Verbascum virgatum

Verbascum virgatum é uma espécie de planta com flor pertencente à família Scrophulariaceae.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaVerbascum virgatum

Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Ordem: Scrophulariales
Família: Scrophulariaceae
Género: Verbascum
Espécie: V. virgatum
Nome binomial
Verbascum virgatum
Stokes

A autoridade científica da espécie é Stokes, tendo sido publicada em A Botanical Arrangement of British Plants (ed. 2) 1: 227. 1787.[1]

Nomes comuns editar

Dá pelos nomes comuns de barbasco,[2] blatária-grande, blatária-maior,[3] verbasco[4] ou verbasco-das-varas.[5][6]

Sendo certo que os termos barbasco, blatária e verbasco dizem respeito a todas as plantas do género Vesbascum.[4][7]

Etimologia editar

«Verbasco» e «barbasco» são ambos variantes do termo latino verbascum, a primeira chega ao português moderno por via erudita[4] e a segunda palavra chegou ao português moderno por via popular.[2]

Quanto ao substantivo blatária, este advém do termo latino «blattarĭa», que significa «erva das baratas; erva mata-baratas».[3]

Descrição editar

É uma planta herbácea perene, hemicriptófita, bienal e pubescente, com folhas alternas e flores amarelas.

Os talos podem ascender até aos 150 centímetros de altura, são lisos, com pêlos tectores simples, bifurcados ou mesmo trifurcados, verdejantes ou avermelhados.[8] As folhas são alternas, de formato oblongo-lanceolado ou dentadas, exibem uma coloração verde mate.[8]

As flores são simples, distribuindo-se na ordem das duas a cinco por fascículo, em cada bráctea, com a flor principal provida de 2 bracteolas.[8] Floresce de Junho a Setembro.[6]

Distingue-se do Verbascum barnadesii por este ter pedicelos bastante compridos, por sinal, maiores do que cálice das flores, ao passo que o barbasco bastante curtos, indiscutívelmente mais curtos do que os cálices.[9]

Distribuição editar

 
Flores

A espécie é nativa do Reino Unido, Itália, França, Espanha (incluindo as Ilhas Canárias) e Portugal (incluindo os arquipélagos da Madeira e dos Açores). Estando, também, naturalizada na África do Sul, nos Estados Unidos, na América do Sul, na Austrália, na Nova Zelândia, Melanésia e Polinésia.[10]

Portugal editar

Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental, no Arquipélago dos Açores e no Arquipélago da Madeira.[6]

Encontra-se, concretamente, nas zonas do Noroeste ocidental, do Noroeste montanhoso, do Nordeste ultrabásico, da Terra quente transmontana, do Centro-norte, do Centro-oeste calcário, do Centro-oeste arenoso, do Centro-oeste olissiponense, do Centro-leste motanhoso, do Centro-leste de campina, do Centro-sul miocénico, do Centro-sul plistocénico, do Sudeste setentrional e do Sudeste meridional.[6]

Em termos de naturalidade, é nativa de Portugal Continental e Arquipélago da Madeira e introduzida no arquipélago dos Açores.

Habitat e ecologia editar

 
Folhas

Trata-se de uma planta ripícola e ruderal, capaz de prosperar tanto entre matagais, como em courelas agricultadas.[9]

Dessarte, encontra-se em comunidades ao pé de estradas, em veigas, em charnecas e escarpas, onde o solo seja húmido, idealmente ácido e com apreciável teor nitroso.[9][8]

Protecção editar

Não se encontra protegida por legislação portuguesa ou da Comunidade Europeia.

Taxonomia editar

Citologia editar

Número de cromossomas da Verbascum virgatum (Fam. Scrophulariaceae) e táxones infraespecíficos: 2n=64, 66[11]

Etimologia editar

Verbascum: nome genérico que deriva do vocablo latino Barbascum (barba), referindo-se às velosidades que recobrem a planta.[12]

virgatum: epíteto latino que significa "com ramadas".[13]

Sinonímia editar

 
Barbasco a crescer junto à berma da estrada
  • Blattaria virgata (Stokes) Fourr.
  • Verbascum blattarioides var. crenatum Rouy in Rouy & Foucaud
  • Verbascum blattarioides var. lusitanicum Schrad.
  • Verbascum blattarioides var. sublobatum Rouy in Rouy & Foucaud
  • Verbascum blattarioides Lam.
  • Verbascum celsiae Boiss.
  • Verbascum grandiflorum Schrad.[14]

