Sarrasine é uma novela escrita em 1830 pelo autor francês Honoré de Balzac contada em primeira pessoa. "Pertence, por um lado às obras em que o escritor investigava os segredos da criação artística e da intensidade com que os grandes artistas vivem e se consomem […]; por outro lado, ao grupo em que o romancista, desejoso de incluir em seu painel todas as manifestações da paixão humana, enfrentava vícios e depravações de que pouco se falava na literatura e que nem por isso deixavam de existir."[1]

Sarrasine
Autor(es) Honoré de Balzac
Idioma Francês
País  França
Série Scènes de la vie Parisienne
Editora La Revue de Paris
Lançamento 1830
Cronologia
Facino Cane
Pierre Grassou

Enredo editar

Por volta da meia-noite durante um baile, o narrador está sentado discretamente a uma janela, admirando o jardim. Ele ouve as conversas dos convidados sobre as origens da riqueza do dono da mansão, o conde de Lanty. Há também a presença de um velho desconhecido na casa, a quem a família era estranhamente dedicada, e que assustava e intrigava os convidados da festa. Quando o homem senta-se ao lado da convidada do narrador, a Sr.ª De Rochefide, ela o toca, e o narrador a retira às pressas do aposento. Este diz que sabe quem é o homem e promete contar sua história na noite seguinte.

Na noite seguinte, o narrador conta à sra. De Rochefide sobre Ernest-Jean Sarrasine ("Ernesto João", na edição brasileira organizada por Paulo Rónai), um menino entusiasmado e artístico, que depois de ter problemas na escola tornou-se um prodígio no ateliê do escultor Bouchardon. Sarrasine torna-se um jovem talentoso e, após uma de suas esculturas ganhar uma competição, ruma para Roma, onde ouve uma ópera e se encanta com Zambinella. "Admirava naquele instante a beleza ideal cujas perfeições buscara, até então, aqui e acolá, na natureza." Apaixona-se pela cantora, indo a todas as suas apresentações e criando um molde de argila dela. Depois de passar um tempo com ela numa festa, Sarrasine tenta seduzir Zambinella. Ela é reticente, sugerindo algum segredo ou perigo oculto. “E se eu não fosse mulher?”, ela pergunta. Sarrasine fica cada vez mais convencido de que Zambinella é a mulher ideal e desenvolve um plano para sequestrá-la de uma festa na embaixada francesa. Quando Sarrasine chega, Zambinella está vestida de homem. Sarrasine fala com um cardeal, que é o protetor de Zambinella, e é informado de que a "cantora" é um castrato. "Não sabe, acaso, por que criaturas são desempenhados os papéis femininos nos Estados Pontifícios? Fui eu, senhor, que dotei Zambinella de sua voz." Sarrasine se recusa a acreditar no cardeal e sai da festa, sequestrando Zambinella. Uma vez em seu ateliê, fica confirmado que Zambinella não é mulher. Sarrasine está prestes a matar Zambinella quando um grupo de homens do cardeal chega e o abate com três golpes de estilete.

O narrador então revela que o velho na casa é Zambinella, tio-avô materno de Marianina, filha do conde. A história termina com a Sr.ª De Rochefide expressando sua aflição com o relato que acabou de ouvir: "Paris é uma terra hospitaleira; acolhe tudo: as fortunas vergonhosas e as fortunas ensanguentadas. O crime e a infâmia[2] têm direito de asilo, só a virtude não tem aqui altares."

Referências

  1. Paulo Rónai, Prefácio de Sarrasine.
  2. "Infância" na edição organizada por Paulo Rónai, em grave erro de tradução.

Ligações externas editar

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