Batalha das Filipinas (1944–1945)

A Batalha das Filipinas, também conhecido como Campanha das Filipinas ou Libertação das Filipinas, foi a batalha travada entre Japão e Estados Unidos pela reconquista das Filipinas, após três anos de ocupação japonesa do país durante a Segunda Guerra Mundial.

Batalha das Filipinas
(1944–1945)
Parte da Guerra do Pacífico na Segunda Guerra Mundial

MacArthur, Osmeña e estado-maior desembarcando em Palo em 20 de outubro de 1944
Data 20 de outubro de 1944 a 15 de agosto de 1945
Local Filipinas
Desfecho Vitória Aliada
Beligerantes
 Estados Unidos  Austrália
 México
 Japão
Comandantes
Douglas MacArthur
Sergio Osmeña
Chester W. Nimitz
Walter Krueger
Robert L. Eichelberger
William Halsey
Thomas C. Kinkaid
George Kenney
John Augustine Collins
Tomoyuki Yamashita
José P. Laurel
Akira Mutō
Sōsaku Suzuki 
Shizuo Yokoyama
Rikichi Tsukada
Soemu Toyoda
Takeo Kurita
Shōji Nishimura
Kiyohide Shima
Jisaburō Ozawa
Sanji Iwabuchi 
Unidades
Sexto Exército
  • I Corpo
  • XIV Corpo
  • X Corpo
  • XXIV Corpo
  • Reservas

Oitavo Exército

  • XI Corpo
Resistência Filipina
Hukbalahap
Quinta Força Aérea
Terceira Frota
Sétima Frota
Força Tarefa 74
14º Exército de Área
  • 35º Exército
  • 41º Exército

Filipinos

  • Makapili

Frota Combinada
  • 2ª Frota
  • 3ª Frota
  • 5ª Frota

Serviço Aéreo Naval

  • 1ª Frota Aérea
  • 2ª Frota Aérea
Forças
1 250 000
260 715
208
529 802
c. 36 000
Baixas
 Estados Unidos
  • Exército:
    16 233 mortos
    47 166 feridos
  • Marinha:
    7 270+ mortos e feridos
33+ navios afundados
95+ navios danificados
485+ aeronaves abatidas
c. 57 000 mortos
3 mortos
 Japão
  • Exército:
    456 352 mortos
  • Marinha:
    c. 10 000 mortos
93+ navios afundados
1 300 aeronaves abatidas

No verão de 1944, após dois anos de batalhas no Pacífico, as forças aliadas se encontravam a cerca de 500 km a sudeste de Mindanau, a grande ilha das Filipinas localizada mais ao sul do arquipélago que forma o país, depois de retomarem dos japoneses as Ilhas Gilbert, Marianas e Carolinas. Aviões baseados em porta-aviões já há alguns meses bombardeavam as instalações inimigas nas Filipinas. As forças terrestres dos EUA e da Austrália, sob o comando do general Douglas MacArthur, comandante supremo da área do sudoeste do Pacífico, haviam isolado os japoneses na Nova Guiné, bloqueando o porto de Rabaul e capturando bases navais e aéreas pelas ilhas e atóis do Pacífico.

Com a vitória nas Ilhas Marianas (Saipan, Guam e Tinian) em julho de 1944 e nas Ilhas Palau e Morotai em setembro, os aliados cada vez mais se aproximavam do território nacional do Japão. Dos aeroportos nas Ilhas Marianas, os norte-americanos podiam pela primeira vez bombardear as ilhas japonesas partindo de bases terrestres. Apesar do Japão estar claramente perdendo a guerra, suas forças não davam nenhum sinal de capitulação ou colapso, o que fazia com que os comandantes aliados tivessem pressa em atacar os japoneses entrincheirados nas Filipinas, em Formosa e na ilha de Okinawa.

