Voto Neves

músico angolano

Aurélio de Oliveira Neves, mais conhecido por Voto Neves (Luanda em 1 de Dezembro de 1880 - janeiro de 1961), foi um músico, compositor, musicólogo, agricultor, empresário e poeta angolano. Foi uma figura emblemática do Grupo Teatral Ngongo.[1]

Imagem de Voto Neves músico e poeta angolano

Biografia editar

Filho de Francisco José das Neves (1817 Sousel - 1891 Luanda) Republicano terá emigrado em 1845 por razões politicas, de profissão farmacêutico e boticário também fazia de médico foi um grande terra tenente, em 1891 as suas terras (Bemposta) incluíam a ilha do Mussolo, criou um xarope que teve grande sucesso entre a população, tinha uma rua com o seu nome em Luanda, cujos dizeres eram "Francisco José das Neves primeiro farmacêutico e boticário angolano". Entre 1846 e 1847 foi vogal da junta da fazenda. Era um homem muito influente e dedicado à comunidade, e Dona Josefa Aurélia de Oliveira (Luanda ? - Luanda ?) descendente de nobres, de acordo com os historiadores angolanos os antepassados de D. Josefa viajavam na frota que conduzia D. João VI para o Brasil pressionado pelas invasões francesas, quando aportaram em Cabo - verde alguns dos navios já não estavam em condições de viajar para o Brasil e dirigiram - se para Angola, comerciante e proprietária agrícola (arimo) a sua fazenda (Fonseca), ficava no sul de Luanda na barra do Bengo. As Donas no século XIX pertenciam à classe alta, acumulavam heranças e só se podiam casar de preferência com comerciantes ou oficiais da marinha portugueses, eram ensinadas a tocar piano, bordar, cozer, a ler e a escrever, viviam em sobrados, grandes mansões, dedicavam - se ao comércio porque havia poucos homens e as Donas tinham de ajudar a alavancar a economia, cultivavam, milho, feijão, e mandioca que depois vendiam nos mercados em Luanda. Voto Neves tinha ascendência escocesa de apelido William ou Williamson e espanhola de apelido Ximenes por parte do seu progenitor. A sua alcunha "Voto" deriva do fato de ter nascido no dia 1.º de Dezembro, que em Luanda era o dia de as pessoas irem votar e de nessa época darem uma alcunha ao recém nascido de acordo com algo importante que tivesse acontecido nesse dia. Outras hipóteses são: o seu pai republicano convicto quando Voto Neves nasceu terá exclamado mais um voto para a Republica ou como Voto Neves era um filho da velhice e o filho mais novo o seu pai prometeu se o filho nascesse saudável iria colocar um ex - voto na Igreja.

Voto Neves foi percursor da música popular angolana, tocava e cantava músicas portuguesas e africanas, lia e conhecia música. Destacou-se como compositor da rebita, um estilo que combinava acordeão com harmónica. Estudou a fundo o folclore angolano[2] e transpôs para a guitarra muitas composições africanas. Era a guitarra o seu principal instrumento, mas também tocava outros como a sanfona, viola, acordeão e harmónica.

Destacou-se nos anos 1930, 1940 e 1950 como músico e cantor. Como musicólogo tecia considerações sobre música, defendendo a semelhança pelo menos eufórica e melódica da música brasileira com a angolana, acreditando que o Baião tinha raízes africanas. Chegou a ser professor e pedagogo ensinando aos seus alunos as técnicas e composições que tinha estudado ao debruçar-se sobre o folclore de seu país.

Antigo funcionário dos caminhos de ferro de Angola, reformou-se e criou a fazenda Bemposta, com as terras que os seus progenitores lhe deixaram. Fazendeiro e comerciante de sucesso criava gado e tinha uma vacaria que vendia leite a Luanda. Foi também agricultor e em conjunto com outros negócios fez de Voto Neves um dos homens mais ricos de Luanda.

Foi ainda autarca e tesoureiro da câmara municipal de Luanda,[2] editando um dicionário de Português-kimbundo e Kimbundo-português, línguas que dominava. Foi um dos fundadores da Liga Nacional Africana, que lutou pelos direitos dos nativos africanos. Tem uma rua em Luanda que alude à sua memória “Rua dos fundadores da liga nacional africana”. Como mecenas, ajudou os seus discípulos a viajarem por Angola disseminando as músicas populares angolanas. Monárquico usava anel com brasão. Era considerado um Bon Vivant. Foi pai dos poetas Eurico Neves e Amílcar Neves,[2] e tio do também músico Óscar Neves.[1] A sua filha Fábia de Oliveira Neves (Luanda-Lisboa) casou com Francisco da Rosa Lopes (Castelo de Vide - povoa e meadas-Lisboa) comerciante e homem de negócios português, era proprietário em Luanda da Loja do Povo um armazém que vendia de tudo mas comercializava sobretudo roupa e máquinas agrícolas. Foi um dos fundadores da primeira casa do Sport Lisboa e Benfica que existiu em Luanda em 1922. Voto Neves era avô de Henrique Rosa Lopes que criou o duo N´gola com Rui Legot, que foi pioneiro na introdução da música angolana em Portugal teve êxitos como "Bicho do mato" que foi proibido de tocar em Portugal pelo Estado Novo, e Mona Kilumba este duo abriu os caminhos do êxito ao Duo Ouro Negro, Lilly Tchiumba, Rui Mingas entre outros. Era um homem influente e dedicado há comunidade.

Referências

  1. a b Jomo Fortunato, para o Jornal de Angola (21 de Março de 2011). </. «Crónicas do quotidiano na voz de Óscar Neves». Consultado em 3 de Julho de 2015 [ligação inativa]
  2. a b c Redacção. «A influência da música popular angolana na América latina». Consultado em 2 de julho de 2015 

Leitura adicional editar

  • Catarina CARVALHO, Ricardo J. RODRIGUES, Rita Duarte PENEDOS, Susana LIMA. África Eterna testemunho de um tempo que não se esquece: Lisboa. Oficina dos Livros, 2012
  • NOTICIAS MAGAZINE, Jornal de noticias, pp 78, 2015 - semanal
  • Música Popular Angola Mario Rui Sila a 02 de Julho em 2015 [ligação inativa]