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Contextualização arqueológica e etno-histórica editar

Período pré-colonial editar

No litoral Sul de Santa Catarina o registro de ocupação humana é de aproximadamente 6.000 A.P. com a presença dos grupos construtores dos sambaquis que ocuparam vastamente a região (monte de conchas). Mais recentemente, um pouco antes da colonização européia nas terras brasileiras,  por volta de 700 A.P a região recebe os grupos indígenas conhecidos como Tupi-Guarani (grafia com hífen remete a tradição linguística do grupo) que teriam partido da Amazônia seguindo os grandes rios,  principalmente os Rios Paraguai e Paraná até a foz do Rio da Prata, daí então se voltando para o litoral sul do Brasil.

Nesse panorama de ocupação regional Imbituba se apresenta como um local de grande potencial arqueológico onde atualmente existem 43 (quarenta e três) sítios arqueológicos mapeados, sendo 42 (quarenta e dois) relacionados a povos pré-coloniais como os sambaquis e Tupiguarani e 1 (um) relacionado com a ocupação colonial  e a prática da caça da baleia. Entre os mais recentes podemos citar o sítio pré-colonial Aldeia Ribanceira I.

O sítio arqueológico Aldeia Ribanceira Ribanceira I editar

 
Escavação de Vasilha da Tradição Tupiguarani. Escavada pela Equipe da Sapienza Arqueologia no sítio arqueológico Aldeia Ribanceira 1, em Imbituba SC. Foto: Sapienza Arqueologia
 
Anzol confeccionado em osso. Escavado pela Equipe da Sapienza Arqueologia no sítio arqueológico Aldeia Ribanceira 1, em Imbituba SC. Foto: Sapienza Arqueologia

O sítio atribuído a Tradição Tupiguarani foi mapeado pela equipe da Sapienza Arqueologia durante o levantamento arqueológico para a implantação de empreendimento residencial no bairro Vila Esperança. Situado em patamar geomorfológico de planície litorânea apresentou contexto de implantação diferenciado, com a camada arqueológica entre 0,60 e 2,0 metros de profundidade.  Com a escavação se percebeu que a estratigrafia do sítio foi marcada por solo arenoso, composto por uma camada escurecida resultante de queima (manchas), cujos dados apontaram para duas grandes manchas de terra escura, com diversos focos de queima. As datações obtidas para o sítio arqueológico mostraram datas entre 404-+40   e  802+-40 AP (antes do presente).

 
Unidade de escavação. Escavada pela Equipe da Sapienza Arqueologia no sítio arqueológico Aldeia Ribanceira 1, em Imbituba SC. Foto: Sapienza Arqueologia

Entre os elementos arqueológicos identificados no salvamento merecem destaques : anzol - confeccionado em osso, lâmina de machado – confeccionado em pedra, e a vasilha de tamanho grande confeccionada em argila, identificada entre 1,90 e 2,20 metros de profundidade, além de uma quantidade expressiva de fragmentos de afiadores líticos, pequenas lascas e peças cerâmicas de diversos tamanhos, que muitas vezes estavam associadas às estruturas de combustão.

Sambaquis editar

Os sambaquis são sítios arqueológicos que foram construídos lentamente, durante muitos anos. “É uma palavra de etimologia Tupi (...). 'Tamba' significa conchas e 'Ki' amontoado, que são as características mais marcantes desse tipo de sítio”. Os sambaquis destacam-se como os sítios arqueológicos mais antigos da costa litorânea brasileira.

 
Sepultamento escavado no sambaqui Cabeçuda-01 em Laguna, Santa Catarina. Foto: Alexandro Demathé. Acerto GRUPEP-Arqueologia
 
Sambaqui Garopaba do Sul em Jaguaruna, Santa Catarina. Foto: Alexandro Demathé

[1]

As características mais marcantes de um sambaqui são a sua forma monticular e o fato de serem constituídos por conchas, berbigões, ostras e moluscos. Os vestígios das ocupações nos sambaquis revelam muitos aspectos de sua cultura, tais como a estratégia ocupacional com feições relacionadas a organização social quando se observam as evidências de sepultamentos por exemplo. É importante descartar também que nas estruturas dos sambaquis são encontradas ostras abertas que possivelmente serviram de alimento e também fechadas, o que demonstra que os sambaquis não são constituídos primordialmente de restos alimentares, e por isso não podem ser classificados como “lixo dos índios”, mas sim um local sagrado elaborado para fins ritualísticos onde eram sepultados os mortos juntamente com alguns objetos ou adornos.

