Batalha de França

Invasão da Bélgica, Luxemburgo, Holanda e França em 1940 pelo Terceiro Reich
(Redirecionado de Batalha da França)

A Batalha da França, também conhecida por Queda da França, foi a invasão da França, Bélgica, Luxemburgo e Holanda pela Alemanha Nazista, em 10 de Maio de 1940 durante a Segunda Guerra Mundial, terminando assim a "Guerra de Mentira".

A Batalha de França
Frente Ocidental, Segunda Guerra Mundial

No sentido horário a partir do canto superior esquerdo:
Equipamentos abandonados no norte da França  · Exércitos alemães marchando em Paris  · Militares britânicos preparando uma posição defensiva  · Veículo blindado francês destruído  · Soldados franceses capturados pelos alemães  · Tanques alemães avançando pelas Ardenas
Data 10 de Maio de 194025 de Junho de 1940 (46 dias)
Local França, Região dos Países Baixos
Desfecho Vitória decisiva do Eixo
Beligerantes
Eixo:
Aliados:
Comandantes
Alemanha Nazista Walther von Brauchitsch
Alemanha Nazista Gerd von Rundstedt
Alemanha Nazista Fedor von Bock
Alemanha Nazista Wilhelm von Leeb
Alemanha Nazista Albert Kesselring
Alemanha Nazista Hugo Sperrle
Reino de Itália Príncipe Humberto
Maurice Gamelin
Alphonse Georges
Maxime Weygand
Gaston Billotte
Georges Blanchard
André-Gaston Prételat
Benoît Besson
Reino Unido John Vereker
Bélgica Leopoldo III  Rendição (militar)
Países Baixos Henri Winkelman  Rendição (militar)
Unidades
Alemanha Nazista Grupo de Exércitos A


Alemanha Nazista Grupo de Exércitos B


Alemanha Nazista Grupo de Exércitos C


A partir de 10 de junho nos Alpes:
Reino de Itália Grupo de Exércitos Oeste

  • 1.º Exército
  • 4.º Exército
1.º Grupo de Exército

2.º Grupo de Exército

  • 3.º Exército Francês
  • 4.º Exército Francês
  • 5.º Exército Francês

3.º Grupo de Exército

  • 8.º Exército Francês

Países Baixos Exército Holandês


A partir de 10 de junho nos Alpes:

Exército dos Alpes
Forças
141 divisões
7378 canhões
2445 tanques
5446 aviões

Total: 3 350 000 homens
144 divisões
13 974 canhões
3384 tanques
3099 aviões

Total: 3 300 000 homens
Baixas
Alemanha:
27 074 mortos
111 034 feridos
18 384 desaparecidos
1236-1345 aeronaves destruídas
323-488 aeronaves danificadas
795–822 tanques destruídos
Itália:
6029 mortos ou feridos
360 000 mortos ou feridos
1 900 000 capturados
2233 aeronaves perdidas
4071 tanques destruídos

Unidades blindadas alemãs atravessaram a região florestal das Ardenas, flanqueando a Linha Maginot e derrotando os defensores Aliados. A Força Expedicionária Britânica foi evacuada no que ficou conhecido como a Batalha de Dunquerque na Operação Dínamo, e muitas unidades francesas juntaram-se à Resistência ou passaram ao lado dos Aliados.

A Itália declarou guerra à França em 10 de junho. Paris foi ocupada em 14 de junho, e o Governo Francês fugiu para Bordéus no mesmo dia.

Em 17 de junho, o Marechal Pétain anunciou publicamente que a França iria propor um armistício, que foi assinado pela França e a Alemanha em 22 de junho, quando se deu a rendição do Segundo Grupo do Exército Francês. O armistício entrou em vigor a 25 de junho. Para o Eixo, a campanha foi uma vitória espetacular.[1]

Antecedentes

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O expansionismo alemão da década de 1930 pôs em cheque a política de apaziguamento levada a cabo pelo Reino Unido e França. Em 1938, a Alemanha anexou a Áustria e, em meados de 1939, concluiu a dominação da Tchecoslováquia. Com essas invasões, a Alemanha fortaleceu ainda mais seu poderio econômico e suas forças armadas, já que após as invasões divisões austríacas foram incorporadas a Wehrmacht e centenas de tanques checoslovacos passaram a integrar a Panzerwaffe, tanques esses superiores aos tanques Panzer I e Panzer II que compunham a espinha dorsal das forças blindadas alemães à época. Além disso, as indústrias tchecas de armas pesadas Skoda e CKD também contribuíram para esse fortalecimento alemão produzindo toneladas de munições e outros itens bélicos.[carece de fontes?]

