Sítio arqueológico de Monte Novo do Castelinho

vestígios do império romano
 Nota: Não confundir com os sítios arqueológicos de Mesas do Castelinho, igualmente situado em Almodôvar, do Monte dos Castelinhos, em Vila Franca de Xira, ou do Moinho do Castelinho, na Amadora.

O Sítio arqueológico de Monte Novo do Castelinho é um conjunto de vários vestígios do período romano, no Município de Almodôvar, em Portugal, que inclui um povoamento, uma barragem e duas necrópoles.

Sítio arqueológico de Monte Novo do Castelinho
Construção Período romano
Geografia
País Portugal Portugal
Coordenadas 37° 32' 17.64" N 8° 8' 33.52" O
Mapa
Localização do sítio em mapa dinâmico

Descrição editar

O Monte Novo do Castelinho 1 refere-se a uma barragem, que consiste num aterro de planta rectilínea, construído em terra e pequenos blocos de pedra.[1] A estrutura está parcialmente destruída, tendo sobrevivido uma parte de altura inferior a um metro, e uma base com cerca de onze metros de espessura.[2] Quando foi construída, teria um comprimento de cerca de 56 m.[2] Terá sido construída para abastecer de água uma plantação, embora também pudesse ser usada para abastecer a povoação próxima, uma vez que parte dela estava situada a jusante da barragem, numa cota mais baixa,[1] no sentido Sul.[3]

O povoado de Monte Novo do Castelinho, oficialmente denominado de Monte Novo do Castelinho 2 e classificado como um habitat, é composto por uma plataforma com várias partes de muros e morouços em blocos de pedra aparelhados, principalmente de xisto.[2] No local foram descobertos muitos fragmentos de cerâmica romana, principalmente de construção, como tégulas e ímbrices, e um tijolo de quadrante.[3] Devido à ausência de vestígios típicos de edifícios monumentais, pode-se concluir que o complexo romano provavelmente não seria uma villa.[2]

Os sítios do Monte do Castelinho 3 e 4 referem-se a necrópoles nas proximidades da barragem e do povoado. A terceira tem uma área de dispersão de cerca de 2500 m², sendo composta por várias sepulturas com vestígios dos ritos funerários de inumação e icineração.[4] A icineração dos cadáveres foi comprovada pela presença de uma grande quantidade de cinzas e carvões no local.[3] As sepulturas estavam principalmente cobertas por uma mistura de blocos de xisto de várias dimensões, tendo algumas delas sido igualmente tapadas por lajes de grauvaque e tégulas.[4] Numa delas foi encontrada uma laje de grandes dimensões com Escrita do sudoeste, provavelmente da Idade do Ferro, que terá sido reaproveitada pelos habitantes romanos para cobrir a sepultura.[4] Na segunda necrópole foram recolhidas vários vestígios do período romano, nomeadamente uma taça em terra sigillata hispânica, um prego, parte do bordo de um pequeno recipiente de forma fechada e do gargalo de um unguentário, e várias peças em vidro, incluindo um recipiente e diversos fragmentos de vidro.[5]

Nas proximidades foi encontrada uma outra necrópole da Idade do Ferro e da época romana, a Necróple da Atafona.[6]

História editar

Ocupação original editar

Segundo os vestígios de cerâmica encontrados no local, o sítio terá sido ocupado durante a época romana.[2] A necrópole do terceiro sítio poderá ter sido utilizada entre os séculos II e IV d.C..[4]

 
Mapa da Península Ibérica durante o período romano.

Redescoberta editar

Os sítios do Monte Novo do Castelinho 1 e 2 foram alvo de trabalhos de prospecção em 1993 e 1999.[2][1]

No Verão de 1997, Rui Cortes, estudante de arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que estava no concelho de Almodôvar a fazer trabalhos de cartografia arqueológica, alertou que tinham sido encontrados vestígios durante trabalhos agrícolas, perto da barragem romana.[3] Uma equipa de arqueólogos, composta por Carlos Fabião, Amílcar Guerra, Teresa Laço, Samuel Melro e Ana Cristina Ramos foi ao local nos finais de Julho, tendo encontrado um grande conjunto de sepulturas romanas, muitas delas danificadas pelas obras de revolvimento do solo.[3] Em seguida, a equipa contactou o Instituto Português de Arqueologia, para pedir autorização no sentido de realizar uma intervenção de emergência, de forma a avaliar o estado de destruição dos vestígios, e a autarquia de Almodôvar, para informar o proprietário e pedir-lhe autorização para fazer os trabalhos arqueológicos.[3] O instituto autorizou rapidamente a intervenção, tal como o dono dos terrenos, Duarte António Dias, que afirmou desconhecer ali a presença de vestígios antigos, enquanto que a autarquia de Almodôvar tratou dos contactos e organizou os meios necessários para as obras arqueológicas.[3] Estes foram feitos em Setembro desse ano, coordenadas pela equipa original e por Alexandra Pires, e teve a participação de vários estudantes que estavam a trabalhar nas escavações no Povoado das Mesas do Castelinho, igualmente situado no concelho de Almodôvar.[3] Até 1998, tinham sido encontradas doze sepulturas, algumas delas já muito danificadas.[3] No sítio da necrópole, identificado como Monte Novo do Castelinho 3, foram feitas obras de escavação em 1998, prospecção, escavação, relocalização e identificação em 1999, escavação em 2000 e 2001, e de prospecção em 2009.[4] Por seu turno, a necrópole do Monte Novo do Castelinho 4 foi descoberta durante as obras de escavação da primeira necrópole, em 1998.[5]

Ver também editar

Referências

  1. a b c «Monte Novo do Castelinho 1». Portal do Arqueólogo. Consultado em 15 de Setembro de 2019 – via Direcção Geral do Património Cultural 
  2. a b c d e f «Monte Novo do Castelinho 2». Portal do Arqueólogo. Consultado em 15 de Setembro de 2019 – via Direcção Geral do Património Cultural 
  3. a b c d e f g h i FABIÃO, Carlos; et al. (1998). «Necrópole romana do Monte Novo do Castelinho (Almodôvar)» (PDF). Revista Portuguesa de Arqueologia. Volume 1 (1). p. 199-220. Consultado em 15 de Setembro de 2019 – via Direcção-Geral do Património Cultural 
  4. a b c d e «Monte Novo do Castelinho 3». Portal do Arqueólogo. Consultado em 15 de Setembro de 2019 – via Direcção Geral do Património Cultural 
  5. a b «Monte Novo do Castelinho 4». Portal do Arqueólogo. Consultado em 15 de Setembro de 2019 – via Direcção Geral do Património Cultural 
  6. «Monte da Atafona 1». Portal do Arqueólogo. Consultado em 15 de Setembro de 2019 – via Direcção Geral do Património Cultural 


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