Busto de Homem - O Atleta (Picasso)

pintura de Pablo Picasso

A composição denominada Busto de Homem, também popularmente conhecida como O Atleta, foi um dos primeiros trabalhos cubistas de Pablo Ruiz Picasso, realizados em Horta de Ebro,[1] feita dois anos antes de sua famosa tela - "Les demoiselles d’Avignon". A obra faz parte do acervo do MASP[2] desde 1958. Em sua obra, o artista demonstra a profusão dos músculos de um rapaz ginasta em que as linhas robustas sobressaem às feições naturais, sendo próprio em recursos geométricos (cilindro, cone, esfera). A representação masculina sem roupa é contemplada do quadril para cima, constituída por tonalidades terrosas e por bege. Sua expressão facial mais fechada é composta por maçãs proeminentes e um bronco nariz. Apresenta uma boca bem delineada e olhar baixo e fixo para o lado esquerdo. Possui cabeça arredondada com duas grandes entradas que se destacam, encimando a alta testa. O homem modelo que inspirou a obra chamava-se Joaquim Antonio Vives Terrars.[3]

Busto de Homem - O Atleta
Autor Pablo Picasso
Data 1909
Técnica tinta a óleo, tela
Dimensões 91 centímetro x 73,5 centímetro
Localização Museu de Arte de São Paulo

Relação com o cubismo

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No início do século XX, influências articuladas determinam o foco do artista, o esporte expresso nas obras evidenciava sinais de um novo tempo; tempos depois, como crítica e uma ferramenta de desestabilizar o indivíduo frente ao quadro social. A relação do esporte com o cubismo,[4] por exemplo, começou nas primeiras décadas deste século, como uma forma de criar a história cultural da imagem. Os artistas desse movimento usavam elementos geométricos para expressar simultaneidade. Se distanciando do modelo da perspectiva tradicional, em um primeiro momento os tons sombrios começam a se destacar e o período posterior contou com as cores vibrantes e recursos “não artísticos” como letras, números e páginas de jornais.

A introdução do elemento tátil para o abandono da bidimensionalidade, foi algo que marcou o percurso da arte moderna e central na configuração da arte contemporânea. Se referências à cultura de massas já estavam presentes nas obras dos impressionistas, entre os cubistas, mais do que como tema, esse diálogo é estabelecido com o uso de técnicas e de materiais.[5]

Como símbolo da conexão entre as práticas esportivas e os cubistas, tem-se a obra “Cuia com frutas, violino e taça de vinho”[5] de 1912 de Pablo Picasso. O tema em questão não tem relação com o esporte em si, entretanto, demonstra a ideia de novos elementos quando usa um pedaço de jornal para mostrar o título ‘ a vida esportiva’. E, seguindo a mesma lógica e mesmo artista, têm-se “O remador”[5] de 1910, onde o peitoral, os ombros fortes e a posição superior do personagem estimam uma coerente relação pública com o corpo, exemplificada com os remadores; da mesma forma que em “Boxeadores”[5] de 1911, “Boxeador”[5] de 1912 e a pintura em destaque : “Busto de homem” de 1909. A projeção das obras relacionadas a essa temática e período é dada pelas seguintes constantes: perfil do artista, característica do movimento relacionado e a natureza da questão esportista na obra, seja do ponto de vista do conteúdo ou da técnica.

Objeto relacionado

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Les Demoiselles d'Avignon

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Les Demoiselles d'Avignon de Pablo Picasso

Les demoiselles d’Avignon é uma pintura de Pablo Picasso feita em 1907 que levou nove meses para ficar pronta. Se tornou um das obras responsáveis por transformar a história da arte, desenvolvendo a base para o cubismo e a pintura abstrata.[6] Ela é o marco, portanto, do princípio das experimentações com a linguagem cubista.[7] Esta obra, embora transformadora, foi incompreendida até mesmo pelos amigos do artista, pois não aprovaram o estilo em que corpos e fundos modificam-se em formas geométricas. A obra, inicialmente, era denominada Bordel Filosófico.[8]

Referências

  1. «Pablo Picasso, o reservatório, Horta de Ebro». Departamento Pintura e Escultura. MOMA. 2019. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  2. «MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand». Google Arts & Culture. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  3. Esmeraldo, Eugênia (2007). «A identidade do Atleta de Picasso» (PDF). UNICAMP. Revista de História da Arte e Arqueologia. 7. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  4. Romão da Silva, João Marcos; Benutti, Maria Antonia (2007). «A RELAÇÃO DO CUBISMO COM AS GEOMETRIAS NÃO-EUCLIDIANAS» (PDF). UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Arquitetura Artes e Comunicação, Departamento de Artes e Representação Gráfica. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  5. a b c d e Melo, Victor Andrade de (março de 2011). «Esporte e vanguardas artísticas: cubismo, Ashcan School e expressionismo». Motriz: Revista de Educação Física: 160–169. ISSN 1980-6574. doi:10.5016/1980-6574.2011v17n1p160. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  6. «DESAFIO MASP DESENHOS EM CASA». DASARTES. 2021. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  7. COELHO, TEIXEIRA (2011). «OLHAR E SER VISTO» (PDF). CASA FIAT DE CULTURA, NOVA LIMA-MG. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  8. «A Diferença que Faz a Experiência no Bordel Filosófico». issuu. 2012. Consultado em 19 de novembro de 2021