Televisão Pública de Angola

A Televisão Pública de Angola (TPA) é uma rede de televisão estatal angolana e principal emissora de televisão do país.

Televisão Pública de Angola, E.P.
Atividade Comunicação Social
Fundação 27 de junho de 1973 com o nome de Radiotelevisão Portuguesa de Angola (RPA)
1975 com o nome de Televisão Popular de Angola (TPA)
1997 com o nome de Televisão Pública de Angola
Fundador(es) Governo de Angola
Sede Av. Ho Chi Minh, Luanda,  Angola
Website oficial www.tpa.ao

A sua sede oficial está em Luanda, que através da TPA1, é sintonizada através do Canal 2 VHF.[1] O Presidente do Conselho de Administração é actualmente Francisco Mendes.[2]

História editar

Em 1962, a Rádio Clube da Nova Lisboa (actual Huambo) iniciou emissões com as primeiras imagens e a transmissão de televisão em Angola. Dois anos mais tarde, iniciou em Benguela e depois de 1970 em Luanda. No entanto, as transmissões foram suspensas por estarem ilegais, visto que a Rádio e Televisão de Portugal (RTP) tinha monopólio exclusivo nas TVs da então colónia portuguesa.[3]

A primeira adaptação da programação da RTP para Angola deu-se em junho de 1970 com o programa radiofônico Café da Noite sendo transmitido também na televisão, em Luanda. Em 1972 é formulada a proposta de conversão do programa em uma ampla programação a ser transmitida numa "TVA – Televisão de Angola". Mas o esforço em manter o controle e o monopólio da informação na RTP – Rádio e Televisão Portuguesa foi maior.[4]

Porém, em 27 de junho de 1973,[4] o governo colonial português fundou a "Radiotelevisão Portuguesa de Angola" (RPA), secção da RTP.[3]

No processo de disputa pelo controle de Angola, Holden Roberto, da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), recebe grandes somas financeiras da Agência Central de Inteligência (CIA), em março de 1975, que lhe permitem comprar tanto o jornal A Província de Angola como a "Televisão de Angola" (a Rádio Nacional de Angola ficou sob controle do MPLA), para servir como instrumentos de propaganda na reta final dos confrontos da independência. Recebe o controle dos veículos em agosto.[5]

Após a independência de Angola o novo Estado angolano, sob governo do Movimento Popular de Libertação de Angola, tomou o controle da estação[3][4] e iniciou o processo de reestruturação administrativa, em 28 de novembro de 1975,[4] no chamado Centro de Imprensa, de apoio aos jornalistas angolanos e estrangeiros, ligado ao Ministério da Informação.[4] Foi criado ainda o Centro Nacional de Jornalismo, para a formação de quadros.[4] A nacionalização da estação, quando passou a designar-se como "Televisão Popular de Angola", deu-se em junho de 1976.[4]

Apesar da longa Guerra Civil (1975-2002), em 1979, a TPA passou a emitir em Benguela e Lobito, em 1981 é recebida no Huambo. Só depois do ano de 1992, passou a ser transmitido na maior parte do país.[6][7]

Devido à regulamentação governamental nº 66/97 do canal em 1997, foi renomeado com o seu nome atual "Televisão Pública de Angola" (TPA).[3]

Em 2000, foi criado o segundo canal em Luanda, chamado de TPA 2 e a então a TPA passou a chamar-se TPA 1. Em 2003, a TPA lançou a TPA Internacional, que passou a ser transmitida para a Europa via satélite e que, actualmente, pode ser recebido através da rede de cabo em Portugal.[8]

No início de maio de 2013, a TPA que ficava 24 horas no ar por anos, foi reduzida pela metade (12 horas), na sequência de uma determinação anunciada pelo produtor executivo e administrador da Semba Comunicação, José Paulino dos Santos.[1] No comunicado, José Santos atribuiu a redução do tempo de antena ao alegado incumprimento, por parte do Ministério da Comunicação Social e da TPA, dos acordos assinados em 2007 relativos ao pagamento pelo serviços prestados, na qual provocaram grandes prejuízos à sua empresa que vive de receitas próprias e não é dona de nenhum dos três canais da TPA (1, 2 e Internacional) e que nega as acusações sobre um alegado enriquecimento pessoal à custa do erário público.[1] A redução da grelha da TPA gerou inúmeras críticas[1]

Novo centro de produção editar

Em 30 de maio de 2022, a TPA passou a dispor de um novo Complexo de Produção de Conteúdos, denominado "Ernesto Bartolomeu".[9] Os novos estúdios, que tiveram sua construção iniciada em 2019,[10] situam-se na Região Metropolitana de Luanda, no bairro de Camama. Possuem a forma de paralelogramo, ocupando um terreno plano com uma área de aproximadamente 200 000 metros quadrados, sendo 14 100 metros quadrados correspondentes à área de construção de blocos, arruamentos e jardinagem. A planta dos estúdios foi concebida como uma estrela. Aí foi implantado o edifício tendo no seu centro um espelho de água envolvido por uma área verde ajardinada que virá a constituir o ponto central do complexo.

