A semiótica social, por vezes também denominada sociossemiótica,[1] é uma abordagem que investiga práticas humanas de "fazer significar" em circunstâncias sociais e culturais específicas, tentando explicar a criação de significados a partir da prática social. A semiótica, tal como originalmente definida por Ferdinand de Saussure, é "a ciência da vida dos signos em sociedade". A semiótica social se expande sobre as ideias fundadoras de Saussure explorando as implicações do fato de que os "códigos" de linguagem e comunicação são formados por processos sociais. A implicação crucial aqui é que os significados e os sistemas semióticos são moldados pelas relações sociais e que, à medida que o poder se desloca na sociedade, nossas línguas e outros sistemas de significados socialmente aceitos podem e devem mudar.

A semiótica social é, portanto, o estudo das dimensões sociais dos significados e também o estudo do poder dos processos de significação e interpretação humanos na formação de indivíduos e sociedades. Ela centra-se nas práticas sociais de criação de significados de todos os tipos, sejam eles visuais, verbais ou aurais[2]. Esses diferentes sistemas para a construção de significados, ou os possíveis "canais" (e.g. discurso, escrita, imagens) são conhecidos como modos semióticos. Modos semióticos podem incluir recursos comunicativos como os visuais, verbais, escritos, gestuais ou musicais - isto é, a comunicação pode ser multimodal.[3]

Michael Halliday e a semiótica social na linguagem editar

O linguista Michael Halliday introduziu o termo semiótica social em linguística, quando ele usou a frase no título de seu livro, Language as Social Semiotic (sem tradução em português)[4]. Este trabalho argumenta contra a tradicional separação entre língua e sociedade, e exemplifica o início de uma abordagem "semiótica", o que amplia o foco sobre a linguagem escrita em linguística. Para Halliday, as línguas evoluem como sistemas de "significados em potencial"[4] ou como conjuntos de recursos que influenciam o que o orador pode fazer com a linguagem em um determinado contexto social. Por exemplo, para Halliday, a gramática da língua inglesa é um sistema organizado para os três seguintes objetivos, que ele chama de metafunções:

  • Facilitar certos tipos de relações sociais e interpessoais (interpersonal),
  • Representar ideias sobre o mundo (ideacional), e
  • Conectar essas ideias e interações com textos e torná-las relevantes para o seu contexto (textual).[4]

Qualquer frase em inglês é composta como uma música,  com uma parte de seu significado advinda de uma das três metafunções. Bob Hodge generaliza os ensaios de Halliday [5] sobre a semiótica social em cinco premissas:[6]

  1. "A língua é um fato social' (1978:1)
  2. "Nós não iremos compreender a natureza da linguagem se buscarmos apenas os tipos de pergunta sobre ela que são formuladas por linguistas' (1978:3)
  3. 'A linguagem é como é por conta das funções que esta desenvolveu para servir à vida das pessoas' (1978:4).
  4. A linguagem tem "metafunções", que, em inglês são: ideacionais ('sobre algo'), interpessoais ("fazer algo") e textuais ('o potencial do falante de construir um texto") (1978:112).
  5. A linguagem constitui-se como 'uma rede discreta de opções" (1978:113)

Fontes editar

  • Halliday, M. A. K. (1978). Language as social semiotic: The social interpretation of language and meaning. Maryland. University Park Press.
  • Hodge, R. and G. Kress. (1988). Social Semiotics. Cambridge: Polity
  • Kress, G., and Van Leeuwen, T. (1996). Reading Images: The Grammar of Visual Design. London: Routledge.
  • Kress, G. and Van Leeuwen, T. (2001). Multimodal Discourse: The Modes and Media of Contemporary Communication. Arnold: London.
  • Randviir, A. (2004). Mapping the World: Towards a Sociosemiotic Approach to Culture. (Dissertationes Semioticae Universitatis Tartuensis 6.) Tartu: Tartu University Press.
  • Thibault, P.J. (1991). Social semiotics as praxis: Text, social meaning making, and Nabokov's Ada. Minneapolis: University of Minnesota Press.
  • Van Leeuwen, T. (2005). Introducing Social Semiotics. New York: Routledge.

Referências editar

  1. Lima-Lopes, Rodrigo Esteves de; Lima-Lopes, Rodrigo Esteves de (março de 2018). «Escolhas tradutórias como sistemas representacionais: um estudo dos processos no conto "Amor" de Clarice Lispector». DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada. 34 (1): 17–39. ISSN 0102-4450. doi:10.1590/0102-445075861735715629 
  2. Thibault, P.J. (1991). Social semiotics as praxis: Text, social meaning making, and Nabokov's Ada. Minneapolis: University of Minnesota Press.
  3. Kress, G. and Van Leeuwen, T. (2001). Multimodal Discourse: The Modes and Media of Contemporary Communication. Arnold: London.
  4. a b c Halliday, M. A. K. (1978). Language as social semiotic: The social interpretation of language and meaning. Maryland. University Park Press.
  5. Review of Language as Social Semiotic: The Social Interpretation of Language and Meaning by M. A.K. Halliday, reviewer: Greg Urban, University of Texas at Austin, American Anthropologist, New Series, Vol. 83, No. 3 (Sep., 1981), pp. 659-661, Blackwell Publishing on behalf of the American Anthropological Association https://www.sas.upenn.edu/~gurban/pdfs/reviews/Urban-Language_as_Social_Semiotic.pdf
  6. Social Semiotics - Semiotics Encyclopedia Online, E.J. Pratt Library, Victoria University, Canada.
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