Reino Unido e França, de início procurando a conciliação pacífica, mudaram sua política após a tomada da Tchecoeslováquia pela Alemanha, a qual desrespeitou o Tratado de Munique. Dessa forma, finalmente Reino Unido e França se contrapuseram diretamente aos planos expansionistas da Alemanha nazista. Em 3 de setembro, dois dias após o início da invasão da Polônia pela Alemanha, França e Reino Unido declararam guerra à Alemanha, dando início, desta forma, à Segunda Guerra Mundial. A União Soviética permaneceu neutra.

Após a derrota da Polônia, Hitler começou a preparação do plano de invasão da Europa Ocidental. A França e a Inglaterra começaram seus preparativos para conter um possível ataque alemão. Porém, o período que se segue ficou conhecido como "Guerra de Mentira", pois, desde os fins de setembro de 1939 até abril de 1940, as hostilidades simplesmente eram inexistentes, à exceção de uma ou outra incursão aérea de ambos os lados em nível de reconhecimento. O Reino Unido mandou, a território francês, a BEF (British Expeditionary Force) e a RAF (Royal Air Force).[carece de fontes?]

A França, por sua vez, acreditava estar protegida pela majestosa Linha Maginot, que era uma barreira de fortificação com extensão de 400 quilômetros, construída ao longo da fronteira franco-germânica. Na verdade, a Linha Maginot fora construída após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) com o objetivo de barrar os alemães, e a França nunca mais sofrer uma invasão germânica. Contudo, fora construída baseada nas arcaicas teorias da guerra linear de 1914, ignorando a moderna aviação, que poderia facilmente bombardeá-la, e também o transporte aéreo de tropas, que poderiam flanqueá-la por trás. Após meses de tédio, enquanto os aliados esperavam um ataque alemão, em abril de 1940, Hitler direcionou seus exércitos ao norte, ocupando a Noruega e a Dinamarca. Franceses e britânicos enviaram tropas para impedir esse ataque, mas fracassaram.[2]

Estratégia alemã

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Tropas alemãs avançando pela França.

As forças alemãs estavam divididas em três Grupos de Exércitos; ao norte, contando apenas com três divisões blindadas, estava o Grupo de Exércitos B, comandado pelo general Fedor von Bock, que tinha como objetivo invadir a Bélgica e atrair as forças britânicas e francesas para o combate. Mais ao sul, estava o Grupo de Exércitos A, que tinha 37 divisões, sendo sete delas blindadas e três de infantaria motorizada, o que a tornava a principal força de ataque alemã, responsável por avançar nas Ardenas, romper a linha francesa no rio Meuse e então atacar ao norte, dividindo a Força Expedicionária Britânica e o 1.º e 2.º exército francês do restante das forças armadas francesas. Mais ao sul, estava o Grupo de Exércitos C, comandado pelo general Wilhelm Ritter von Leeb, com o objetivo de atacar a linha Maginot.[2]

A ameaça vem das Ardenas

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Com a campanha escandinava bem-sucedida e concluída, Hitler direciona seus exércitos para atacar os Países Baixos e a Bélgica, que, até então, eram países neutros à guerra. Efetua desembarques nas cidades de Haia e Rotterdam e também na fronteira oriental neerlandesa, enquanto a Luftwaffe bombardeava ferozmente. Os Países Baixos caíram em cinco dias. A Bélgica foi a próxima a sentir os efeitos da Blitzkrieg alemã, sendo a tomada de Albert Canal e da fortaleza de Eben Emael uma das mais brilhantes operações aerotransportadas de toda a guerra.[3]

A França não julgava ser possível um ataque alemão através da densa floresta das Ardenas, pois seria praticamente instransponível para pesados blindados. Com muitos efetivos do exército francês e também da Força Expedicionária Britânica marchando em território belga, em auxílio à defesa daquele país, foi uma desagradável surpresa quando maciças divisões blindadas alemãs saíram das Ardenas e entraram em território francês. O ataque alemão aos Países Baixos e à Bélgica propiciou aos exércitos de Hitler dar a volta por trás da Linha Maginot, evitando o combate frontal. Assim, em um gigantesco movimento circular, os exércitos de Rundstedt, vindos do sul, e as divisões Panzer de Guderian, a oeste, iriam encurralar franceses e britânicos contra o Canal da Mancha. O rompimento das linhas francesas em Sedan, que tinham o objetivo de barrar os alemães na invasão do país, fez com que a França entrasse em colapso, sendo muitas de suas forças capturadas ou aniquiladas.[4]

