Washington Rodrigues

jornalista brasileiro

Washington Carlos Nunes Rodrigues, também conhecido como Apolinho ou Velho Apolo (Rio de Janeiro, 1 de setembro de 1936) é um radialista, repórter e jornalista esportivo brasileiro, com passagens como treinador de futebol e dirigente esportivo.

Washington Rodrigues
Informações pessoais
Nome completo Washington Carlos Nunes Rodrigues
Data de nasc. 1 de setembro de 1936 (87 anos)
Local de nasc. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Apelido Apolinho, Velho Apolo
Informações profissionais
Times/clubes que treinou
1995
1998
Flamengo 26 J (11V; 8E; 7D)
Flamengo (diretor de futebol)

Biografia editar

Também conhecido como Apolinho, Washington começou sua carreira na Rádio Guanabara, atual Rádio Bandeirantes Rio de Janeiro, tendo trabalhado em todas as grandes emissoras de rádio e televisão da cidade. A imparcialidade de seus comentários fez com que fosse um dos poucos comentaristas com grande aceitação pelas quatro grandes torcidas cariocas. Como exemplo da aceitação, conta que ganhou uma coruja de mármore, dada pela Força Jovem do Vasco. Segundo o próprio, uma das táticas usadas por ele para ser imparcial, é evitar fazer a cobertura direta do Flamengo.[1]

Seu trabalho também é reconhecido pelos pares, tendo recebido todos os prêmios já criados para homenagear um jornalista esportivo.

O apelido Apolinho surgiu por usar, quando repórter da Rádio Globo, um microfone sem fio que era utilizado pelos astronautas da Missão Apollo 11, de 1969. O apelido primeiro foi dado ao equipamento, por Celso Garcia, o que era repetido pelo narrador Waldir Amaral: "lá vai Washington Rodrigues com o seu apolinho", e os geraldinos começaram ao chamar pelo termo, logo depois os colegas de profissão, e assim "pegou".[2][3][4][5]

Expressões editar

Carismático e querido por todos na mídia, Apolinho também é o criador de inúmeros bordões e gírias populares, como: "Chocolate" (que indica uma goleada), '"estopa"'(que indica bola dentro do gol), "Geraldinos e Arquibaldos", "Mais feliz do que pinto no lixo", "Capinar sentado", "Ô, rapaz", "Briga de cachorro grande", "Tá tão quente que urubu voa com uma asa e se abana com a outra", "Bangu faz tanto calor que parece uma lata de alumínio: esquenta muito e esfria rápido", entre outros.

Trabalhos no Futebol editar

Washington Rodrigues também se aventurou diretamente no futebol, onde teve duas passagens pela equipe do Flamengo: em 1995, como treinador,[6] e a outra, em 1998, como diretor de futebol.

Sobre esta experiência, ele comentou, certa vez:

Treinador editar

Em 1995, ano do centenário do Flamengo, Apolinho viveu uma situação inusitada ao ser convidado pela diretoria capitaneada pelo então presidente e também ex-radialista Kléber Leite a assumir o comando da equipe rubro-negra. Ele aceitou o convite e entrou no lugar de Edinho, que havia substituído Vanderlei Luxemburgo. O técnico Arthur Bernardes foi o seu auxiliar-técnico.

"Eu achei que o Kleber queria minha opinião sobre a indicação de um técnico. Minha sugestão era o Telê Santana, (...). Mas ele me disse que o escolhido era eu."[9]

Acostumado ao auxílio da TV nas cabines de transmissão, Apolinho solicitou algo incomum quando comandou o Flamengo: a colocação de uma televisão no banco de suplentes para ajudar na análise do jogo.[10] Segundo ele, o pedido foi feito "porque eu nunca consegui ver futebol no nível do campo."[11]

Sua estreia foi no dia 14/09/1995, quando o Fla derrotou o Vélez Sársfield da Argentina, por 3x2, em partida válida pela Supercopa Libertadores 1995.[11] "(...) nós perdíamos por 2 a 1 até os 42 minutos do segundo tempo, quando reagimos e viramos o jogo. Uma das maiores emoções da minha vida, quase morri do coração", disse em 2021.[12] A volta contra o Vélez também foi outro jogo marcante: além de um forte entrosamento (pouco visto em outros jogos) do trio Sávio-Romário-Edmundo, que gerou os 3 gols, a partida ficou marcada pela porradaria. "Na porrada, não vão ganhar no Flamengo", disse Washington na saída de campo.[13] "Eu sempre orientei os meus jogadores que quando briga um, tem que brigar todo mundo. Ganhamos. Ganhamos (no jogo de volta) de 3 a 0 e ainda demos dez minutos de porrada neles", relembra com bom humor mais de 25 anos depois.[12]

Sua última partida ocorreu no dia 09/12/1995 (Flamengo 2x2 União São João).

