Vélite

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Os vélites (do latim: velites, singular veles) constituíam uma unidade de infantaria ligeira que lutava à frente da legião romana na época da República.

Um vélite, ilustração de Theodore Ayrault Dodge em 1861.[1]

Fundo editar

Os vélites eram recrutados entre as classes mais pobres da sociedade[2] e daqueles que ainda não eram considerados bastante adultos para fazerem parte das unidades de infantaria pesada, normalmente entre 17 e 25 anos.[3] Embora originalmente existissem duas classes de infantaria, rorários e acênsios consideradas mais pobres, desapareceram devido ao seu pouco valor.[4]

Equipamento editar

 
Galeae, elmos básicos dos vélites, de couro acolchado.[1]

Considerados infantaria ligeira e escaramuçadores dentro do exército romano, os vélites portavam um feixe de dardos leves (hastae velitares),[5] que arrojavam ao inimigo a distância. O pescoço destes dardos era desenhado para se dobrar no momento do impacto, o que as tornava inúteis para o inimigo se este desejar fazer uso delas uma vez lançadas (assim como ocorria com os pilos que portavam os legionários pesados). O comprimento destes dardos era de cerca de 80 cm., e a grossura não era muito maior que um dedo, e as suas formas eram variadas.[3]

Coma arma preventiva, também portavam uma espada curta ("gládio") de aproximadamente 74 cm. de comprimento, que usavam caso chegarem ao combate corpo a corpo. Não levavam armadura, salvo exceções, e protegiam-se com um escudo (parma) de madeira circular de aproximadamente 40 cm. de diâmetro.[6] Embora todos os vélites recebessem um elmo de couro acolchoado ou gaela, Muitos deles cobriam-se com gorros de pele de lobo ou outro animal, para se caracterizarem frente ao restante de unidades e se distinguirem frente aos oficiais.

Organização estrutural editar

Por regra geral, formavam 1200 vélites por cada 3000 membros da infantaria romana, ou seja, aproximadamente 1200 por legião. Mas na época de crise, o seu número multiplicava-se, pois eram a unidade mais fácil e barata de equipar e despregar.

 
Vélite

Dentro da legião, estes vélites não formavam as suas próprias unidades: 40 deles eram associados a cada manípulo de (hastados), príncipes e triários.[7] Ao contrário destes contingentes, adotavam uma formação aberta e com pouca coesão, sem estrutura concreta, que permitisse um rápido avanço e retirada, e uma maior mobilidade frente do inimigo.

Táticas editar

Geralmente eram utilizados na primeira linha, para acabar com os escaramuçadores rivais antes de começar o combate.[7] Na batalha, estavam destinados a fustigar às tropas inimigas mediante escaramuças, para minar o seu moral e quebrar a formação. Também cobriam o avanço dos hastados, armados com espadas, e que constituíam a primeira linha de choque.[8]

Após arrojar os seus dardos, retiravam-se através dos ocos abertos entre as linhas de hastados, até a retaguarda. A partir desse momento, a batalha era tarefa destes últimos, melhor armados e protegidos. Resultavam especialmente úteis para acossar elefantes de guerra e carros de combate, graças à sua mobilidade e às múltiplas armas de arremesso, que os tornavam mais efetivos contra eles do que a infantaria pesada. O seu armamento ligeiro tornava-os num curinga em qualquer legião romana.

História editar

Segundo Tito Livio, os vélites formaram parte integrante das legiões após o assédio de Cápua, durante a Segunda Guerra Púnica (211 a.C.), fundamentando-se nas teorias de armas combinadas de Quinto Návio.

As reformas militares de Caio Mário em 107 a.C., desenhadas para afrontar a escassez de soldados, devidas às guerras contra o rei númida Jugurta, acabaram com os diferentes tipos de unidades.[9] Os requisitos de idade e riqueza foram suprimidos: agora os soldados uniam-se ao exército para fazer carreira, mais que para servir à cidade. Eram equipados como infantaria média com um equipamento padrão financiado pelo estado. As auxilliae, tropas locais de irregulares, agora adotavam outros roles como o tiro com arco, a escaramuça e manobras de ladeamento.[10]

Referências

  1. a b Hannibal de Theodore Ayrault Dodge
  2. Southern, Pat. The Roman Army : A Social and Institutional History. [S.l.]: Oxford university press. 92 páginas. ISBN 0195328787 
  3. a b Dodge, Theodore A. (1891). Hannibal, a history of the art of war among the Carthaginians and Romans down to the Battle of Pydna, 168 B. C., with a detailed account of the Second Punic War. [S.l.]: Boston & New York : Houghton Mifflin Company. pp. 51–52. ISBN 0-306-81362-9 
  4. Southern, Pat. The Roman Army : A Social and Institutional History. [S.l.]: Oxford university press. 90 páginas. ISBN 0195328787  Parâmetro desconhecido |dataccesso= ignorado (ajuda)
  5. * Glasman, Gabriel (2007). Aníbal, inimigo de Roma. Pela sua inexperiência e débil equipamento, esta unidade retrocedia imediatamente após arrojar as suas dardos, abrigando-se nos espaços deixados pela seguinte linha de ataque. 1ª ed. [S.l.]: Edicións Nowtilus S.L. 115 páginas. ISBN 978-849763309-3 
  6. Mommsen, Theodor. The History of Rome, Book III : From the union of Italy to the subjugation of Carthage and the Greek states. Col: The History of Rome. [S.l.: s.n.] 
  7. a b Smith, William. A Dictionary of Greek and Roman Antiquities. [S.l.]: Little, Brown, and Co. 496 páginas 
  8. Penrose, Jane. Rome and Her Enemies : An Empire Created and Destroyed by War. [S.l.]: Osprey publishing. 33 páginas. ISBN 1841769320 
  9. Southern, Pat. The Roman Army : A Social and Institutional History. [S.l.]: Oxford University Press. 94 páginas. ISBN 0195328787  Parâmetro desconhecido |situação= ignorado (ajuda); Parâmetro desconhecido |data acesso= ignorado (ajuda)
  10. Smith, William. A Dictionary of Greek and Roman Antiquities. [S.l.]: Little, Brown, and Co. 506 páginas 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «vélites».

Ver também editar