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Lamborghini, ícone de objeto de luxo.

O luxo na língua portuguesa é uma palavra que simboliza ostentação, magnificência[1], suntuosidade ou requinte[carece de fontes], que define características materiais específicas e restritas, com valor de utilidade e valor econômico considerados altos. Como sinônimo de estilo de vida, é um termo atribuído ao consumo de coisas ou atividades ditas como supérfluas e aparatosas[carece de fontes].

O conceito de luxo, no seu sentido mais comum, refere-se a bens, serviços, comportamento de indivíduos com despesas ou equipamentos que excedam o nível habitual (padrão de vida necessário para sobrevivência, isto é, bens com razões utilitárias e/ou bens de necessidades básicas) de algo ou daquilo que em uma sociedade seja considerado em medida necessária ou útil. Desse modo, o luxo pode servir para legitimar as estruturas políticas de uma sociedade, estabelecer reivindicações de status social ou identificar a identidade e adesão social do consumidor a um determinado conjunto de valores ou então de determinada uma atividade[2].

Etimologia editar

Em português a palavra paroxítona luxo (ouvir: "luxo") [carece de fontes] é um substantivo que deriva do termo luxus (em latim) e do cognato λοξός (em Grego Antigo).[3] No espanhol e no português é um cognato expresso pelo termo luxo, assim como no alemão e inglês pelo termo luxus. São outras traduções da palavra luxo: luxury em inglês, em francês o termo luxe e em italiano o termo lusso.

Estudos ligados a análises do campo da antropologia e sociologia argumentam que a importância dos objetos não pode ser reduzida a seu valor econômico[carece de fontes]. Assim, a origem do palavra luxo consideraria, além do termo luxus, a palavra lúgubre (em latim, lugere) ao significar um excesso na maneira de se viver, fausto, deboche[4].

Noções do termo na História editar

O luxo apresenta diferentes sentidos e significados ao longo da História, noções que podem variar de acordo com os valores culturais, sociais, políticos e econômicos de cada tempo histórico no qual ele se insere. A forma com que o luxo é classificado e compreendido na Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea pode apresentar diferenças e semelhanças, de acordo aos padrões estabelecidos por cada sociedade em seu tempo e análise posterior do mesmo.

Estudos derivados de conceitos das Ciências Econômicas, principalmente dos pensamentos de Karl Marx, indicam que o comércio de bens em geral é uma atividade relacionada a certa expressão do instinto natural do ser humano para realizar trocas de bens e buscar obter lucro, como analisado no volume II do Capital e, ainda antes disso, nos Grundrisse. Ao mesmo tempo, indicam que uma grandeza para classificar os bens, conhecidos como mercadorias, utiliza o valor de troca como uma forma significativa de classificação. Neste tipo de análise, os bens de luxo frequentemente são ditos como sinônimo de bens superiores, se comparados aos ao bens de consumo. Isso se dá pois o preço estipulado para sua compra é considerado como alto e, portanto, são considerados como luxo por serem equipamentos e bens adequados naturalmente aos que podem adquiri-los. Por exemplo, pode-se adquirir objetos, alimentos, ornamentos, vestuário, mobiliário, obras de arte etc. que são considerados luxo, na medida em que, conforme a renda do consumidor aumentasse, haveria a possibilidade do comprador dispensar mais gastos para adquirir mais objetos de luxo do que investir em bens de primeira necessidade[5].

Sendo assim, o que é considerado um luxo? A resposta é altamente dependente de normas culturais e éticas, assim como a posição social do avaliador, e não menos a partir dos aspectos econômico e técnico de desenvolvimento. Atualmente, a publicidade enfatiza abertamente e com freqüência o caráter de luxo de determinados produtos, por exemplo em produtos de perfumaria ou carros esportivos. O que é luxo, é, portanto, sujeito à mudança social.

Além disso, é preciso considerar restrições sociais do luxo, visto ora como algo "desejável", ora como "não desejável". Por exemplo, não se deve presumir que a condenação do luxo nas sociedades cristãs e a idealização de seu comércio como frugalidade teriam servido como um impedimento para o desenvolvimento de ampla distribuição dessas mercadorias de luxo. Ou então, como um conjunto de leis suntuárias - que restringem o acesso e a demanda do que é dito como um luxo - foi debatidas e postas em prática desde a antiguidade. Portanto, o julgamento do que se entende por luxo é o controle sobre bens escassos e seu uso perdulário e imoderado, bem como a escala de seu consumo.

Luxo por valor desejável e não desejável editar

 Ver artigo principal: Lei suntuária
 
Gôndola negra, Veneza.

Na história, foram adotadas uma série de leis contra o luxo. Na maioria dos casos, o custo de roupas, banquetes e funerais deveria ser contido por razões políticas, éticas ou comerciais.[6] Por exemplo, na República Romana, no ano 215 a.C., a Lei Ópia proibia o uso de vestes roxas ou jóias caras.[7]

Outros exemplos de controle legal do consumo do luxo são encontrados em muitas culturas e épocas. Por exemplo, em 1562 o Doge Girolamo Priuli ordenou que o equipamento de gôndolas em Veneza só podia ser preto, para evitar ostentação. Geralmente, essas regras proibiam não o luxo, mas sim sua ostentação indevida a determinados grupos.[8]

Podemos perceber o luxo como um fenômeno no qual determinado grupo de referência, ou pelo menos sua maioria, considera determinados tipos de bens, serviços e comportamento como desejáveis. Sendo assim, o luxo enquanto fenômeno pode ser classificado da seguinte maneira:

