Zenódoto de Éfeso

Zenódoto (em grego: Ζηνόδοτος; Éfeso, c. 323 a.C. ou 333 a.C. - Alexandria, 260 a.C.) foi um filólogo e gramático da Grécia Antiga. Nascido em Éfeso, na Ásia Menor, foi estudante de Filetas de Cós[1] e professor do rei Ptolomeu II Filadelfo. No ano de 284 a.C. foi nomeado por Ptolomeu I Sóter como o segundo diretor (o primeiro foi Demétrio de Faleros) da grande Biblioteca de Alexandria e ali organizou o que seria a maior coleção de textos manuscritos da antiguidade.

Zenódoto de Éfeso
Nascimento 330 a.C.
Éfeso
Morte 260 a.C.
Ocupação bibliotecário, escritor, poeta, epigramatista, Aio, editor, gramático

Vida editar

Zenódoto é descrito pelo Suda (localização: Zeta 74, segundo Ada Adler[2]) como tendo sido o primeiro "editor" (em grego: διορθωτής diorthōtes) de Homero.[3] Seus colegas na biblioteca de Alexandria foram Alexandre da Etólia e Licofrón de Calcis,[4] a quem foi designada a responsabilidade por organizar, respectivamente, os escritos trágicos e cômicos. Zenódoto ocupou-se com os poetas épicos, notadamente Homero.

Desde a descoberta do manuscrito Codex Venetus A da Ilíada de Homero por Jean-Baptiste-Gaspard d'Ansse de Villoison, aumentou-se o escólio que possuímos sobre o texto de Zenódoto.[5] Em mais de quatrocentas passagens é possível identificar as leituras de Zenódoto,[5] em razão de Aristarco de Samotrácia ter apontado em seus comentários clara discordância nas interpretações de certas palavras nos textos homéricos. Aristarco foi um severo crítico de Zenódoto, mas graças a sua obra podemos identificar o trabalho feito por Zenódoto, isto é, o uso de um signo marginal, o obélos ou dardo (-),[6][7] empregado para marcar linhas suspeitas, isto é, de versos que não são de autoria de Homero.[8][9] É reconhecido pelos helenistas que o texto de Zenódoto caracteriza-se pela "excentricidade", reflexo em dada medida da tradição na qual se baseia.[10][11]

Zenódoto foi possivelmente o primeiro a dividir a Ilíada e a Odisséia em vinte e quatro cantos.[12][13]

Ver também editar

Referências

  1. Ulrich von Wilamowitz-Moellendorff, Homers Ilias (1887-1888). Zurique: Georg Olms, 2006, pp. 196, 200 e 212
  2. [Suda online, zeta 74 de Zenódoto (Ζηνόδοτος) por Ada Adler]]
  3. Martin Litchfield West, Studies in the Text and Transmission of the Iliad. Munique: Saur, 2001, pp. 33 e 34
  4. Ulrich von Wilamowitz-Moellendorff, Homers Ilias (1887-1888). Zurique: Georg Olms, 2006, p. 200
  5. a b Martin Litchfield West, Op. cit., p. 33
  6. Helmut van Thiel, Homeri Ilias. Zurique: Georg Olms, 1996, p. XVII
  7. Richard Janko, The Iliad: A Commentary. Cambridge: Cambridge University Press, 1992, p. 23
  8. Stephanie West, The transmission of the text. In: A commentary on Homer's Odyssey. Oxford: Clarendon Press, 1988, pp. 41 e 42
  9. Gaetano Righi, Historia de la Filología Clásica. Barcelona: Labor, 1969, p. 53
  10. Martin Litchfield West, Op. cit., p. 34
  11. Martin L. West sustenta que "o texto associado ao nome de Zenodoto é tão excentrico, que é impossível considerá-lo como o produto de um processo racional de seleção de leituras de diferentes fontes, ou mesmo um processo racional de fato". Nesse aspecto, a opinição de West diverge da de outros helenistas (tais como: Wolf, Düntzer, Cobet, Schwartz, Wecklein, Pasquali, Nickau) que defenderiam o fato de que Zenódoto teria tido acesso a diversas cópias dos textos de Homero e, portanto, seria o editor do que seria uma melhor versão do texto. WEST, Op. cit., p. 37
  12. , Homers Ilias (1887-1888). Zurique: Georg Olms, 2006, p. 212
  13. Gaetano Righi, Historia de la Filología Clásica. Barcelona: Labor, 1969, pp. 52-53

Precedido por
Demétrio de Faleros
Diretores da
Biblioteca de Alexandria
283 a.C. - 270 a.C.
Sucedido por
Calímaco de Cirene