 
Zoólito em formato de peixe. Foto: Alexandro Demathé. Acerto GRUPEP-Arqueologia

Em sítios arqueológicos são encontrados objetos utilitários feitos em pedra e osso, tais como: quebra coquinho, peso de rede, lâmina de machado, amós e pontas de lança óssea que eram presas em hastes de madeira e utilizadas na captura de pescados. Além de artefatos utilitários, confeccionavam adornos diversos, tais como colares, coroas e tembetás, para isso utilizavam conchas e dentes de animais, como tubarão, porcos-do-mato e jacaré, para pingentes, o que pode ter um significado importante na vida dos sambaquieiros, pois são animais agressivos, apresentando dificuldades para a caça ou a pesca dos mesmos. Todos esses artefatos citados são encontrados dentro da estrutura monticular do sambaqui e muitas vezes estão associadas a sepultamentos humanos. Ainda, entre os objetos mas que raramente são encontrados podemos destacar as esculturas conhecidas como Zoólitos (zoo = animal, lito = pedra) que impressionam pela aparência fidedigna com os animais que representam tais como, peixes, aves, tatus e outros.[2][3]

Ceramista - Guarani editar

 
Cerâmica Guarani. Foto: Alexandro Demathé. Acerto GRUPEP-Arqueologia

Os Ceramistas Guarani chegaram a Santa Catarina por volta de 700 anos A.P. Migraram da Amazônia, seguindo o rio Paraguai e Paraná, até a foz do rio da Prata, voltando-se para o litoral sul do Brasil.

Os Guarani que habitavam o litoral Catarinense são da Tradição Tupiguarani, esta tradição é “fruto de uma relação complexa entre dois tipos de classificações, uma linguística e outra cerâmica, que tem origem na história da pesquisa etnográfica do país.”.

A busca por novos territórios foi motivada por uma série de fatores, nos quais se destacam: uma mudança social e política dentro do sistema organizacional do grupo e a escassez de recursos na região Amazônica gerada pelo fenômeno El Niño que pode ter sido responsável pela famigerada busca pela “Terra sem Males”.

 
Cerâmica Guarani. Vasilha escavada pela equipe da Sapienza Arqueologia no sítio arqueológico Aldeia Ribanceira 1, em Imbituba SC. Foto: Sapienza Arqueologia
 
Cerâmica Guarani restaurada. Vasilha escavada pela equipe da Sapienza Arqueologia no sítio arqueológico Aldeia Ribanceira 1, em Imbituba SC. Foto: Sapienza Arqueologia

Construíam suas aldeias geralmente em áreas de posições elevadas, nas encostas dos morros e próximos a rios, locais com boa visibilidade, que proporcionasse melhores condições naturais para sobrevivência do grupo, em especial, o desenvolvimento da agricultura de subsistência, pesca, caça e coleta. Confeccionavam seus artefatos em pedra, madeira e barro, entre os objetos feitos com pedra se destacavam as lâminas de machado polido, os enxós, os afiadores e os tembetás, este último, usado como adorno.  Entre os artefatos em madeira se podem citar as lanças e os arcos de lançar as flechas, esses objetos são raramente identificados nos sítios arqueológicos, uma vez que são constituídos de material degradável, e não resistem ao tempo. Contudo, o artefato cerâmico representado pelas vasilhas e potes são elementos determinantes para a caracterização de um sítio arqueológico Guarani. A confecção desses objetos representa muito além do utilitário cotidiano de cozinhar e armazenar alimentos servia como parâmetro de status social de uma tribo perante outras, e também poderiam servir de urna funerária, quando de tamanho grande, sendo esta sua última finalidade. Além disso, a confecção dessas vasilhas cerâmicas influenciava fortemente na escolha do espaço geográfico para o acampamento do grupo, uma vez que, por variar de tamanho (grande e médio porte) não eram de fácil mobilidade, dificultando o nomadismo e contribuindo para a fixação do grupo em lugares com matéria-prima (argila).[4][5][6][7][8][9][10]

Ceramista - Jê editar

 
Cerâmica Jê. Foto: Alexandro Demathé. Acerto GRUPEP-Arqueologia

Os ceramistas Jê, migraram do centro-oeste do Brasil e chegaram a Santa Catarina por volta de 1.000 anos A.P. Habitavam regiões da encosta e planalto, porém há registros arqueológicos e etnográficos de ocupação sazonal desses grupos no litoral Catarinense [11]. Desse modo, no inverno aproveitavam a safra de pinhão, e no verão, desciam para o litoral em busca de alternativas alimentares para a subsistência. Em Araranguá não há até o momento registro de sítios arqueológicos atribuídos a esses grupos, no entanto o que se sabe é que os municípios limítrofes localizados próximo a encosta da serra é comum a presença vestígios arqueológicos e dados etnohistóricos relacionados a eles.