Estratégia francesa

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A estratégia francesa estava baseada na Linha Maginot, um conjunto de trincheiras construído após a Primeira Guerra Mundial. A Linha Maginot cobria toda a fronteira entre Alemanha e França, começando ao Sul, perto da Suíça, e terminando na fronteira com Luxemburgo, nas Ardenas. Com essa linha, os franceses tinham os seguintes objetivos:

  • Evitar um ataque surpresa;
  • Dar tempo para o exército francês se mobilizar (2-3 semanas);
  • Economizar forças (França tinha apenas 39 milhões de habitantes, contra 70 milhões de habitantes da Alemanha);
  • Proteger a Alsácia e Lorena e suas indústrias;
  • Ser o ponto de partida para um contra-ataque;
  • Forçar um ataque alemão pelos flancos (Bélgica ou Suíça).[carece de fontes?]

Ataque alemão

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Em 10 de maio, o Grupo de Exércitos B desencadeou sua ofensiva contra os Países Baixos e Bélgica, obtendo rápido sucesso graças às forças aerotransportadas que inutilizaram o Forte Eben-Emael e tomaram diversas pontes na região. Os aliados prontamente reagiram, avançando através da Bélgica e ali estabelecendo sua linha defensiva. Enquanto isso, o Grupo de Exércitos A avançou pelas Ardenas sem maiores dificuldades, alcançando o Meuse — perto de Sedan — em dois dias, e cruzando-o no dia seguinte. Divisões do 9.º Exército Francês foram despachadas para proteger o flanco direito, mas a rapidez dos ataques alemães cercou o exército, terminando por dispersá-lo completamente. Quebrada a linha francesa, a 7.ª Divisão Panzer de Erwin Rommel e os Panzerkorps de Guderiam, Hoth e Reindthart avançaram a norte, alcançando o Somme no dia 20.[3]

Antes do começo da invasão, às tropas de Hitler tinha sido distribuído oficialmente Pervitin, uma metanfetamina recentemente descoberta e já habitualmente usada pelo exército nazi. O exército alemão tinha encomendado 35 milhões de comprimidos antes de avançar para a França. A droga possibilitou o avanço rápido e constante dos alemães, que já não sentiam necessidade de descansar e dormir; segundo o próprio Guderiam, as suas tropas não descansaram durante dezassete dias.[5][6][7]

A reação

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Em 20 de maio, o Primeiro-Ministro francês, Reynaud, demitiu o general Gamelin e nomeou o general Weygand, que imediatamente tomou medidas para deter o cerco alemão. O Plano Weygand consistia em quebrar a pinça alemã, usando as tropas cercadas ao norte e suas divisões de reserva estacionadas ao sul, atrás do Somme. Não se tratava de uma tarefa impossível; a linha alemã tinha em torno de 40 km de largura, e não estava consolidada no terreno. Um contra-ataque britânico foi feito na região de Arras, pegando a divisão de Erwin Rommel de surpresa. Outras tentativas foram feitas mais ao leste, mas os ataques não foram coordenados e não ameaçaram as posições alemãs, que, após breve parada, retomou o avanço, ordenando os Panzerkorps a avançarem.[carece de fontes?]

Evacuação

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 Ver artigo principal: Operação Dínamo

Lord Gort, comandante da Força Expedicionária Britânica, recuou de Arras em 23 de maio; ao oeste, as cidades portuárias da região de Calais foram dominadas uma por uma, até que as forças alemãs foram detidas no canal Aa, a poucos quilômetros de Dunquerque, de onde seriam evacuadas todas as forças britânicas e parte das divisões francesas. Nesse interim, as unidades panzer de Guderiam foram ordenadas pelo Alto-Comando a não avançar; aproveitando a hesitação adversária, os aliados estabeleceram uma linha defensiva no canal Aa e em torno de Dunquerque, permitindo que ali fossem evacuados mais de 300 mil soldados até 4 de junho, quando os alemães definitivamente tomaram Dunquerque.[3]

 
Soldado alemão observa a torre Eiffel durante ocupação alemã da França. Paris, 1943

