Wikipédia:Esplanada/geral/Se tivéssemos mais editores que soubessem inglês, isso melhoraria a qualidade das edições da Wikipédia lusófona? (2set2014)

Se tivéssemos mais editores que soubessem inglês, isso melhoraria a qualidade das edições da Wikipédia lusófona? (2set2014)

Pessoal, esses dias, no encontro da comunidade Wikimedia no Brasil para discutir seu futuro, foi levantada a possibilidade da Wikimedia Foundation apoiar a comunidade com alguns cursos. Após a apresentação do Asaf sobre representatividade de grupos Wikimedia, continuamos a discussão e perguntei explicitamente se isso incluía cursos de inglês, obtendo uma resposta positiva, a Wikimedia Foundation pode apoiar o curso para alguns voluntários, se assim desejarem. Acho que isso é uma ótima oportunidade para o indivíduo, assim como para comunidade.

Para o indivíduo que puder usufruir do curso, a razão é mais evidente, ele saberá mais uma língua, no caso, a mais usada atualmente para comunicação internacional (meio acadêmico em geral, turismo, discussões científicas etc.). Com relação a comunidade, acredito que traria duas vantagens se tivéssemos mais voluntários que falassem inglês. Primeiramente, teremos acesso a muito mais fontes fiáveis (recursos educacionais e científicos) para melhorar a qualidade dos verbetes. Pelo menos na área em que estudei, física, ficou claro o mundo de conhecimento que se abriu quando minha orientadora me forçou a aprender a língua logo no primeiro ano da faculdade. Se eu fosse depender dos livros em português, certamente não conseguiria ler livros mais avançados sobre o assunto e nem conseguiria, mais para frente, manter um diálogo com colaboradores de outros países, muito menos ler os artigos científicos, onde o inglês é a língua oficial praticamente de toda comunidade científica. Em segundo lugar, acredito que mais voluntários da comunidade Wikimedia sabendo inglês facilitaria o diálogo com a comunidade Wikimedia global, assim como com a Wikimedia Foundation. Mais pessoas poderiam participar de importantes eventos como a Wikimania e a Conferência Wikimedia, ambas que ocorrem anualmente e o inglês é a língua oficial.

Tive a oportunidade de participar de quatro Wikimanias (3 como voluntário e 1 como consultor da WMF) e uma conferência Wikimedia (como consultor). Em todas vezes, entre as muitas outras coisas que aprendi, a participação foi fundamental para uma maior compreensão de como a movimento Wikimedia trata-se de um movimento global, o que acho que todos colaboradores podem ter orgulho de participar, mas infelizmente, ainda, só uns poucos puderam participar dessas conferências, e acho que a barreira linguística é um dos motivos. Portanto, não só teríamos mais pessoas engajadas em questões do interesse de todos através dessas conferências e diálogo direto com a comunidade global, como também poderíamos ter uma melhora da qualidade de alguns verbetes importantes.

Como breve relato, minha primeira apresentação em inglês foi numa Wikimania, em Gdansk, onde participei de painel, a convite, para discutir sobre recursos educacionais abertos. Eu estava bastante nervoso durante a discussão por causa do nível do meu inglês (estavam ali Jan-Bart, hoje presiente do conselho da WMF, e a Melissa Hagemann, da Open Society Foundations), pois aprendi a língua aos trancos e barrancos, então tenho certeza que a falta de domínio na língua para falar e ouvir até certa época (recente!) sempre causou certa insegurança ou até mesmo habilidade para me envolver em questões onde um maior conhecimento da língua teria facilitado muita coisa.