Viviam em aldeias e possuíam uma média e baixa mobilidade territorial, uma vez que praticavam a horticultura, porém tinham forte dependência da caça e da coleta de frutos. Suas habitações eram basicamente de dois tipos: piso rebaixado e as mais duradouras construídas na superfície do chão. As estruturas de piso rebaixado são atualmente um importante indicador de sítio arqueológico atribuído a esses grupos, já que a depressão no solo é comumente evidenciada de forma rasa, aliada ou não a evidências de carvão e fragmentos líticos e cerâmicos [11][12][13].

A matéria prima utilizada na confecção dos artefatos se resumia a pedra, o barro, e a madeira, esta última porém, não é encontrada em sítios arqueológicos, uma vez que é degradável e não resiste ao tempo. No entanto, como há registro documental de contato desses grupos com os colonizadores europeus, as informações relativas ao modo de vida são bastante abrangentes. Entre os artefatos confeccionados, podemos citar os utilitários feitos em pedra - enxó e lâmina de machado,  os de barro - vasilhas geralmente pequenas e de espessura fina, e os adornos em pedra e madeira conhecidos como tembetás.

Período colonial - povoamento editar

A história de Imbituba é bem mais antiga do que a data de sua fundação. Sua ocupação humana tem início no período Pré-colonial, com os grupos indígenas sambaquis e posteriormente os ceramistas Jês e Guarani, este último também conhecido como Carijó. Os Carijós tiveram contato direto com os imigrantes açorianos e madeirenses que vieram para Santa Catarina em meados do século XVIII (1748-1756) [14].

Em 1534, as terras do Brasil pertencentes a Portugal foram divididas em capitanias pelo rei D. João III, sendo criada a Capitania de Santana localizada onde hoje é o território de Imbituba e municípios adjacentes no sul do Brasil [15]. Em 1622 os padres missionários Antônio Araújo e Pedro da Mota, chegaram a Imbituba, com o objetivo de catequizar os índios Carijós, fixando-se onde hoje está o Santuário de Santa Ana, em Vila Nova. Os padres missionários permaneceram na Capitania de Santana até 1624, seguindo para a Capitania de Santo Antônio dos Anjos da Laguna onde deram prosseguimento ao processo de catequização dos nativos [16] apud [17]. Os índios Carijós que habitavam a região litorânea de Vila Nova e Laguna moravam em choças de palha, cujo na arqueologia atualmente são evidenciados apenas os vestígios cerâmicos deixados por esses grupos [14].

Por volta de 1675, seis famílias oriundas de Laguna chegaram a Vila Nova e ocuparam as terras próximas (Vila Nova, Imbituba e Mirim), construindo seus casebres. Junto, trouxeram alguns poucos escravos o que lhes permitiram iniciar o plantio de determinados cereais [14].

Entretanto, o início do povoamento de Imbituba se deu efetivamente, no ano de 1715, com a chegada do Capitão Manoel Gonçalves de Aguiar, quando, por determinação do Governador do Rio de Janeiro, realizava viagens de inspeção às colônias do sul do Brasil, ocasião em que verificou se tratar de uma região promissora, no setor da pesca [16]. Foi nesse episódio que o Capitão recebeu a recomendação de formar a Armação Baleeira, considerada um dos principais potenciais da região [16] [18].

Em 1720, chegou a Vila Nova uma expedição de imigrantes portugueses, composta por casais procedentes das ilhas dos Açores e da Madeira. Esses casais, comumente jovens e com poucos filhos, eram recrutados por portugueses na promessa de uma vida melhor, visto a situação dos Açores naquele período [16].

Em fins do século XVI (1590) as ilhas dos Açores começou a enfrentar problemas sociais e econômicos, devido a falta de planejamento no seu povoamento: a fome, a desigualdade, o isolamento oceânico e também as condições geoclimáticas e sísmicas, foram algumas das repercussões dessa crise que impulsionaram muitos emigrantes a embarcarem para o Brasil [19] apud [17].

