Teorema de Mann-Wald

Em teoria das probabilidades, o teorema de Mann–Wald ou teorema do mapeamento contínuo afirma que funções contínuas preservam os limites mesmo se seus argumentos forem sequências de variáveis aleatórias. Uma função contínua, na definição do matemático alemão Eduard Heine, é uma função que mapeia sequências convergentes em sequências convergentes: se , então . O teorema de Mann–Wald afirma que isto também será verdadeiro se substituirmos a sequência determinística por uma sequência de variáveis aleatórias e substituirmos a noção padrão de convergência de números reais () por um dos tipos de convergência de variáveis aleatórias.[1] O teorema recebe este nome em homenagem ao matemático norte-americano Henry Mann e ao matemático romeno Abraham Wald, que o provaram pela primeira vez em 1943.[2]

Demonstração editar

Considere   elementos aleatórios definidos em um espaço métrico  . Suponha uma função   (em que   é outro espaço métrico) que tem o conjunto de pontos de descontinuidade   tal que  . Então,[3]

  1.  
  2.  
  3.  

Prova editar

Espaços   e   estão equipados com certas métricas. Para simplificar, denotaremos ambas as métricas usando a notação  , ainda que as métricas possam ser arbitrárias e não necessariamente euclidianas.

Convergência em distribuição editar

Precisaremos de uma demonstração particular do teorema de Pormanteau: que a convergência em distribuição   é equivalente a

 

Fixe um conjunto fechado arbitrário  . Denote por   a pré-imagem de   sob o   mapeante: o conjunto de todos os pontos   tal que  . Considere uma sequência   tal que   e  . Então, esta sequência repousa em   e seu ponto limite   pertence ao fechamento deste conjunto,   (pela definição de fechamento. O ponto   pode ser tanto:

  • um ponto de continuidade  , no caso em que   e assim  , porque   é um conjunto fechado, e, por isso, neste caso,   pertence à pré-imagem de  ; como
  • um ponto de descontinuidade de  , de modo que  .

Assim, a seguinte relação se aplica:

 

Considere o evento  . A probabilidade deste evento pode ser estimada como:

 

e, pelo teorema de Portmanteau, o limite superior da última expressão menor ou igual a  . Usando a fórmula que derivamos no parágrafo anterior, isto pode ser escrito como

 

Ao conectar isto de volta com a expressão original, pode-se ver que:

 

que, pelo teorema de Portmanteau, implica que   converge a   em distribuição.[4][5]

Convergência em probabilidade editar

Fixe um arbitrário  . Então, para qualquer  , considere o conjunto   como:

 

Este é o conjunto de pontos de continuidade   da função  , para o qual é possível encontrar, na interior da  -vizinhança de  , um ponto que mapeia fora da  -vizinhança de  . Por definição de continuidade, este conjunto encolhe conforme   vai a zero, de modo que  . Agora suponha que  . Isto implica que, pelo menos, uma das afirmações seguintes é verdadeira: ou  , ou  , ou  . Em termos de probabilidades, isto pode ser escrito como:

 

Do lado da mão direta, o primeiro converge a zero conforme   para qualquer   fixo, pela definição de convergência em probabilidade da sequência  . O segundo termo converge a zero conforme  , já que o conjunto   encolhe a um conjunto vazio. O último termo é identicamente igual a zero pela pressuposição do teorema. Por isso, a conclusão é que:

 

o que significa que   converge a   em probabilidade.[4][5]

Convergência quase certa editar

Por definição de continuidade da função  ,

 

em cada ponto   em que   é contínua. Por isso,

 ,

porque a intersecção de dois eventos quase certos é quase certa.

Por definição, concluímos que   converge a   quase certamente.[4][5]

Referências editar

  1. Takeshi., Amemiya, (1985). Advanced econometrics. Cambridge, Mass.: Harvard University Press. ISBN 0674005600. OCLC 11728277 
  2. Mann, H. B.; Wald, A. (setembro de 1943). «On Stochastic Limit and Order Relationships». The Annals of Mathematical Statistics (em inglês). 14 (3): 217–226. ISSN 0003-4851. doi:10.1214/aoms/1177731415 
  3. der., Vaart, A. W. van (1998). Asymptotic statistics. Cambridge, UK: Cambridge University Press. ISBN 0521496039. OCLC 38738910 
  4. a b c Patrick., Billingsley, (1968). Convergence of probability measures. New York,: Wiley. ISBN 0471072427. OCLC 387624 
  5. a b c Patrick., Billingsley, (1999). Convergence of probability measures 2nd ed. New York: Wiley. ISBN 0471197459. OCLC 41238534