O que vocês acham? Concordam com meus argumentos? Caso sim, quais seriam os critérios para alguns voluntários fazerem um curso de inglês? Caso não, há algum curso que veriam como interessante para a WMF apoiar as atividades dos voluntários da comunidade lusófona? --everton137 (discussão) 14h56min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]

Citação: Se tivéssemos mais editores que soubessem inglês, isso melhoraria a qualidade das edições da Wikipédia lusófona? Sem dúvida. Principalmente na área científica, é inconcebível no mundo de hoje não dominar a língua inglesa (tal como no passado era inconcebível não dominar o francês e, muito antes disso, era inconcebível não dominar o latim). Aliás, é normal que os próprios cientistas lusófonos publiquem exclusivamente em inglês. Se estivéssemos dependentes de fontes em língua portuguesa, a maioria dos artigos em áreas fundamentais não teria sido sequer escrita.
Mas daí até usar fundos da Wikimedia para formar pessoas é um assunto completamente diferente. Dito assim, até me parece apropriação de fundos para benefício pessoal. O projeto beneficiaria? Sim, marginalmente. Tal como o projeto e os artigos beneficiariam se a fundação me financiasse a mim ou a qualquer editor um doutoramento em História, por exemplo. Mas o dinheiro doado de boa fé não deve ser utilizado para benefício pessoal, nem o dinheiro da fundação deve ser usado para colmatar falhas na educação. Antero de Quintal (discussão) 15h15min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]
Antero, tenho dúvidas em relação a sua objeção, que acho válida ser discutida. É certo que a WMF promove vários cursos de formação de seus funcionários e acho isso muito bom. Isso pode incluir várias coisas, como técnicas de gerenciamento de projetos ou até mesmo questões ligadas a tecnologia de informação (TI), a WMF é uma organização com um foco em TI muito grande. Até eu começar a participar mais ativamente de atividades da Wikimedia offline (final de 2008, começo de 2009), meu inglês era suficiente para leitura e escrita, assim como um 'broken English' para comunicação científica (morei 6 meses na Itália fazendo pesquisa em 2004, o que me ajudou a aprender o inglês nesse nível, ainda deficiente). Certo estou que a participação em eventos da Wikimedia, assim como a leitura da Wikipédia anglófona, algumas poucas traduções e conversas com a comunidade global, me ajudou a aprimorar meu inglês, chegando ao ponto de que não tenho dificuldade alguma hoje de trabalhar para uma organização onde exija a língua ou fazer uma apresentação nessa língua. E também acredito que falta um pequeno impulso para algumas pessoas da comunidade lusófona participar dos eventos no exterior, o que não ocorre muitas vezes, ao meu ver, por causa da barreira linguística - talvez uma barreira cultural também, no Brasil é muito mais difícil viajarmos que na Europa.
Se pensarmos também como são gerados os recursos para a WMF, graças ao acesso cada vez maior ao site criado por voluntários que contribuem muito com a Wikipédia lusófona, muitos desses voluntários que não sabem inglês, gerando mais doações. Se faz sentido funcionários da organização fazerem cursos, por que não os voluntários? Teríamos que pensar em bons critérios para quem poderia participar de tais cursos e sob quais condições para que houvesse um retorno também para a comunidade lusófona. --everton137 (discussão) 15h54min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]
Citação: Se tivéssemos mais editores que soubessem inglês, isso melhoraria a qualidade das edições da Wikipédia lusófona? Os cursos vão ser oferecidos a todos os editores da wikipédia lusófona? Se não a todos, pelo menos aos que mais contribuem com conteúdo em artigos vitais? Antero de Quintal (discussão) 16h13min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]
Para mim é um bom critério. Se um editor contribui bastante com verbetes para fins educacionais (ciências naturais, matemática, saúde, história, filosofia etc.), mas tem dificuldades com o inglês ou domínio baixo, eu acharia muito bom ser um dos candidato ao curso. E talvez valeria se comprometer a participar de pelo menos um dos eventos internacionais do movimento Wikimedia. Acho que a troca cultural que sempre ocorre nesses eventos também é importante para o crescimento individual, um aprimoramento da perspectiva do indivíduo sobre o que contribuir por aqui durante essa troca com outras realidades, assim como ajudar a ter uma real dimensão do que é o movimento Wikimedia, que além da vertente educacional e científica, tem também a cultural. --everton137 (discussão) 16h22min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]
  Ideia Essa discussão me fez pensar o quão importante poderia ser termos visitas a instituições de pesquisa e ensino durante as Wikimanias e Conferências Wikimedia - lembro-me que isso ocorre mais em museus. Cientistas, professores e outros profissionais com muito conhecimento para compartilhar verem voluntários de todas partes do planeta que contribuem voluntariamente com o projeto pode ser um estímulo para participarem também. --everton137 (discussão) 16h27min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]
  Ideia Mais uma ideia. Eu acredito que a Wikimedia Foundation não teria dificuldades em conseguir parcerias com escolas de línguas para conseguir cursos gratuitos para alguns. A escola de língua teria a visibilidade desejada por tratar-se de uma organização sem fins lucrativos com uma missão educacional, assim com a comunidade teria benefícios de mais gente falando a atual língua universal. Se a Wikimedia Foundation consegue parceria com Telecoms, não duvido que conseguiriam com escolas de línguas para cursos pro-bono. Quando eu era consultor muitos queriam ajudar por tratar-se da Wikipédia! (Quem não conhece? Quem nunca usou? ; ) --everton137 (discussão) 16h32min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]
Acho que a visibilidade que isso pode dar deve ser muito cuidadosamente pensada por nós, e deve ser formalmente acordada entre a fundação e cada parceiro. E a forma dessa visibilidade precisa ter claros períodos de início e fim, e de que forma ela aconterá. Não gosto muito da ideia, acho que há maneiras mais fáceis de conseguir resultados iguais e até melhores, como as outras ideias/comentários feitos aqui. -- Chê Rapidim (discussão) 18h45min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]