O processo de colonização do Estado de Santa Catarina implicou em uma evolução sócio demográfica e cultural com características muito específicas ao longo dos tempos. Os dados históricos indicam que a ocupação populacional de origem europeia e o desenvolvimento econômico do atual Estado de Santa Catarina, processaram-se de forma bastante lenta, em meados do século XVII, acelerando na segunda metade do século XIX e explodindo a partir de meados do século XX [17].

A colonização de Santa Catarina marca um cenário de lutas entre nativos e brancos, que resultou na expansão do território e expulsão dos indígenas das terras litorâneas. Consequentemente, como resultado desse processo tem-se uma mistura de povos e de culturas, que hoje pode ser vista nas expressões culturais de base luso-açoriana muito presente no sul catarinense [17].

Fundação da Vila Nova de Santana e Santana do Mirim editar

Os imigrantes açorianos recém chegados ao sul de Santa Catarina, logo iniciaram a colonização. Enquanto alguns prepararam a terra para o plantio, outros se dedicaram à pesca. No povoado de Vila Nova, ficou a maioria dos açorianos. Daí a razão pela qual se afirma que Vila Nova foi fundada antes de Imbituba [17].

No ano de 1747, os portugueses açorianos construíram uma capela no povoado de Vila Nova, colocando em seu altar a imagem de Santa Ana, trazida na expedição. Verificando o bom desenvolvimento do povoamento, o Rei de Portugal D. João V autorizou o Conselho Ultramarino a enviar mais uma leva de imigrantes para se fixarem na região litorânea, onde hoje se situa o município de Imbituba [18][16]. Esses novos imigrantes também se dedicaram a agricultura e pesca, recebendo orientações dos imigrantes que vieram anteriormente, dessa forma sabiam quais produtos cultivar e como pescar tanto no oceano como na lagoa [16].

Em 1755 foi fundada a Freguesia de Vila Nova de Santana. Considerada um ponto estratégico para o povoamento local, sua formação permitiu o surgimento de outras vilas, como Mirim e Imbituba que antes pertenciam a Vila Nova, bem como, a formação da Vila de São João Batista, que deu origem ao município de Imaruí [14].

No ano de 1856, foi criada a freguesia de Santana do Mirim, que se desmembra de Vila Nova. A colonização do Mirim ocorreu paralelamente à de Vila Nova, constituída por vicentista oriundos de Laguna e por indivíduos descendentes de açorianos que residiam na região do Rio D’Una, atual bairro do município de Imaruí. Em 1844, foi edificada a igreja de Sant'ana do Mirim na Vila de Santana do Mirim, fortalecendo ainda mais os laços dos imigrantes com o território local [20].

Em 1840 Imbituba registrou uma população de 2.874 habitantes, dos quais 400 eram escravos. No ano de 1866 Santana do Mirim já havia ultrapassado a população de Vila Nova e registrou um total de 2.172 habitantes, contra 1.086 de Vila Nova. A população de Imbituba somou naquele ano um total de 3.258 habitantes. Nesse período já havia sido desmembrado o arraial de Imaruí para formar uma nova freguesia [21].

Armação baleeira editar

A pesca da baleia foi estabelecida oficialmente no Brasil no século XVII, quando em 1602, Felipe II, Rei da Espanha e Portugal, deu a concessão para o início da captura de baleias francas. No ano de 1796 por determinação do Marquês de Pombal foi instalada a quarta armação baleeira do Brasil localizada em Imbituba [16] [18].

Na época, a instalação na armação baleeira foi sinônimo de progresso regional. A gordura do animal derretida resultava em tonéis de óleo que eram utilizados como matéria-prima mantenedora da iluminação pública de São Paulo e Rio de Janeiro. A construção civil também se beneficiou dessa prática, já que o óleo também era utilizado como argamassa  para o reboco das edificações construídas naquele período [16] [18] [22].

A decadência das armações baleeiras tem início quando em 1801, foi assinado um decreto que estipulou o fim dos monopólios e consequente perda dos subsídios do governo imperial para as armações. Entre os anos de 1867 a 1870 a descoberta do petróleo americano com a fabricação do querosene contribuiu ainda mais para esse processo, juntamente com a fabricação do cimento Portland, uma vez que o óleo da baleia que era adicionado à argamassa seria substituído pelo cimento, o que tornaria tudo mais prático [16] [22].

Contudo, somente no ano de 1973 efetivamente o ciclo de pesca da baleia franca chega ao fim, levando à espécie à beira da extinção. Em 1982 ambientalistas liderados por Ibsen de Gusmão Câmara, redescobriram no Estado de Santa Catarina as últimas baleias francas brasileiras e iniciaram uma ação pela preservação e recuperação da espécie [23].

