Valentiniano I (Cíbalas, 321 – Brigécio, 17 de novembro de 375), algumas vezes chamado de Valentiniano, o Grande, foi o Imperador Romano do Ocidente de 364 até sua morte.

Valentiniano I
Valentiniano I
Imperador Romano do Ocidente
Reinado 26 de fevereiro de 364
a 17 de novembro de 375
Predecessor Joviano
Sucessores Graciano e Valentiniano II
Coimperadores Valente (oriente)
Graciano (367–375)
 
Nascimento 321
Cíbalas, Panônia,
Império Romano
Morte 17 de novembro de 375 (54 anos)
Brigécio, Panônia Valéria,
Império Romano
Esposas Marina Severa
Justina
Descendência Graciano
Valentiniano II
Gala
Grata
Justa
Dinastia Valentiniana
Pai Graciano Maior

Biografia editar

Carreira Militar editar

O pai de Valentiniano, Graciano, o Velho, era um talentoso oficial do exército, e que se comprometeu com sucesso com a carreira militar.

Em 357 fazia parte do exército do césar do Ocidente Juliano, o Apóstata, comandando a cavalaria. A Tribuna do prefeito Barbácio, Cela, impediu o tribuno Bainobaldo e a Valentiniano de atacarem os Alamanos que retornavam de uma incursão em território romano: Barbácio fez um falso relatório ao imperador Constâncio II, colocando a culpa da falta de ação em Valentiniano e Bainobaldo, que foram demitidos e mandados para casa.[1]

Em 363 subiu ao trono Joviano, que restaurou o cristianismo e chamou Valentiniano para o exército, confiando-lhe por fim o comando da unidade da tropa pessoal do imperador.

Reino editar

Ascensão ao poder editar

Foi proclamado imperador pelo exército romano em Niceia (atual İznik, na Turquia), aquando da morte de Joviano. Antes de ser nomeado, foi proposta a coroa ao prefeito Salústio, que a recusou duas vezes. Após terem considerado os outros nomes possíveis, à nomeação do imperador Valentiniano, os soldados acolheram por unanimidade a proposta que foi aprovada por Salústio. Ocorreu a 26 de fevereiro de 364 e ele tinha quarenta anos. Depois de receber a coroa e o roxo, os soldados, que, inicialmente, o aclamaram, ordenaram-lhe que nomeasse um colega (co-imperador) imediatamente. Valentiniano respondeu com o seguinte discurso:

« Há poucos instantes, meus companheiros soldados, estava em nosso poder deixar-me na escuridão de uma condição privada. A julgar pelo testemunho de minha vida passada, que eu merecia reinar, me houvestes colocado no trono. Portanto é meu dever promover a saúde e o proveito da Republica. O peso do Universo é muito grande, sem dúvida, para a mão de um débil mortal. Eu sei quais são os limites da minha força e a incerteza da minha vida; e longe de fugir, eu estou ansioso de solicitar ajuda de um digno colega. Mas onde a discórdia pode ser fatal, a escolha de um fiel amigo requer uma madura e séria deliberação. Disto eu tratarei. A vossa conduta seja fiel e constante. Retirai-vos ao vosso quartel; refrescai o espírito e o corpo; e esperai pela normal doação na ocasião da elevação ao trono de um novo Imperador.»

Instalou-se em Mediolano (atual Milão) e associou-se ao seu irmão Valente.

Conduzido a Niceia, o Imperador decide seguir o conselho do exército: dirige-se para Nicomédia ou Constantinopla e naquela capital, 30 dias depois de sua coroação, Valentiniano nomeou o seu irmão Valente Augusto do Oriente, e levou-o para as prefeituras ocidental e Ilíria.

Política interna e religiosa editar

Parece que o governo de Valentiniano era justo e tolerante. Certamente tiveram mais atenção os seus soldados, que a decadente classe senatória. Também aumentou os seus salários, pagando-lhes em espécie - uma característica do final do império - como por exemplo com gado. Para fazer face às despesas militares teve que aumentar vertiginosamente os impostos, que eram sobretudo cobrados dos proprietários de terras. Defesas sistematicamente fracas, impedindo a exposição de bebés, instituindo o " defensor do povo", fundou escolas e garantiu a cobertura sanitária aos habitantes de Roma. Também favoreceu o ensino de retórica e da gramática em cada província do Império.

Ficou também conhecido por alguns hábitos bizarros como os de queimar em sua frente os cortesões que caíam em desgraça ou jogá-los como comida para suas duas ursas favoritas, Migalha de Ouro e Inocência.

Fervoroso cristão, com a ajuda do Papa Dâmaso I em 371 adotou uma não comum política de tolerância religiosa.

Política externa editar

Desenvolveu eficaz atividade bélica contra os alamanos aos quais expulsou da Gália. Estabeleceu a paz na Britânia e sufocou uma revolta dos donatistas da África.

O exército foi imediatamente posto em causa pela revolta de Procópio, um descendente de Juliano, mas Valente derrotou o seu exército em 366 e executou o rebelde. Mas o maior perigo eram os Germanos, que a partir da fronteira Reno-Danúbio, pressionando o território romano com frequentes incursões. Como haviam feito todos os imperadores da época de Diocleciano, Valentiniano também estabeleceu a sua sede em Milão, para estar mais perto do campo de batalha. Na primeira, ele teve que lutar contra os Alamanos, que haviam conquistado Mogoncíaco (atual Mogúncia - por isso decidiu mudar-se para Lutécia (atual Paris) e depois para o norte para lutar contra os saxões que tentavam invadir a Britânia. No final residiu na Germânia por sete anos, construindo novas fortificações no Reno e um castelo em Basileia. Como de costume, tentou dividir as diferentes tribos e lançá-los uns contra os outros; também os Germanos derrotados se estabeleceram em territórios romanos como colonos.

Em 372 começou em África revolta de Firmo, rebelando-se contra o corrupto conde Romano. Valentiniano, enviou aquela província Teodósio, que depois de uma longa campanha debelará a revolta em 375, quando Valentiniano promulgará decretos contra os donatistas, culpados de terem apoiado Firmo.[2]

Em 374 foi para o Danúbio, na Panónia, para lutar contra os Quados e os jázigos, uma tribo Sármatas de origem iraniana. No ano seguinte, a 17 de novembro, morreu durante uma entrevista com os Quados por um acidente vascular cerebral.[3]

A sua primeira esposa foi a mãe de Graciano a segunda de Valentiniano II.

Árvore genealógica editar

Referências

  1. Amiano Marcelino, xvi.11.6—7.
  2. Walter E. Roberts (18 de Agosto de 1998). «Firmus (ca.372-ca.375 A.D.)». Consultado em 14 de novembro de 2014 
  3. Amiano Marcelino, Res gestae, 30.6.1-6.
 
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Precedido por
Joviano
 
Imperador romano

364 — 375
Sucedido por
Graciano
Valentiniano II
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