Seu trabalho foi prejudicado pelo momento conturbado que vivia o clube, afundado em dívidas provocadas por contratações faraônicas e mal sucedidas. Outrossim, Apolinho levou o time ao vice-campeonato da Supercopa Libertadores, perdendo na final por 2 a 1 no agregado para o Independiente (derrota de 2 a 0 na Argentina, pela ida, e vitória insuficiente de 1 a 0 no Brasil, pela volta). Venceu Vélez Sársfield (3 a 2 e 3 a 0: 6 a 2 no agregado), Nacional-URU (1 a 0 e 1 a 0: 2 a 0 no agregado) e Cruzeiro (1 a 0 e 3 a 1: 4 a 1 no agregado) para chegar na decisão.

Segundo o Almanaque do Flamengo de Roberto Assaf e Clóvis Martins, Apolinho comandou seu time do coração em 26 jogos, com 11 vitórias, oito empates e sete derrotas (aproveitamento de 52,56%).[7]

No final do ano, ele entregou o cargo para que Joel Santana assumisse o time no ano seguinte.

Uma curiosidade a respeito desta passagem como técnico foi que o Sindicato dos Treinadores do Rio entrou com um recurso, alegando que "a lei determina que só pode ser técnico quem fez curso promovido pelas federações de futebol." Por conta disso, sem diploma, Apolinho assinava a súmula para ficar no banco de reservas como dirigente. Foi por isso que nos jogos realizados no Brasil, ele não saia do banco de reservas para chegar à beira do campo. Quem fazia isso era o treinador de goleiros, Paulo César, que, na súmula oficial do jogo, assinava como técnico da equipe.[14]

No final da década de 2010, surgiu nas redes sociais uma fake news (que errava até mesmo sua profissão, chamando-o de narrador) com um inexistente relato atribuído a Apolinho sobre uma suposta virada de mesa flamenguista em 1995. O regulamento do Brasileirão daquele ano – aprovado em julho, sendo que o torneio começava em agosto, conforme reportagem da Folha de S. Paulo (1995) –[15] determinava o rebaixamento de 2 dos 24 times disputantes; o Flamengo ficou em 21º, portanto, fora da zona de descenso.[16][17] Apesar da má colocação, não houve risco de queda e, priorizando a Supercopa, foi usado nos últimos jogos um elenco chamado por Apolinho de "Fla 2", formado por jogadores mais jovens.

Estilo de Jogo editar

Como treinador, Apolinho tem a opinião de que técnico precisa ser muito mais um "psicólogo" do que um conhecedor de táticas. Segundo ele, pouco adianta entender de estratégias de jogo se não tiver habilidade no relacionamento pessoal.[10] Certa vez, quando indagado sobre o esquema tático que utilizaria na equipe, Apolinho respondeu: "Esses números de esquema tático parecem número de bonde aqui no Rio de Janeiro. É simples: com a bola o time ataca, sem a bola defende."[18]

Um exemplo de seu trabalho psicológico com os jogadores foi feito com o jogador Sávio, que não vinha em boa fase. Apolinho disse ao jogador: "Sávio, no céu há milhões de estrelas. Não fique olhando para as estrelas do Romário e do Edmundo. Olhe para a sua".[14] Logo no jogo seguinte, Sávio marcou dois gols e foi o melhor em campo.[14]

A primeira coisa que fez, conta, foi levar o elenco para sua casa e ver um filme sobre a história do Flamengo, explicando-lhe a importância do time e seu significado para a torcida. Outra preocupação foi fazer as pazes entre Romário e Edmundo: chamou-os para um lanche, explicou a importância deles para o Flamengo e os dois acabaram selando a paz.[9] Tinha a preocupação em não deixar surgir grupos paralelos no elenco.[9]

Pedia para os jogadores, ao entrarem em campo, olhassem para a plateia, para que entendessem a paixão do povo pelo clube.[9]

