Teoria da persuasão

A Teoria da Persuasão, também chamada de Teoria Empírico-experimental, paralelamente à Teoria Empírica de Campo, desenvolve-se a partir dos anos 40 e conduz ao abandono da Teoria Hipodérmica. Consiste na revisão do processo comunicativo entendido como uma relação mecanicista e imediata entre estímulo e resposta. Oscila entre a ideia de que é possível obter efeitos relevantes se as mensagens forem adequadamente estruturadas e a certeza de que, frequentemente, os efeitos que se procurava obter não foram conseguidos. Persuadir os destinatários é possível se a mensagem se adequa aos fatores pessoais ativados pelo destinatário ao interpretá-la. A mensagem contém características particulares do estímulo, que interagem de maneira diferente de acordo com os traços específicos da personalidade do destinatário[1]. Ou seja, o avanço consiste em que a teoria passa a levar em conta as diferenças individuais do público. Dessa maneira, estabelece-se uma estrutura lógica, muito semelhante ao modelo mecanicista da Teoria Hipodérmica:

CAUSAS ⇀ PROCESSOS PSICOLÓGICOS INTERVENIENTES ⇀ EFEITOS

Síntese editar

Contexto editar

Nos anos 40, em meio à Segunda Guerra Mundial, superou-se a ideia de poder ilimitado da mídia, defendida pela Teoria Hipodérmica, com o aprofundamento das pesquisas em psicologia, pelo lado da Teoria da Persuasão, e da sociologia, pelo lado da Teoria Empírica de Campo.

Aspectos Importantes editar

  • Estuda os fatores que provocam o sucesso e o insucesso do processo comunicativo tomando por base mensagem e audiência.
  • A teoria enxerga os efeitos da mídia como uma persuasão, e não manipulação.
  • O público é visto como um conjunto de indivíduos, não mais como massa. Na Teoria Hipodérmica, entendia-se que o público era bombardeado de conteúdos pela mídia, desconsiderando suas particularidades e agindo egoisticamente em nome de sua própria satisfação[2], sendo considerado uma “massa”. Após superar esta teoria, compreendeu-se que os indivíduos comandam suas reações, e o poder da mídia torna-se limitado.
  • A mensagem deve ser adequada às características do grupo que se quer persuadir.
  • Existem intervenientes psicológicos no público que influem nos efeitos da mensagem.
  • O foco desta teoria é a mensagem e o destinatário.
  • Esta Teoria tem orientação psicológica, sendo ligada à uma abordagem psicológico-experimental.

Hyman e Sheatsley determinam em seu ensaio processos intervenientes ou algumas razões pelas quais as campanhas de informação falham.

Fatores relativos à audiência editar

  • Interesse em obter informação: se aqueles que demonstram interesse por determinado assunto, o fazem após terem sidos expostos, aqueles que não demonstram interesse, fazem-o porque nunca foram expostos a tal informação ou assunto[3].
  • Exposição seletiva: campanhas fazem mais efeito para os que já concordam com o tema. Primeiro deve-se analisar quem escuta o quê e porquê, e só depois terá sentido estudar as modificações causadas pelo veículo midiático (naquele período, o rádio) nas pessoas que o escutam[4].
  • Percepção seletiva: o destinatário interpreta a mensagem e a adapta aos seus valores, às vezes entendendo-a até de forma oposta à original.
  • Memorização seletiva: a audiência memoriza mais os argumentos com os quais concorda. Com o passar do tempo da exposição, isso se acentua.

Fatores relativos à mensagem editar

  • Credibilidade do comunicador
  • Integralidade da argumentação: estudar o impacto que causa a apresentação de um único aspecto ou ambos aspectos de um tema controverso
  • Ordem da argumentação: Efeito Primacy: apresenta-se os argumentos a que se quer dar ênfase no início[3]. Efeito Recency: apresenta-se os argumentos a que se quer dar ênfase no final[3].
  • Explicitação das conclusões: se é mais eficaz deixar as conclusões explícitas ou implícitas.

Principais autores editar

Bibliografia editar

  • Wolf, Mauro: "Teorias da Comunicação". 1985. Editora Presença. Portugal.
  • Pena, Felipe: " 1000 Perguntas, Teoria da Comunicação, Conceitos, Mídias, Profissões". 2005. Editora Thomson. São Paulo.
  • Almeida, Nailton: 'Cada um tem sua razão, o que seria do homo sapiens se não fossem os sonhos, seria só uma mente vazia numa noite quente de verão".
  • Versiani, Caio: "O mundo globalizado também tem seus defeitos".
  • Maciel, Vitor: "A influencia dos veículos de comunicação em massa".
  • DeFleur, Melvin L., Sandra Ball-Rokeach: "Theories of mass communication". 1989 New York: Longman.

Referências editar

  1. DeFleur, Melvin L; Ball-Rokeach, Sandra (1989). Theories of mass communication (em English). New York: Longman. OCLC 1195035764 
  2. «Teoria da comunicação». Wikipédia, a enciclopédia livre. 23 de outubro de 2020. Consultado em 25 de janeiro de 2022 
  3. a b c Wolf, Mauro (2009). Teorias Das Comunicações De Massa. [S.l.]: Wmf Martins Fontes 
  4. Lazarsfeld, Paul F. (1940). Radio and the Printed Page: An Introduction to the Study of Radio and Its Role in the Communication of Ideas (em inglês). [S.l.]: Duell, Sloan and Pearce