Trimessa

Moeda de ouro da Britânia anglo-saxã

Trimessa ou trimesia (em inglês antigo: þrymsa, trymsa, þrimes, thrimes) foi uma moeda de ouro feita no século VII na Britânia anglo-saxã. Se originou como cópia do tremisse merovíngio e moedas romanas anteriores com alto valor em ouro. A desvalorização contínua entre os anos 630 e 650 reduziu o teor de ouro em moedas recém-cunhadas de tal forma que depois de c. 655 a porcentagem de ouro em uma nova moeda foi inferior a 35%. As tremissas deixaram de ser cunhadas após cerca de 675 e foram substituídas pelas escetas de prata.

Trimessa (ou xelim) de ca. 650-675 provavelmente cunhado em Câncio

História editar

 
Trimessa com a imagem de "Dois Imperadores" e a Vitória. Ca. 650-675
 
Trimessa do tipo Witmen de ca. 620-645

As primeiras foram cunhadas na Britânia nos anos 630. Essas primeiras moedas foram criadas em casas da moeda na Cantuária, Londres e talvez Winchester. Charles Arnold-Baker em seu Companion to British History sugere que o ímpeto à criação dessa moeda foi o crescente comércio que se seguiu ao casamento de Etelberto e Berta de Câncio, uma filha do rei franco Cariberto I.[1] Trimessa originalmente conteve entre 40 e 70% de ouro, mas com a desvalorização das moedas cunhadas após ca. 655, passaram a conter menos de 35% de ouro. Moedas de ouro deixaram de ser completamente cunhadas após cerca de 675, depois do que escetas de prata foram cunhadas.[2] O termo trimessa é usado em textos anglo-saxões posteriores para se referir a um valor de 4 pênis de prata.[3] As trimessas são conhecidas pelos numismatas modernas através de sua descoberta em vários tesouros, notadamente o Tesouro de Crondall.[4] O enterro de Sutton Hoo, que data do começo do século VII, contêm 37 tremisses merovíngios mas nenhuma moeda anglo-saxã.[a] O tesouro de Crondall, por contraste, foi datado após ca. 630 e contêm 101 moedas de ouro, das quais 69 são anglo-saxãs e 24 são merovíngias ou francas.[5][6]

Desenho editar

As primeira trimessas foram imitações de tremisses merovíngios ou moras romanas anteriores.[2] Pesavam entre 1 e 3 gramas e tinham diâmetro de aproximados 13 milímetros.[7] As trimessas tardias tinham vários desenhos diferentes, incluindo bustos, cruzes, objetos em forma de lira e insígnias legionárias romanas. Inscrições também eram comuns e às vezes apareciam em latim e às vezes em runas anglo-saxãs.[2]

Notas editar

[a] ^ Se figura sepultada lá é, de fato, Redualdo da Ânglia Oriental como é geralmente considerado, então pode ser dada uma data antes de 627 ao sepultamento.[8]

Referências

  1. Arnold-Baker 2015, p. 744.
  2. a b c Skingley 2014, p. 84–86.
  3. Grierson 2007, p. 157.
  4. Davies 2010, p. 122.
  5. Grierson 2007, p. 161.
  6. Skingley 2014, p. 84.
  7. Page 1973, p. 122.
  8. Campbell 2004.

Bibliografia editar

  • Arnold-Baker, Charles (2015). The Companion to British History. Nova Iorque: Taylor & Francis. ISBN 978-1-317-40039-4 
  • Campbell, J. (2004). «Rædwald (d. 616x27)». Oxford Dictionary of National Biography. Oxford: Oxford University Press. doi:10.1093/ref:odnb/23265 
  • Davies, Glyn (2010). History of Money. Cardiff, Gales: University of Wales Press. ISBN 978-0-7083-2379-3 
  • Grierson, Philip; Blackburn, Mark (2007). Medieval European Coinage: Volume 1, The Early Middle Ages (5th–10th Centuries). Cambrígia: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-03177-6 
  • Page, Raymond Ian (1973). An introduction to English runes. Nova Iorque: Methuen; distributed by Harper & Row, Barnes & Noble Export Division 
  • Skingley, Philip (2014). Coins of England & the United Kingdom: Standard Catalogue of British Coins 2015. Londres: Spink & Sons Ltd. ISBN 978-1-907427-43-5