Folclore editar

No ensejo do folclore português, o naturalista, Arruda Furtado chegou a relatar as crenças populares dos Açores, mais propriamente da ilha de São Miguel, que atribuiam à boliana a faculdade de conceder fortuna ao seu detentor, contanto que se plantasse junto do verbasco, do trovisco e da bela-luz.[15]

Com efeito, faz parte da crendice popular micaelense, do século XIX, que da união do verbasco com a boliana,[16] nascia, a cada sete anos, na noite de São João, das flores da boliana uma pena, como a dos patos, com que se podia escrever. Além de dar sorte, acreditava-se que era com essa pena que as bruxas subscreviam os pactos de sangue com o diabo.[17]

Referências

  1. Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 7 de Outubro de 2014 <http://www.tropicos.org/Name/29201570>
  2. a b Infopédia. «barbasco | Definição ou significado de barbasco no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  3. a b Infopédia. «blatária | Definição ou significado de blatária no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  4. a b c Infopédia. «verbasco | Definição ou significado de verbasco no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  5. Infopédia. «verbasco-das-varas | Definição ou significado de verbasco-das-varas no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  6. a b c d «UTAD- Jardim Botânico - Verbascum virgatum». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 21 de janeiro de 2020 
  7. S.A, Priberam Informática. «Consulte o significado / definição de verbasco no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o dicionário online de português contemporâneo.». dicionario.priberam.org. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  8. a b c d Castroviejo, S. (coord. gen.). 1986-2012. Flora iberica 71-72. Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid.
  9. a b c «Flora-On | Flora de Portugal interactiva». flora-on.pt. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  10. «Taxon: Verbascum virgatum Stokes». Germplasm Resources Information Network (GRIN). United States Department of Agriculture, Agricultural Research Service, Beltsville Area. Cópia arquivada em 6 de outubro de 2012 
  11. Contribution à la connaissance cytotaxinomique des spermatophyta du Portugal. Fernandes, A., M. Queirós & M. F. Santos (1977) Bol. Soc. Brot. ser. 2 51: 37-90
  12. «ONLINE LATIN DICTIONARY». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  13. http://www.winternet.com/~chuckg/dictionary/dictionary.188.html
  14. «Verbascum virgatum». Real Jardín Botánico: Proyecto Anthos. Consultado em 6 de Janeiro de 2013 
  15. Arruda Furtado, Francisco (1883). MATERIAIS PARA O ESTUDO ANTROPOLÓGICO DOS POVOS AÇORIANOS.OBSERVAÇÕES SOBRE O POVO MICAELENSE (PDF). Ponta Delgada, São Miguel, Portugal: Tipografia Popular. p. 41  «A mais complicada e curiosa superstição micaelense que temos encontrado é a da boliana. A boliana, contracção de valeriana, é uma planta indispensável para se ter fortuna; mas para isto carece de estar sempre ao pé dos seus três companheiros, o verbasco, o trovisco e a bela-luz, e que se lhe diga todos os dias estas cantigas: "Bons dias, minha menina! Boliana minha amiga,/Como passastes a noite? verbasco teu companheiro,/Tu comigo e eu sem ti, hás’ pedir ao meu amor/e tu no coração doutro. Que me dê muito dinheiro." Quando se rega a boliana é preciso dizer-lhe: "A água que vem da serra,/vem de regar os craveiros;/também te venho aguar,/minha nobre cavalheira» « As pessoas que emigram levam consigo folhas dela, para lhes dar sorte»
  16. Leite de Vasconcelos, José (1882). Tradições populares de Portugal. Porto: Typographia Occidental. p. 315. 350 páginas 
  17. Braga, Teófilo (1885). O povo portuguez nos seus costumes, crenças e tradições, Volume 2. Porto: .Livraria Ferreira. pp. 73–74  «O mais curioso desta superstição é que o povo crê que de sete em sete anos, na noite de S. João, a boliana dá uma flor que é exactamente do feitio duma pena de pato e com que também: se pode escrever. Para a poder colher é preciso ir à meia noite com um guardanapo de olhos pela cabeça, e a flor, ao ser cortada, dá uma grito. Afirma-se que muitos escrivães possuem uma pena destas e que a isto devem a sua fortuna»

Bibliografia editar

Ligações externas editar

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