Terminada a batalha de Calais, os alemães voltaram suas forças para a travessia do Somme, visando à conquista de Paris. Em 5 de junho, os alemães desencadearam um ataque através do rio e venceram as escassas reservas de Weygand. No dia 14, após um rápido avanço, os alemães tomaram a capital francesa Paris. O governo, transferido para a cidade de Bordeaux, ainda solicitou a ajuda por apoio aéreo na França, pedido negado por Churchill. Nas tentativas finais, o líder britânico garantiu do Almirante Darlan que a frota francesa não cairia em mãos alemãs.[3]

Batalha dos Alpes

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Em 10 de junho, quando a Batalha da França já estava literalmente definida em favor dos alemães, o governo italiano de Benito Mussolini entrou na guerra como aliado da Alemanha, ordenando a invasão do território francês. O objetivo do ditador fascista era obter vantagens territoriais, quando a França se rendesse.[carece de fontes?]

A invasão italiana — conhecida como Batalha dos Alpes — resultou em fracasso militar, mas a rendição da França, poucos dias depois, garantiu a Mussolini o alcance de seus objetivos políticos.[carece de fontes?]

Rendição francesa

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 Ver artigo principal: Armistício de 22 de Junho de 1940

A rendição oficial se deu em 22 de junho de 1940 em Compiègne, no mesmo trem que a Alemanha, em 1918, ao final da Grande Guerra, fora forçada a se render. Reynaud, Primeiro-Ministro francês, se negou a assinar a rendição e abdicou do cargo, que foi assumido pelo marechal Pétain, que anunciou ao povo francês, via rádio, a intenção do governo em se render.[3]

Consequências

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Soldados alemães marcham em Paris após a vitória

Com a rendição aos alemães a França foi dividida em três partes:

  • França de Vichy - Formada pelo centro-sul da França, cujo comando foi entregue ao Marechal Pétain, que organizou um regime colaboracionista com os alemães, de orientação semi-fascista;
  • Zona de Ocupação alemã - Correspondia ao norte e à costa atlântica da França, incluindo Paris. Esta área ficou sob comando direto de autoridades militares alemãs, que usaram a indústria local para ajudar no esforço de guerra alemão e como base logística para a futura Operação Leão-Marinho;
  • Alsácia-Lorena - Tornou-se parte do Reich alemão, tornando-se na prática um território nacional alemão.

Houve também a fundação da França Livre, sob o comando de Charle de Gaulle, com apoio inicial da Guiana Francesa e da África Equatorial Francesa (mais tarde as ilhas francesas da Oceania e o Chade se uniriam a França livre de De Gaulle). Este governo estava sediado em Londres e organizou a resistência francesa, ainda que nominalmente, pois diversas facções compunham essa resistência, nem todas submetidas ao líder da França Livre.[carece de fontes?]

Ver também

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Referências

  1. Keegan, John (1989). «The Second World War». Glenfield, Auckland 10, New Zealand: Hutchinson .
  2. a b Coggiola, Osvaldo. «A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - Causas, Estrutura, Consequências» (PDF). edisciplinas.usp.br. p. 59. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  3. a b c d e Araujo Pereira Junior, Athayr (2010). «A blitzkrieg alemã e a evolução da arte da guerra» (PDF). Santa Catarina: Universidade do sul de Santa Catarina. p. 33. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  4. Araujo Pereira Junior, Athayr (2010). «A blitzkrieg alemã e a evolução da arte da guerra» (PDF). Santa Catarina: Universidade do sul de Santa Catarina. p. 34. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  5. Ohler, Norman (2017). Blitzed -Drugs in Nazi Germany (Cap: The dealer for the Wehrmacht). [S.l.]: Penguin Press 
  6. Gomes, João Francisco. «Nazis invadiram França à força de anfetaminas. Para serem homens sem sono». Observador. Consultado em 9 de outubro de 2019 
  7. «Hitler's all-conquering stormtroopers 'felt invincible because of crystal meth'». The Independent (em inglês). 14 de setembro de 2015. Consultado em 9 de outubro de 2019 

Bibliografia

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  • CHURCHILL, Winston Spencer - Memórias da Segunda Guerra Mundial.
  • Ohler, Norman - Blitzed -Drugs in Nazi Germany - Penguin Press, 2017
  • WILLIAN, John - França 1940 - A catástrofe. Ed. Renes, RJ

Ligações externas

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