Sículos (Transilvânia)

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Os sículos (em latim: Siculi; em húngaro: székelyek; em romeno: Secui; em alemão: Szekler) são uma etnia de origem húngara que desde o século VIII ocupou as terras do sudeste da Hungria. A maior parte deles vive na Transilvânia, no chamado País Sículo (em húngaro: Székelyföld; em romeno: Ţinutul Secuiesc). Outros grupos de origem sícula deixaram a Transilvânia em 1764 depois da Tragédia de Mádéfalva e emigraram à Bucovina.

Sículos
székelyek
Secui
Bandeira sícula
Manifestação pela autonomia sícula em Budapeste (2013)
População total

500 000 a 700 000[1][2][3][4]

Regiões com população significativa
Roménia
 Hungria
Línguas
húngaro, romeno
Religiões
Catolicismo romano (maioria)
Igreja Reformada da Romênia
Igreja Unitária da Transilvânia
Grupos étnicos relacionados
Magiares

Origem editar

 

A origem dos sículos é muito controversa tanto entre os historiadores quanto entre os próprios sículos. Uma teoria diz que eles são descendentes de tribos de guerra que foram assentadas pelos húngaros na Transilvânia para guardar as fronteiras orientais dos tártaros e outros povos bárbaros. Outras teorias dizem que eles têm origem nos hunos, ávaros e búlgaros. Há ainda aqueles que dizem que os sículos sempre foram húngaros, e as diferenças culturais são devidas a seu relativo isolamento.

Segundo Kristó Gyula, os sículos foram uma etnia que vivia junto com os húngaros e os jázaros, e que chegaram junto com os húngaros ao território rodeado pelos montes Cárpatos. Segundo Gyula László, os húngaros se assentaram em duas ondas, e os sículos chegaram em sua primeira onda por volta de 670, antes da segunda onda em 895 quando as tribos húngaras se assentaram definitivamente nos Cárpatos. No Feitos dos Húngaros, um antigo documento sobre a história húngara escrito no século XIII, o autor diz que os sículos já estiveram nos Cárpatos quando chegaram os húngaros e aceitaram o domínio húngaro.

Privilégios históricos editar

Os sículos gozavam de privilégios de nobreza por sua função militar. Somente pagaram impostos ao rei em ocasiões relevantes (quando o rei ocupou o trono, quando o rei se casou, etc. Se o rei conduzisse uma campanha ao leste, cada segundo homem sículo na idade de soldado teria de participar na campanha. Se a campanha fosse ao oeste, então só cada décimo sículo teria de participar. A hierarquia social tinha três classes: os peões, os cavaleiros e os primores. Como mostram os nomes, o status social era determinado por seu papel militar.

Em 1437, criou-se a "União das Três Nacões" (Unio trium nationium), composto pela nobreza húngara da Transilvânia, pelos sículos e pelos saxões da Transilvânia.

A perda dos privilégios editar

 
Igreja fortificada sícula de Mihăileni

Os sículos conseguiram manter seus privilégios até o século XVI, quando os monarcas do Principado da Transilvânia começaram a segregá-los. Primeiro combateram contra o príncipe João Sigismundo que terminou na sublevação de 1562. Os Báthory também quiseram reduzir os privilégios dos sículos, que acabaram por se aliar com Miguel, o Valente, o voivoda romeno da Valáquia em sua investida contra a Transilvânia em 1599.

Com o passar do tempo cresceu o número dos sículos que se dedicaram à agrigultura. O príncipe Gábor Bethlen pôs condições mais restritivas para os sículos para deixar a vida militar. Em 1691, o Diploma Leopoldino (estatuto outorgado pelo imperador da casa de Habsburgo, Leopoldo I, que regulamente as relações entre a Transilvânia e o Império dos Habsburgo) reconheceu o direito dos sículos de não pagar impostos, mas durante 1754-1769, devido a reformas tributárias, perderam esse direito. A rainha Maria Teresa da Áustria reorganizou a defesa das fronteiras, e o recrutamento violento entre os sículos acabou na matança de Mádéfalva (1764): o exército imperial matou várias centenas de sículo, porque eles se negaram ao serviço militar. Depois deste incidente, muitos sículos se transferiram à Moldova, do outro lado dos Cárpatos.

Séculos XIX e XX editar

Na luta pela liberdade de 1848-1849, a maioria do exército de Bem era composto por sículo. Em 16 de outubro de 1848, na assembléia de Agyagfalva (em romeno: Lutita), os sículos declararam que estavam dispostos a tomar as armas "pela defesa dos irmãos húngaros". Como resposta à estratégia geral dos Habsburgo na Transilvânia, Anton Puchner começou a atacar o País sículos, e o exército sículo tinha de retroceder até Haromszék. Nas batalhas, destacou-se Áron Gábor, que começou a produzir canhões contribuindo aos êxitos militares que se seguiram.

Depois da derrota da luta, o passo seguinte mais importante é o compromisso austro-húngaro de 1867, que integrou administrativamente os sículos à sociedade húngara moderna. o tratado de paz firmado em Trianon em 1920 cedeu a Transilvânia à Romênia. Desde então, exceto o período entre 1940 e 1944, os sículos são concidadãos romenos, mas mantiveram sua identidade húngara.

População editar

A maioria dos sículos vive nas províncias de Hargita, Covasna e Maros. Nestas províncias as percentagens de sículo são, respectivamente, 84%, 74% e 39%. Estima-se que no mundo inteiro vivam cerca de 850 mil sículo.

Bibliografia editar

  • G.Popa Lisseanu, Originea secuilor si secuizarea romanilor, Editura Romania Pur si Simplu, Bucuresti, 2003

Referências

  1. «Nota metodologica» (PDF). Insse.ro. Consultado em 26 de novembro de 2013 
  2. Archivum Ottomanicum, Volume 20, Mouton, 2002, original from: the University of Michigan, p. 66, Cited: "A few tens of years ago the Szekler population was estimated at more than 800.000, but now they are probably ca. 500.000 in number."
  3. Piotr Eberhardt. Ethnic Groups and Population Changes in Twentieth-century Central-Eastern ... [S.l.: s.n.] Consultado em 26 de novembro de 2013 
  4. Judit Tóth and Endre Sík, "Joining and EU: integration of Hungary or the Hungarians?" In: Willfried Spohn, Anna Triandafyllidou, Europeanisation, National Identities and Migration: Changes in Boundary Constructions between Western and Eastern Europe, Psychology Press, 2012, p. 228