Sofia ou a Educação Sexual

filme de 1973 dirigido por Eduardo Geada

Sofia e a Educação Sexual (1973) é um filme português de longa-metragem de Eduardo Geada. Divide-se em três partes: 1) Iniciação, 2) Prática, 3) Recapitulação.

Sofia e a Educação Sexual
Portugal Portugal
1973 •  pb •  101 min 
Género drama social
Direção Eduardo Geada
Roteiro Eduardo Geada
Elenco Io Apolloni
Luísa Nunes
Artur Semedo
Idioma português

Estreia em Lisboa no cinema Estúdio 444, então gerido por Almeida Faria (Doperfilme), a 1 de Outubro de 1974.

Sinopse editar

Regressada de um colégio na Suíça, após a morte da mãe, Sofia instala-se numa “villa” que a família tem em Cascais. Descobre que seu pai, Henrique, dada a relação que tem com a amante Laura, leva uma vida social complexa, egoísta e hipócrita. Percebe então que não pode escapar a um destino que desconhecia. (Fonte: O Cais do Olhar de José de Matos-Cruz, ed. Cinemateca Portuguesa, 1999, pp 154–155).

Enquadramento histórico editar

«É o primeiro filme do crítico e comentador de cinema Eduardo Geada. Nele domina a crítica da sociedade portuguesa, visando a alta burguesia, numa visão de esquerda crua e inflamada. A outra ousadia consiste em pôr a nu os preconceitos sexuais que o regime fascista cultivava: desmontando-os, despindo o corpo feminino, erotizando-o, dando a ver o que as roupagens cinzentas de anos e anos de repressão teimavam em esconder.»

«O regime reage castrando: primeiro ordenando cortes naquilo que se exibe e depois mutilando por inteiro. O filme não vê a luz do dia. Apesar de certos sinais de abertura à liberdade de expressão da chamada Primavera Marcelista dados pelo último Presidente do Conselho do Estado Novo, Marcelo Caetano, a obra é proibida e só será exibida depois do 25 de Abril de 1974.»

«Vem a Revolução dos Cravos, que retira da circulação certos cutelos. E o filme sai. Com toda aquela liberdade à solta, até se faz notar. Muito boa gente vai ao cinema para ver a coisa. O sexo começa a ser mostrado, afinal não é tão feio como isso. O acto castrante, porém, não é castrado. O sexo, vá lá, é admitido. O pior é o resto: é a ideia transgressora, que continua a assustar.»

«Essa ideia - que ameaça poderes que receiam ser violados - continua a levar com o cutelo em cima.»

«É demais a ousadia e Geada bem se queixa. Não é o único. Nessas andanças do cinema, bem vistas as coisas, há uns tantos que pisam o risco, por isto ou por aquilo e que, por idênticas razões, deixam de filmar: o mal atinge alguns cineastas activos dos anos oitenta.»

«Vê-se os interiores burgueses, os ritos, o auto-espectáculo, as regras. os códigos, percorridos por um olhar crítico. Geada é acusado de ter feito um filme "cerebralizado com planos formalmente muito arriscados". Porventura sim, mas, mais que isso, empenha-se numa «perversão cinéfila»: sondar a obscuridade, o murmúrio, a transgressão calculada, espiar a mercadoria do sexo, os charmes obscuros e os tráficos associados.»

«Inventa um rosto. Luísa Nunes, "presença solitária" que ocupa um lugar "no ecrã do cinema português". Dá a conhecer outro: o de Io Apolloni, retirada "para fora dos circuitos do cinema do nacional-cançonetismo".»

«O filme terá razoável sucesso comercial, quarenta anos após a sua produção.»

O semanário "Expresso" considera que as preocupações estéticas colocam o filme entre os mais vanguardistas da época (Expresso 1 de Dezembro de 2012) «Sofia e a Educação Sexual». Expresso. 2092. 22 páginas. 1 Novembro 2012. Consultado em 7 Maio 2020  .

Ficha artística editar

Ficha técnica editar

  • Argumento: Eduardo Geada
  • Realização: Eduardo Geada
  • Assistente de realização: João Lopes
  • Produção: Doperfilme e Artur Semedo
  • Director de produção: Artur Semedo
  • Assistente de Produção: João Franco
  • Rodagem: Agosto/Setembro 1973
  • Fotografia: Manuel Costa e Silva
  • Assistente de imagem: Francisco Silva
  • Iluminação: Manuel Carlos Silva
  • Exteriores: Lisboa e Cascais
  • Interiores: Palácio Centeno
  • Cenografia: António Casimiro
  • Aderecista: João Luís
  • Figurinos: Io Appoloni e José Costa Reis
  • Director de som: Alexandre Gonçalves
  • Música: Dmitri Shostakovitch (Trio in e menor – Opus 67)
  • Montador: Eduardo Geada
  • Assistente de montagem: Clara Agapito
  • Formato: 35 mm p/b
  • Género: ficção (drama social)
  • Duração: 101’
  • Distribuidor: Talma Filmes
  • Ante-estreia: cinema Império, em Lisboa, a 30 de Julho de 1974 (XI Ciclo da Casa da Imprensa)
  • Estreia: em Lisboa no cinema Estúdio 444, gerido por Almeida Faria (Doperfilme), a 1 de Outubro de 1974.

Referências

Ver também editar

Ligações externas editar