Atualmente Imbituba abriga o Projeto Baleia Franca, uma ONG, localizada na Praia de Itapirubá, que tem como objetivo realizar pesquisa e garantir à conservação e proteção a baleia franca [17].

Porto de Imbituba editar

A história do Porto de Imbituba está diretamente ligada à descoberta do carvão mineral no sul de Santa Catarina. No ano de 1835 a Assembléia Provincial de Santa Catarina encaminhou ao governo imperial um projeto solicitando a abertura de uma companhia para explorar o carvão na região. Assim, atendendo a solicitação da Assembléia em 1837 Santa Catarina oficializou a descoberta do carvão mineral, o que gerou uma grande estruturação política e econômica para a implantação da Estrada de Ferro e do Porto para viabilizar o escoamento do mineral [16].

No ano de 1876 a exploração das jazidas carboníferas tem início através do capital estrangeiro representado pelas empresas: “The Tubarão Coal Mining Company Limited”, responsável pela extração mineral e pelos estudos de viabilidade para implantação do porto em Imbituba e a “The Donna Thereza Cristina”, que foi a responsável pela construção da estrada de ferro que integrou os municípios de Imbituba, Laguna, Tubarão, Jaguaruna, Criciúma, Lauro Muller, Urussanga e Araranguá [16] [22].

No ano de 1871 o projeto para a construção do Porto de Imbituba estava em processo, sendo previstos além de uma estrutura básica administrativa, a construção de um quebra-mar com galerias arcadas submersas. Contudo, o projeto precisou ser alterado por determinação do governo, sendo construído apenas um trapiche com 70 metros de extensão na mesma enseada onde arpoavam as baleias [16] [22].

Em 1894 ocorreu a primeira crise que afetou o Porto de Imbituba, nela foi colocado em dúvida a qualidade do carvão extraído na região. Portanto, para diluir esse evento, políticos locais promoveram um movimento a fim de obter incentivos comerciais, que foram sancionados apenas em 1895. Depois dessa primeira crise a companhia inglesa “The Tubarão Coal Mining Company Limited”, foi vendida para a empresa “Lage & Irmãos” [16] [22].

A partir de 1889 o Porto de Imbituba já era considerado o principal centro de escoamento de carvão do sul do Brasil. Portanto, apenas no ano de 1919 que a obra de infraestrutura projetada inicialmente foi completamente efetivada dando maior aporte estrutural ao Porto.

Emancipação político administrativa editar

A criação e emancipação política e administrativa de Imbituba  ocorreu quando a região demonstrou os primeiros indícios de que poderia manter-se independente economicamente de Laguna.  Na cronologia esse processo se inicia no ano de 1923 e termina em 1958, com a emancipação final do município.

A seguir serão relatados episódios que elucidam esse processo de maneira cronológica.

  • 30 de outubro de 1923: é aprovada pelo governador Hercílio Pedro da Luz a Lei nº 15.451que determina que o ex-município de Garopaba e os dois distritos de Vila Nova e Mirim, pertencentes à Laguna, se tornem um único município com a denominação de Imbituba, sendo sua instalação efetivada em 1 de janeiro de 1924 [18].
  • 6 de outubro de 1930: o governador provisório de Santa Catarina através do Decreto n°1 considera que Imbituba recém criada não tem estabilidade econômica para manter-se independente, voltando a fazer parte do território de Laguna na categoria de distrito.
  • Outubro de 1949: o projeto de resolução da Câmara de Laguna eleva o distrito à categoria de município, com o nome de Henrique Lage, permanecendo com essa nomenclatura até 1959, quando foi aprovado na Assembléia Legislativa Estadual o Projeto de Lei n° 446/58 que autorizou a mudança do nome passando a se chamar novamente Imbituba.
  • 21 de junho de 1958: a Lei Estadual n° 348/58 promove a segunda emancipação de Imbituba, sendo instalado o município em 5 de agosto de 1958 com a posse do prefeito provisório Walter Amadei Silva.

