andy Warhol, Louise Bourgeois, Deborah Harry, Richard Gere, Peter Gabriel, Grace Jones, Amanda Lear, Laurie Anderson, Joan Armatrading e Patti Smith. Patti Smith, inclusive, contratou Robert para retratar a capa do álbum Horses, o primeiro de Patti.[10]

Leia também editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Robert Mapplethorpe

Ligações externas editar

Referências

  1. a b c d e f g Stephen Bayley (ed.). «Robert Mapplethorpe: bad boy with a camera». The Spectator. Consultado em 8 de abril de 2017 
  2. «Mapplethorpe, Robert» 
  3. a b c d Grace Glueck (ed.). «Fallen Angel». The New York Times. Consultado em 8 de abril de 2017 
  4. Jack Fritscher, Gay San Francisco: Eyewitness Drummer, San Francisco, Palm Drive Publishing, 2008, ISBN 1890834386, p. 473, Jackfritscher.com, retrieved September 29, 2014.
  5. a b c Morrisroe, Patricia. Robert Mapplethorpe: a biography. New York: Random House, 1995. pgs. 297, 126 ISBN 0-394-57650-0
  6. a b c Mapplethorpe Foundation (ed.). «The Robert Mapplethorpe Foundation». Mapplethorpe Foundation. Consultado em 8 de abril de 2017 
  7. Duray, Dan. «Mapplethorpe Estate to OHWOW in Los Angeles». Observer.com. The New York Observer. Consultado em 8 de abril de 2017 
  8. «Robert Mapplethorpe Archive». Getty Research Institute. Consultado em 8 de abril de 2017 
  9. Arthur Coleman Danto and Mapplethorpe, Robert. Mapplethorpe. New York: Random House, 1992. Print. pg 326
  10. Thorgerson, Storm; Aubrey Powell (novembro de 1999). 100 Best Album Covers: The Stories Behind the Sleeves 1st American ed. [S.l.]: Dorling Kindersley. 74 páginas. ISBN 0-7894-4951-X