Além disso, segundo uma reportagem do site Folha de S.Paulo, em sua passagem como técnico, ele também apostou na chamada "pedagogia do malandro". Como um exemplo desta "pedagogia do malandro", dois dias antes de seu primeiro jogo à frente da equipe, ele disse aos jogadores: "A partir de agora, ninguém escova dentes, se penteia ou faz a barba. Vamos assustar os caras na entrada em campo."[14]

Apesar de ter gostado do que viveu, não recomenda a contratação de um técnico outsider: "Técnico tem que ser quem estudou, se capacitou para isso. Cada um no seu cada qual"; "Ali, o Kleber precisava de ajuda e me chamou".[9]

Diretor de Futebol editar

Em 1998, novamente Kléber Leite convidou Apolinho para trabalhar no clube, mas desta vez para assumir a direção técnica do Flamengo. Este convite foi visto como uma grande jogada política de Kléber Leite, tendo em vista a proximidade das eleições e o perfil agregador de Apolinho.

Apolinho assinou um contrato que se estenderia até o fim de 1999. Deixou a direção técnica do clube, porém, ao final de 1998.

Atualmente editar

No Jornal Meia Hora, Apolinho escreve a coluna Geraldinos & Arquibaldos, de conteúdo leve e bem humorado. Comanda na Super Rádio Tupi, desde fevereiro de 1999, o Show do Apolinho, que é líder absoluto de audiência de segunda a sexta das 17h00 às 19h00, além de participar do programa Show do Clóvis Monteiro, com duas edições de Geraldinos & Arquibaldos, às 08h45 e às 09h45, uma criação do próprio Apolinho. Também é o comentarista titular da equipe de esportes da rádio.

Referências

  1. sportv.globo.com/ Torcedor do Flamengo, Apolinho diz que tem relação de carinho com Vasco
  2. Pugliese, Sergio; Mendonça, André. «SHOW DO APOLINHO». Museu da Pelada. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  3. "Os Setentões": Em 1969, surgia o Apolinho, 1 de julho de 2019, consultado em 21 de janeiro de 2022 . TV Brasil.
  4. "Os Setentões": Em 1969, surgia o Apolinho, consultado em 21 de janeiro de 2022 . Canal TV Brasil (Youtube).
  5. Cezar, Mauro. «Apolinho: Ataque dos sonhos no Flamengo jogou muito pouco tempo junto». www.uol.com.br. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  6. «Washington Rodrigues». Futpédia. Consultado em 13 de julho de 2013 
  7. a b terceirotempo.bol.uol.com.br/ Que Fim Levou? Washington Rodrigues
  8. esporte.uol.com.br/ Briga com Romário e pesadelo por vice. Os 20 anos de Apolinho no Fla
  9. a b c d e Lima, Diego Iwata (11 de novembro de 2019). «Técnico português é coisa rara, mas já imaginou acordar radialista e dormir treinador do Flamengo? Pois já aconteceu». ESPN.com. Consultado em 23 de janeiro de 2022 
  10. a b esporte.uol.com.br/ Radialista que treinou o Flamengo diz que psicologia vale mais que tática
  11. a b sportv.globo.com/ Apolinho lembra experiência como técnico e cita bronca falsa em Romário
  12. a b Portella, Rodrigo (27 de maio de 2021). «Apolinho lembra briga entre Flamengo e Vélez, em 95: 'Ganhamos e demos dez minutos de porrada'». Lance!. Consultado em 23 de janeiro de 2022 
  13. MAGALHÃES, MÁRIO. «Folha de S.Paulo - Suspensão ameaça Romário e Edmundo - 5/10/1995». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 23 de janeiro de 2022 
  14. a b c d www1.folha.uol.com.br "Pedagogia do malandro" anima Fla
  15. «Folha de S.Paulo - Sai a fórmula de disputa do Brasileiro-95 - 18/7/1995». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  16. Lira, Carol (30 de julho de 2018). «Flamengo foi rebaixado no Brasileirão de 1995, mas CBF fez manobra #boato». Boatos.org. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  17. «Apolinho desmente velha mentira sobre rebaixamento do Flamengo em 1995: cuidado com a fake news». Canal Mauro Cezar (Youtube) 
  18. futebolinterior.com.br Valorização dos laterais