Usuário(a):Karin Peres Verthein/Testes

editar

Violino Popular no Brasil, Violino Popular, Violino Popular Brasileiro ou Violino na Música Popular Brasileira é um movimento musical que busca desenvolver recursos técnicos e interpretativos para tocar música popular brasileira no violino. Embora no Brasil o violino seja mais comumente relacionado com a música identificada como clássica, na história da música popular brasileira vemos diversos exemplos de musicistas que desenvolveram um trabalho de performance e de ensino nesse instrumento.

Na literatura, a presença do violino na música popular brasileira é registrada desde o século XVIII, aparecendo nas modinhas, na música “dos barbeiros”, no choro e, já no século XX, nas orquestras que acompanhavam a música popular. Apesar das tensões que já existiam entre a música popular e a erudita nesse período, vale mencionar as atuações de Flausino Vale e César Guerra-Peixe, violinistas reconhecidos no campo da música de concerto, que tiveram envolvimento com a música popular ao longo do século XX. Além disso, Radamés Gnattali foi o primeiro músico a escrever um arranjo com ênfase nas cordas e a tratá-las dentro de uma seção rítmica e não apenas melódica, como eram comumente usadas.

Destacamos a contribuição de Rafael Lemos Júnior, também conhecido como Fafá Lemos, como um dos mais importantes precursores do violino popular no Brasil. Fafá iniciou seus estudos na música de concerto aos sete anos de idade e aos treze já se apresentava como solista frente à Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Integrou grupos como Orquestra Sinfônica Brasileira e Orquestra de Carlos Machado, mas foi como violinista popular que começou a se tornar mais conhecido. No fim dos anos 40, se apresentava no Cassino da Urca semanalmente e em 1950 assinou um contrato com a Rádio Nacional. Em 1953 foi para Hollywood na Califórnia aonde dali iniciou várias turnês integrando a banda que acompanhou a cantora Carmen Miranda. O violinista acabou passando três anos nos Estados Unidos onde atuou como solista em produções para a TV e o cinema, além de se apresentar em várias casas noturnas. Em 1956, de regresso ao Brasil e como artista exclusivo da RCA VICTOR, lança por este mesmo selo o álbum "Fafá Lemos e seu violino com surdina". Seu choro Fafá em Hollywood é a faixa de encerramento deste LP. Fafá morreu em 2004 deixando um legado imenso de gravações e contribuindo significativamente para a inserção do violino na música popular brasileira. Além de violinista e compositor, o músico carioca também era um exímio cantor e assobiador. Destacamos ainda as contribuições de Irany Pinto, Patané e Antônio Nóbrega para o desenvolvimento do violino popular no Brasil ao longo dos séculos XX e XXI.

A partir da década de 2000 nota-se um efervescente movimento de desenvolvimento da performance e do ensino do violino na música popular brasileira. O paulista Ricardo Herz e o francês Nicolas Krassik são dois violinistas que iniciaram esse movimento. Posteriormente, Carol Panesi, Felipe Karam, Guilherme Pimenta, Luis Mascaro, Mário Soares, Renata Neves, Thiago Rosa, Wanessa Dourado, Gabriel Vieira, Marcelo Fonseca continuaram produzindo e contribuindo com a inserção do violino nesse contexto. Uma característica desse movimento é o enfoque do trabalho de parte desses violinistas na formação de novos instrumentistas, através do desenvolvimento de métodos e cursos que buscam contribuir para a sistematização das suas experiências acumuladas na performance do violino na música popular brasileira. Nota-se uma falta de unidade dentro da prática e da interpretação desses violinistas, já que cada um possui suas particularidades. Apesar disso, pode-se identificar pontos comuns dentro dessas práticas violinísticas.

Comparando o violino popular de meados do século XX com o violino popular dessa geração contemporânea, pode-se perceber uma diferença na abordagem sobre a improvisação. No primeiro, vemos um improviso que se assemelhava com o improviso do choro naquele momento, que consiste em criar variações rítmicas e melódicas da melodia, podendo facilmente reconhecê-la durante o improviso do solista. Notamos esses aspectos característicos, por exemplo, nos improvisos do Fafá Lemos. Já no violino popular contemporâneo, notamos uma maior influência do improviso do Jazz, em que as ideias do improvisador se desenvolvem de forma mais livre e desprendida do tema.

Atualmente, o violino popular encontra-se em plena expansão no Brasil, sendo divulgado através das performances dos diferentes violinistas ou ensinado através da promoção de métodos, cursos individuais e oficinas em festivais.