Referências editar

  1. DEMATHÉ, Alexandro. Entre sambaquis, redes e naufrágios: arqueologia costeira no Parque Arqueológico do Sul – SC. 2014. 244 f. Dissertação (Mestrado em Preservação do Patrimônio Cultural) - IPHAN, Rio de Janeiro, 2014.
  2. Gaspar, Madu (1 de dezembro de 1999). Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro. [S.l.]: Editora Schwarcz - Companhia das Letras 
  3. Scunderlick Eloy de Farias, Deisi (2000). Arqueologia e Educação: uma proposta de preservação para os sambaquis do sul de Santa Catarina. (Jaguaruna, Laguna e Tubarão). Porto Alegre: Tese (Mestrado)-PUCRS. p. 167 
  4. ALVES, Claudia (1991). «A Cerâmica Pré - histórica Brasileira: Novas Perspectivas Analíticas». Clio Arq. Recife V.1 (7): 11-60 
  5. SCHMITZ, Pedro Inácio (1991). Pré-História do Rio Grande do Sul (PDF). São Leopoldo, RS: Instituto Anchietano de Pesquisas – UNISINOS 
  6. SCHMITZ, Pedro Ignácio (1999). «Caçadores-coletores do Brasil Central». editora UFRJ. Pré-História da Terra Brasilis 
  7. Prous, André (1991). Arqueologia brasileira. [S.l.]: Editora Universidade de Brasília 
  8. Noelli, Francisco Silva (1999). «A OCUPAÇÃO HUMANA NA REGIÃO SUL DO BRASIL: ARQUEOLOGIA, DEBATES E PERSPECTIVAS - 1872-2000». Revista USP (44): 218–269. ISSN 2316-9036. doi:10.11606/issn.2316-9036.v0i44p218-269. Consultado em 6 de janeiro de 2022 
  9. Chmyz, Igor. «TERMINOLOGIA ARQUEOLÓGICA BRASILEIRA PARA A CERÂMICA». Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  10. Brochado, José Proenza (1984). An Ecological Model of the Spread of Pottery and Agriculture Into Eastern South America (em inglês). [S.l.]: University of Illinois at Urbana-Champaign 
  11. a b SCHMITZ, Pedro Ignácio; et al. (2002). «O Projeto Vacaria: as casas subterrâneas no Planalto Rio-grandense». Unisinos. São Leopoldo - RS. Casas subterrâneas nas terras altas do sul do Brasil 
  12. BEBER, Marcus Vinícius (2005). «O sistema de Assentamento dos Grupos Ceramistas do Planalto Sul-brasileiro: o caso da Tradição Taquara/Itararé» (PDF). Unisinos. São Leopoldo - RS. Arqueologia do Rio Grande do Sul. Documentos 10 
  13. DIAS, Jefferson Luciano Zuch (2005). «A tradição Taquara e sua ligação com o índio Kaingang» (PDF). Unisinos. São Leopoldo - RS. Arqueologia do Rio Grande do Sul. Documentos 10 
  14. a b c d Farias, Vilson Francisco de (1998). Dos Açores ao Brasil Meridional: uma viagem no tempo : povoamento, demografia, cultura, Açores e litoral catarinense : um livro para o ensino fundamental. Florianópolis: Centro de Educação, UFSC, Departamento de Metodologia de Ensino. p. 402 
  15. BARBOSA, Aline Miranda. Agricultores e pescadores dos areais da Ribanceira, Imbituba – SC: uso comum da terra e território tradicional. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia). UFSC. Florianópolis, 2011.
  16. a b c d e f g h i j k l m SERAFIM, Armando. Redescobrindo Imbituba Origem e Evolução. Laguna: OPINIÃO – Editores Associados, 2006. 204 p.
  17. a b c d e f ALVES, Luana.  Cultura Escolar e Identidades: Pesquisa com Alunos e Professores do Ensino Médio Inovador da Escola de Ensino Médio Annes Gualberto, Imbituba – SC. (Dissertação de mestrado) Unisul, 2015.
  18. a b c d e MARTINS, Almir. Presença da baleia no sul. Imbituba: Lex Graf, 1998.
  19. Sequeira, Gil Mont'Alverne de (1994). Questões açorianas. Ponta Delgada: Jornal de Cultura. p. 396 
  20. MARTINS, Maria das Graças Barretos. A cultura luso-açoriana em Imbituba no contexto da descaracterização e preservação das práticas culturais. (monografia apresentada ao curso de História da UNISUL – Campus Tubarão), Tubarão, 2006.
  21. FARIAS, Vilson Francisco.  De Portugal ao sul do Brasil:  500 anos, história, cultura, turismo.  Florianópolis: Ed. do Autor, 2001. 840 p.
  22. a b c d e Neu, Márcia Fernandes Rosa (2003). Porto de Imbituba: de armação baleeira a porto carbonífero. Tubarão: Editora Unisul. p. 118 
  23. «A baleia - A matança». Programa de Pesquisa e Conservação da Baleia Franca. Consultado em 12 de junho de 2023