O novo centro de produção foi concebido de forma a integrar todas as necessidades de um equipamento de produção televisiva numa área restrita. Cada estúdio está equipado com a sala de controlo, sala de áudio, sala de luzes e obscuradores e com todos os serviços necessários em termos de equipamentos eléctricos e mecânicos, apetrechado com tecnologia de ponta - bancadas motorizadas, luzes automatizadas e câmaras de alta qualidade.

O complexo foi concebido de forma a integrar, assim como pôr em prática, as mais recentes tecnologias de comunicação, tais como televisão digital e televisão interativa.[11]

Canais de televisão editar

Atualmente, a TPA é constituída pelos seguintes canais:

Canal Descrição Slogan Formato Fundação
TPA1 Canal generalista, dedicado à informação, ficção e entretenimento.
TPA2 Canal virado para o entretenimento e juventude. O canal da juventude 2000 (24 anos)
TPAi Canal para atender a diáspora angolana e não só. Somos todos nós 2003 (21 anos)
TPA Notícias Canal de notícias, mas também com debates de opinião, informações de utilidade pública, documentários ou reportagens, etc; Informação de Primeira 18 de julho de 2022 (1 ano)

Parcerias editar

RTP editar

Tem vindo a destacar-se pela sua parceria com a RTP (Rádio Televisão Portuguesa) na elaboração e exportação de séries e novelas, tal como por exemplo:

Vários actores e actrizes angolanos que tem catapultado para as luzes da ribalta, tais como por exemplo:

  • Raul do Rosário (participou na série Regresso a Sizalinda, no papel de Juca)
  • Catarina Matos (participou na série Regresso a Sizalinda, na novela Cinzas da RTP, na novela A Outra entre outros projectos...)

TVI editar

Em 2015, a TVI gravou algumas cenas da novela A Única Mulher (telenovela), em Angola, e a TPA decidiu comprar a novela e exibi-la no país.[12]

Controvérsias editar

Redução das 24 a 12 horas de grelha na TPA em 2013 editar

No início de Maio de 2013, a TPA que ficava 24 horas no ar por anos, foi reduzida pela metade (12 horas), na sequência de uma determinação anunciada pelo produtor executivo e administrador da Semba Comunicações, José Paulino dos Santos.[1] José Paulino dos Santos é conhecido por “Coréon Dú” e é o filho do ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos e da Luísa Abrantes.[1]

No comunicado, José Paulino atribuiu a redução do tempo de antena a um alegado incumprimento, por parte do Ministério da Comunicação Social e da TPA, dos acordos assinados em 2007 relativos ao pagamento pelo serviços prestados, na qual provocaram grandes prejuízos à sua empresa que vive de receitas próprias e não é dona de nenhum dos três canais da TPA (1, 2 e Internacional), já que mantém como emissoras estatais.[1]

Santos já negou inúmeras vezes, as acusações feitas pela imprensa local e dos políticos do MPLA e da oposição, de aproveitar administração da TPA para seu enriquecimento pessoal, à custa do erário público, já que é o filho do Presidente da República.[1]

A redução da grelha da TPA gerou inúmeras críticas.[1] O jornalista Makuta Nkondo condenou o silêncio do Ministério da Comunicação Social e do Conselho da Administração da TPA e considera a atitude do filho do Presidente da República como reveladora de que o país atingiu o “cúmulo da brincadeira”.[1] “Nem nas piores ditaduras do mundo isso aconteceu. Até o Ministério da Comunicação Social calou-se perante estes factos porque os seus membros não querem perder o lugar que ocupam e o seu pão”, disse.[1]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e f g h i j k Redacção VOA (21 de maio de 2013). «Angola: Canal 2 da TPA reduzido». Voz da América. Consultado em 26 de janeiro de 2016 
  2. Estrutura Administrativa da TPA
  3. a b c d História. TPA. 2003.
  4. a b c d e f g Guide, Antônio Marcos de (2007). TPA – O Modelo de TV Pública de Angola (PDF). São Paulo: Universidade de São Paulo 
  5. Holden Roberto, da UPNA à UPA e à FNLA. Jornal de Angola. 15 de março de 2023.
  6. «Público: TPA Internacional inicia hoje emissões em Portugal»  28 de julho 2008
  7. História da TPA
  8. Informação dos novos parâmetros técnicos
  9. TPA conta com novo estúdio de emissão para programas em HD. Menos Fios. 31 de maio de 2022.
  10. TPA - Televisão Pública de Angola. IGAPE/MINFIN. 2019.
  11. Novos estúdios TPA.
  12. «TVI vende "A Única Mulher" para a TPA». Zapping. plus.google.com/+Zappingtv103448/posts. Consultado em 11 de novembro de 2015 

Ligações externas editar

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