Reconquista

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Graças à fraterna e próxima relação entre as Filipinas e os Estados Unidos desde 1898, os comandantes aliados decidiram que era chegado o momento de empreender a reconquista do país, aguardado há tanto tempo pelos filipinos. Depois do general MacArthur ser obrigado a abandonar o país em março de 1942, as Filipinas caíram sob domínio do Japão, que nos quase três anos de ocupação aplicaram um duro tratamento à população nativa, cometendo diversas atrocidades contra civis e obrigando parte deles a realizar trabalho escravo.

Entre 1942 e 1944, MacArthur, baseado na Austrália, providenciou ajuda à guerrilha filipina através de submarinos e lançamentos aéreos de suprimentos e munição, que, das selvas do país, foram capazes de infligir pesados danos às tropas de ocupação, tomando o controle de grande parte da área rural, das matas e das regiões mais montanhosas, quase metade da área total do país.

Em 20 de outubro de 1944, tropas americanas com forte apoio naval e aéreo, desembarcaram nas praias da ilha de Leyte, ao norte de Mindanao. Enquanto lutavam nas praias tentando estabelecer uma cabeça de ponte para a invasão, forças navais do Japão tentavam impedir os desembarques atacando a frota aliada na região, o que resultou na maior batalha naval da Guerra do Pacífico, com a consequente derrota japonesa, que deixou de existir como grande força naval de combate a partir dali (ver Batalha do Golfo de Leyte).

O 6° Exército Americano continuou seu avanço ilha adentro, em batalhas encarniçadas com as tropas japonesas, que recebiam reforços enviados de outras regiões das Filipinas. Com a ajuda de poderosos ataques da força aérea, os americanos conseguiram avançar através de Leyte e na ilha de Samar, ao norte. Em 7 de dezembro, as tropas chegaram à Baía de Ormoc, cortando as linhas de reforço e de suprimento dos inimigos. A partir daí, apesar de combates menores e escaramuças ainda se desenrolarem durante meses, o controle da ilha de Leyte passou a ser dos americanos.

Em 9 de janeiro de 1945, a partir da base de operações estabelecida no Golfo de Lingayen, após uma grande batalha naval, os americanos desembarcaram em Luzon - a maior das ilhas filipinas e onde se encontra a capital Manila - com um total de 175 000 homens, estabelecendo uma cabeça de praia de 20 km. Sob forte apoio aéreo, as tropas ganharam terreno na ilha, tomando o campo de pouso de Clark Field – três anos antes uma base aérea americana – 60 km ao norte de Manila, em fins de janeiro.

Outros desembarques de tropas isolaram a península de Bataan sem grandes combates enquanto pára-quedistas e tropas de assalto anfíbio retomaram a fortaleza de Corregidor após breve resistência. Sem combates prolongados, os americanos retomavam aos japoneses dois locais, Bataan e Corregidor, onde três anos antes haviam sido derrotados em sangrentas batalhas que duraram mais de quatro meses até a rendição dos aliados, iniciando o período de ocupação japonesa nas Filipinas (ver Batalha de Bataan e Batalha de Corregidor).

Batalha de Manila

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 Ver artigo principal: Batalha de Manila (1945)

Apesar do otimismo inicial, com a chegada das tropas americanas rapidamente às cercanias de Manila, a batalha pela conquista da cidade duraria um mês e seria a maior batalha urbana de toda a guerra no Sudeste Asiático.

Considerada cidade aberta e abandonada sem luta pelos Aliados durante a primeira Batalha das Filipinas, em 1941-42, desta vez os atuais ocupantes japoneses se entrincheiraram na cidade com uma divisão de fuzileiros navais e marinheiros e obrigaram os americanos a uma luta sangrenta casa a casa, edifício a edifício, que destruiu completamente a cidade e suas preciosas construções históricas, causando a morte de mais de 20 000 soldados e o massacre de cerca de 100 000 civis, atingidos pelos bombardeios, pelo fogo cruzado e milhares assassinados pelos japoneses (ver Massacre de Manila ), na sua fúria contra os habitantes da capital, devido à frustração pela derrota que sofriam e por não terem esperança de vitória nem de saírem com vida.