Num mundo ideal eu acharia uma boa ideia a promoção da aprendizagem do inglês entre os editores da wikipédia. Mas não seria muito mais importante a aprendizagem do português? Desde que comecei a contribuir para a wikipédia a minha principal atividade tem sido a correção de erros ortográficos que poluem até aqueles artigos considerados de "destaque". Talvez a minha contribuição (e a de muitos) fosse mais produtiva se cada um escrevesse num nível um pouco superior ao da instrução primária.JF (discussão) 21h53min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]

Concordo com os argumentos colocados pelo Antero de Quintal e não acho que o desconhecimento da língua inglesa seja a maior barreira para a edição e melhoria da Wikipédia Lusófona, os problemas aqui são outros. Além do mais, um programa "Wikipédia sem fronteiras" sairia caro se fosse aberto, pois de nada adiantaria bancar cursos/capacitação para um grupo pequeno. Já até imagino as pedradas que viriam de fora e também de dentro do movimento "Estamos gastando dinheiro de doações para ensinar inglês para brasileiros?". Realmente este é o tipo de conhecimento que cada um deve que buscar por conta própria, no seu tempo. Acompanhei programas do tipo sendo implantados em outros projetos e sempre apareceram pessoas se sentindo excluidas, afinal, não tinha recurso para bancar cursos para todos, mas como aqui tudo é sempre mais complicado, acho a proposta um tanto quanto utópica. Penso que o inglês seja uma barreira para fazer politicagem la fora, mas escolher um grupo para "capacitar" para esse tipo de função, não seria benéfico para o movimento no meu ponto de vista. Rodrigo Padula (discussão) 01h31min de 5 de setembro de 2014 (UTC)[responder]

Um ou mais wikilivro pra isso? editar

Que tal fazermos um esforço pra terminar esse livro, que está na etapa 2 de 8? E talvez criar outros livros com tema ou assunto ou objetivo específicos. Vejam categoria Livro:inglês. Exemplos de ideias: um livro de curso básico, outro médio, outro avançado, mas com foco exclusivamente em leitura e escrita separado de conversação. E possivelmente exercícios para cada assunto abordado. -- Chê Rapidim (discussão) 18h51min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]