  • Luxo material: é aquele que demonstra um modo de vida que se destaca por causa de suas características exclusivas da vida social normal, e muitas vezes é representado como marca de sucesso e símbolo de status. Assim, o luxo estaria representado, entre outras coisas na alta gastronomia, em bens ditos como mais caros, como roupas, acessórios, jóias, carros e objetos exclusivos, ornamentos de moradias etc. Portanto, o conceito de luxo material atribui uma noção social do luxo com um valor maior do que ao demais bens de necessidades básicas.
  • Luxo imaterial: é aquele expresso no consumo de luxo, além do esforço extrínseco para a distinção, prestígio e filiação social e individual.[9][10] Entendendo que o comportamento do consumidor não é caracterizado unicamente por motivos cognitivos, mas também por motivações afetivas e que podem parecer parcialmente inconscientes. As pessoas podem comprar produtos também por causa de seu significado simbólico e não apenas razões utilitárias[11], e assim a motivação para se consumir o luxo pode ser a auto-satisfação e auto-realização. Por exemplo, alguns consumidores procuram um certo equilíbrio ao adquirir determinado tipo luxo para aliviar o stress no trabalho, ou então suprir alguma necessidade emocional, tais como por prazer [12][13] e conforto. [carece de fontes] O que pode ser luxoso para alguns pode não ser para outros, e é nessa distinção que o luxo pode expressar um estilo de vida e uma personalidade própria: por exemplo, o consumidor pode comprar marcas de luxo por seus valores individuais e estas serão como um símbolo de um estilo de vida. [14] Neste contexto, bens de luxo cumprem essencialmente uma função de identificação, e o seu consumo é motivado intrinsecamente, pois a identidade de um indivíduo pode ser profundamente influenciada pela posse de determinados luxos, e o conteúdo simbólico do luxo é transferido para o consumidor.

História do luxo editar

Antiguidade editar

Segundo Neville Morley, a noção de luxo para os antigos não era uma categoria avulsa. Ele argumenta que os debates para se definir os padrões de desenvolvimento, de consumo e de utilização de bens de luxo na antiguidade estavam presentes no cotidiano das cidades, permeados em outros debates sobre a política, a moralidade e o próprio estado da sociedade.[15]

Assim, na antiguidade os comerciantes desempenhariam um papel significativo na política de suas sociedades e seriam capazes de influenciar as políticas comerciais de seus estados.[16] Um dos fatores que demonstrariam a importância e a motivação para realização do comércio de luxo estaria expresso na relação entre o poder que as cidades de Atenas e Roma e suas elites dominantes exerciam sobre as demais regiões,[17] na medida em que o comércio de bens poderia impulsionar o crescimento dos exércitos e de cidades no entorno do Mar Mediterrâneo.

Notas e referências editar

  1. CUNHA, António Geraldo da (1989). Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 484 páginas 
  2. Morley, Neville (2007). Trade in Classical Antiquity. Cambridge: Cambridge University Press. 118 páginas 
  3. «luxo». Wiktionary, The Free Dictionary. [S.l.]: Wiktionary, The Free Dictionary. 2017  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  4. Rosa, Antonio Machuco (maio de 2014). «Trajetórias históricas da moda: do luxo antigo à democratização do luxo». São Paulo: Escola Superior de Propaganda e Marketing. Comunicação, Mídia e Consumo. 11 (31). 140 páginas. ISSN 1983-7070. Consultado em 17 jul. 2015 
  5. Sobre a análise de Marx, ver BERRY, Christopher J. The idea of luxury: A conceptual and historical investigation. Cambridge University Press, 1994, cap. 7: The historicity of needs.
  6. Luxus. In: Meyers Konversations-Lexikon. 1888.
  7. Marion Giebel. 2006. ?
  8. M. Ascheri: Tra vanità e potere: donne, lusso e miti (di ieri e di oggi). In: M. A. Ceppari Ridolfi, P. Turrini: Il mulino della vanità. Siena 1993. S. XVIII
  9. O. Belz: Luxusmarkenstrategie. In: M. Bruhn (Hrsg.): Handbuch Markenartikel. Schäffer-Poeschel, Stuttgart 1994, S. 646–652.
  10. I. Lasslop: Identitätsorientierte Führung von Luxusmarken. In: H. Meffert, C. Burmann, M. Koers (Hrsg.): Markenmanagement. 2. Auflage. Gabler, Wiesbaden 2005, S. 469–449.
  11. Nina Maria Preilowski: Luxus – vergleichende Analyse des Konsumentenverhaltens bei Gütern und Dienstleistungen am Beispiel von Luxusaccessoires und -hotels. Verlag Dr. Kovac, Hamburg 2012, ISBN 978-3-8300-6302-5.
  12. F. Vigneron, L. W. Johnson: A Review and a Conceptual Framework of Prestige-Seeking Consumer Behavior. In: Academy of Marketing Science Review. 1999, online
  13. N. Fiske, M. J. Silverstein, J. Butman: Trading Up: The New American Luxury. Portfolio, New York 2003, ISBN 1-59184-013-9.
  14. O. Belz: Luxusmarkenstrategie. In: M. Bruhn (Hrsg.): Handbuch Markenartikel. Schäffer-Poeschel, Stuttgart 1994, S. 646–652.
  15. Morley, Neville (2007). Trade in Classical Antiquity. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 6 [p. 118]. ISBN 052163279X 
  16. Morley, Neville (2007). Trade in Classical Antiquity. Cambridge: Cambridge University Press. pp. i [p. 118]. ISBN 052163279X 
  17. Morley, Neville (2007). Trade in Classical Antiquity. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 6 [p. 118]. ISBN 052163279X