A batalha terminou apenas em abril, sobre os escombros da cidade destruída, com a explosão do último reduto de defesa japonesa no Forte Drum, uma fortaleza na Baía de Manila próxima a Corregidor, que matou todos os defensores sobreviventes.

Após a conquista de Manila e a invasão de ilha de Palawan no extremo oeste das Filipinas, as tropas norte-americanas desembarcaram em Mindanao, a última das grandes ilhas filipinas a serem tomadas, em 17 de abril. Cebu, Negros e diversas ilhas menores do arquipélago foram também ocupadas. Os combates em Mindanao e Luzon continuaram contra um inimigo derrotado como força de combate e sem esperança de vitória mas que não se rendia e, que usando da tática de se dividir em pequenos grupos, se embrenhavam nas florestas das ilhas e resistiram até junho de 1945.

Nos últimos meses da guerra, guarnições japonesas expulsas dos grandes centros continuaram a lutar em pequenos bolsões do território filipino cada vez menores devido às operações de limpeza do exército norte-americano, notadamente nas selvas, até a rendição final do Japão em 2 de setembro. Muitos não se renderam e se embrenharam nas matas mesmo depois da guerra terminada, morrendo de doenças e inanição.

Danos humanos

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Exército e Força Aérea estadunidense

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Localização Mortos Feridos Total Notas
Leyte 3 593 11 991 15 584 [1]
Luzon 8 310 29 560 37 870 [2]
Centro e SUl das Filipinas 2 070 6 990 9 060 [2]
Total 13 973 48 541 62 514

Japoneses

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Localização Mortos Capturados Total Referências
Leyte 80 557 828 81 385 [3]
Luzon 205 535 9 050 214 585 [4]
Centro e Sul das Filipinas 50 260 2 695 52 955 [2]
Total 336 352 12 573 348 925

Referências

  1. Cannon, Leyte: Return to the Philippines, pp. 368–369
  2. a b c Smith, Triumph in the Philippines, pp. 692–693
  3. Cannon, Leyte: Return to the Philippines, pp. 351–352
  4. Smith, Triumph in the Philippines, p. 694

Bibliografia

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  • Breuer, William B. (1986). Retaking The Philippines: America's Return to Corregidor & Bataan, 1944–1945. [S.l.]: St Martin's Press. ASIN B000IN7D3Q 
  • Leary, William M. (2004). We Shall Return!: MacArthur's Commanders and the Defeat of Japan, 1942–1945. [S.l.]: University Press of Kentucky. ISBN 0-8131-9105-X 
  • «Chapter IX: The Mindoro and Luzon Operations». Reports of General MacArthur: The Campaigns of MacArthur in the Pacific: Volume I. Library of Congress: Department of the Army. pp. 242–294. Consultado em 29 de maio de 2017 
  • Mellnik, Stephen Michael (1981). Philippine War Diary, 1939–1945. [S.l.]: Van Nostrand Reinhold. ISBN 0-442-21258-5 
  • Morison, Samuel Eliot (1958). Leyte: June 1944 – Jan 1945, vol. 12 do History of United States Naval Operations in World War II. [S.l.]: Little, Brown and Company. ISBN 0-316-58317-0 
  • Morison, Samuel Eliot (2001). The Liberation of the Philippines: Luzon, Mindanao, the Visayas 1944–1945, vol. 13 do History of United States Naval Operations in World War II Reissue ed. [S.l.]: Castle Books. ISBN 0-7858-1314-4 
  • Norling, Bernard (2005). The Intrepid Guerrillas of North Luzon. [S.l.]: University Press of Kentucky. ISBN 0-8131-9134-3 
  • Smith, Robert Ross (2005). Triumph in the Philippines: The War in the Pacific. [S.l.]: University Press of the Pacific. ISBN 1-4102-2495-3 

Ligações externas

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