Chê, acho ótima a ideia de fazer um livro didático para aprender inglês. Mas gostaria de levantar dois pontos: não é trivial construir um bom livro didático de línguas. É preciso não só conhecimento da língua, como um método para a construção desse curso. Outro ponto é que para aprender uma outra língua no sentido do que está sendo aqui proposto, leitura, escrita e conversação, seria preciso também materiais didáticos com áudio e praticar a fala, o que torna mais difícil ainda a produção desse material didático.
Recentemente comprei um livro para melhorar um pouco meu parco francês, pois tive que dar uma palestra e oficina em Rennes (seria em inglês, mas gosto de francês e quis aprender mais um pouco no meu tempo vago), e com ele vinha um CD com vários arquivos de áudio para treinarmos a escuta. Eu paguei sem problemas os ~R$ 70 pelo livro, apesar de saber que temos cursos online de diversas línguas, muitos deles gratuitos. Consegui treinar um pouco, mas nem tanto - faltou tempo e disciplina, nesse caso. Acho que um curso presencial com um bom professor pode agilizar o aprendizado. No caso do inglês, tive a oportunidade de fazer um curso só por 1,5 ano quando eu era criança (11-12 anos), mas o resto foi aprendido aos trancos e barrancos, lendo livros de física, filosofia, discutindo em fóruns da Internet para a escrita e estudando no exterior (foi nessa época que aprendi a conversar melhor). Se alguém pudesse pagar um curso quando eu era mais jovem, certamente preferiria do que a forma que aprendi, na prática e um pouco tarde demais.
Uma outra experiência análoga ocorreu com o árabe. Eu queria aprender árabe e comprei um livro com áudio, o que serviu para eu aprender um pouco. Mas o que deu um gás no aprendizado foi participar de alguns cursos gratuitos no antigo Centro Cultural Árabe-Sírio na região central de São Paulo (o instituto infelizmente fechou). Todos professores falavam árabe fluente e para mim foi mais rápido o aprendizado com eles.
Penso em escrever para a WMF a importância que seria ela apoiar esse tipo de atividade de forma mais sistematizada (criar critério, estabelecer condições etc.), inclusive fazer parcerias com escolas de línguas, mas antes pretendo ouvir o que meus colegas editores pensam sobre o assunto. No mote da Wikimedia, imagine um mundo onde a língua não será uma barreira para nos comunicarmos. --everton137 (discussão) 22h02min de 2 de setembro de 2014 (UTC)[responder]

Só vim aqui por causa do título da discussão e para fazer uma argumentação: Citação: Se tivéssemos mais editores que soubessem inglês, isso melhoraria a qualidade das edições da Wikipédia lusófona? Sim, sem dúvida nenhuma. O inglês é a língua universal e de importância absoluta no mundo acadêmico. A Wikipédia sobrevive por meio de suas fontes do mundo acadêmico, sem contar que tem gente lusófona que só escreve em inglês. Logo, a língua inglesa é estrategicamente crucial para a melhoria de todas as Wikipédias, incluindo a luso. --Zoldyick (Discussão) 03h44min de 4 de setembro de 2014 (UTC)[responder]

Pesquisas relacionadas ao tópico editar

Vale lembrar desta pesquisa sobre o papel dos "usuários multilíngue": Multilinguals and Wikipedia Editing. Helder 12h28min de 4 de setembro de 2014 (UTC)[responder]

Ótima referência, Helder! Não conhecia. Resumindo o resumo, o artigo analisou meses de contribuições a Wikipedia para analisar edições de usuários em várias línguas. O estudo diz que usuários com domínio de várias línguas podem ser importante para difundir informação através de edições em diferentes línguas da enciclopédia, e poderia reduzir o viés de estar focado apenas na própria língua em cada edição ('reduce the level of self-focus bias in each edition'). O estudo achou que usuários que contribuem em várias línguas são muito mais ativos que seus pares que editam apenas uma língua. Esses editores são encontrados em todas línguas, mas edições de tamanho menor com poucos usuários tem uma percentagem maior de usuários com domínio de várias línguas que edições maiores. --everton137 (discussão) 14h55min de 4 de setembro de 2014 (UTC)[responder]