Campeonato Mundial de Voleibol Masculino

O Campeonato Mundial de Voleibol Masculino é uma competição de voleibol organizada pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB) a cada quatro anos. Foi a primeira competição internacional promovida por esta entidade.

Campeonato Mundial de Voleibol Masculino
Voleibol
Organizador FIVB
Edições
Primeira edição 1949
Última edição 2022
Campeões
Primeiro campeão União Soviética
Atual campeão Itália (4º título)
Maior campeão União Soviética (6 títulos)
Página oficial da competição

História editar

Origens editar

A história do Campeonato Mundial remonta aos primórdios de voleibol como um esporte profissional de alto nível. Uma das principais motivações para a criação da FIVB em 1947 foi a necessidade de fundar uma instituição capaz de organizar torneios que envolvessem times de diversos continentes. A primeira medida concreta neste sentido foi tomada já dois anos mais tarde, com o estabelecimento da primeira edição desta competição, ainda restrita à Europa e contando apenas com times masculinos. Em 1952, foram incluídos times asiáticos e uma versão feminina do torneio, que passou a ser disputado em ciclos de quatro anos. Na edição seguinte, já participavam igualmente equipes dos três continentes americanos.

Em 1964, o voleibol foi incorporado ao programa dos Jogos Olímpicos. Para evitar coincidência de datas, os ciclos do Campeonato Mundial foram atrasados em dois anos após a quarta edição (1960), passando a alternar-se com as Olimpíadas. A partir de 1970, times da África já disputavam o torneio, atingindo-se assim o objetivo original de ter representantes das cinco confederações continentais envolvidos nas disputas.

O número de participantes do torneio mudou diversas vezes ao longo dos anos. Acompanhando o crescimento de popularidade do voleibol em escala mundial, ele aumentou em passo constante até superar a marca das vinte equipes na década de 1970 e em parte da década de 1980, foi reduzido então para apenas dezesseis na década de 1990, sendo em seguida finalmente fixado em vinte e quatro, a partir de 2002. Dentre as competições organizadas pela FIVB, o Campeonato Mundial é hoje a mais abrangente, e uma das mais importantes, equiparando-se em prestigio ao Torneio Olímpico de Voleibol.

Até 1974, a nação sede organizava as duas modalidades do torneio, tanto a masculina quanto a feminina - com uma única exceção em 1966/1967, quando os eventos ocorreram em anos diferentes. A partir da década de 1980, esta prática caiu em desuso. Nos últimos anos, todavia, ela voltou a ser observada quando a competição foi realizada no Japão, o que ocorreu em 1998 e 2006.

Edições editar

A história do Campeonato Mundial mostra claramente como o voleibol foi um esporte originalmente dominado por times europeus.

As primeiras duas edições do torneio foram vencidas pela União Soviética. Após chegar duas vezes sem sucesso à final, a antiga Checoslováquia conquistou finalmente o ouro em 1956. Seguiram-se mais duas vitórias para os soviéticos, em ambos os casos sobre os checos, que obtiveram então em 1966 o seu segundo título na competição.

Em 1970, a Alemanha Oriental bateu a Bulgária nas finais e obteve o seu primeiro e único Campeonato Mundial. Na edição seguinte, a União Soviética ameaçou reassumir o lugar mais alto do pódio, mas terminou derrotada pela Polônia nas finais. Os soviéticos, todavia, confirmaram a sua liderança vencendo, pela terceira vez, duas edições consecutivas do torneio.

Em 1986, teve lugar o primeiro confronto relevante entre os Estados Unidos e a União Soviética após os boicotes olímpicos de 1980 e 1984. Como seria o caso dois anos mais tarde, nas Olimpíadas de Seul, o resultado final favoreceu os americanos. A Itália dominou completamente o torneio na década de 1990, vencendo todas as três edições que ocorreram nesta década (1990, 1994 e 1998).

No início do século XXI, o Brasil tornou-se o maior expoente do voleibol mundial. Em 2002, os brasileiros retornaram à Argentina para reclamar o ouro que haviam perdido vinte anos antes como vice-campeões de 1982. Defensor do título, mostrou força no torneio seguinte em 2006 e conquistou o bicampeonato sobre a Polônia. Em 2010 conquistou seu terceiro título consecutivo com uma vitória sobre Cuba, igualando o feito da Itália na década anterior.[1] A sequência de títulos brasileiros foi quebrada em 2014, quando a Polônia aproveitou-se do fato de sediar a competição para vencer o torneio pela segunda vez,[2] repetindo a vitória na final sobre os brasileiros em 2018.

Até hoje, foram disputadas 20 edições do Campeonato Mundial: dezesseis foram vencidas por times europeus (União Soviética 6 vezes; Itália 4; Polônia 3; Checoslováquia 2; Alemanha Oriental, 1), e apenas quatro por times de outros continentes (Brasil três vezes e Estados Unidos uma).

Formato da competição editar

O formato do Campeonato Mundial tem sido constantemente adaptado para ajustar-se ao número de participantes do torneio. Algumas das regras que são usualmente praticadas incluem:

  • Contempla um total de 24 equipes participantes.
  • O processo de qualificação para o Campeonato Mundial é longo e difícil, durando em alguns continentes mais de dois anos.
  • Os times que sediam o evento e os campeões da última edição estão automaticamente qualificados.
  • O total de vagas concedido a cada confederação continental é determinado pela FIVB: a Europa costuma ter o maior número, enquanto a África e a América do Sul geralmente tem o menor número.
  • Para participar do Campeonato Mundial, cada equipe deve classificar-se em uma série de torneios qualificatórios, dependendo de sua posição no Ranking Mundial da FIVB. Times mal posicionados podem ter de disputar até três torneios desta natureza para assegurarem uma vaga; times bem posicionados usualmente disputam apenas um.
  • A competição é dividida em pelo menos duas fases: uma preliminar e uma final. Conforme o número de equipes, pode ser necessário disputar igualmente uma ou mais fases intermediárias.
  • Na fase preliminar, os times são organizados em chaves. Cada time realiza uma partida contra todos os outros times em sua chave.
  • Quando todas as partidas da fase preliminar foram disputadas, os n melhores times em cada chave qualificam-se para a(s) fase(s) seguinte(s), e o restante deixa a competição. O valor de n depende do número de times participantes e do formato que será adotado nas finais.
  • A FIVB já empregou diversos formatos diferentes para as finais. Há alguns anos, parece haver consenso de que pelo menos as semifinais e as finais devem ser disputadas em cruzamento olímpico.
  • Para as quartas de final, emprega-se usualmente uma de duas soluções: ou repete-se o modelo da preliminar, em que os times são organizados em chaves e jogam todos contra todos; ou adota-se o confronto direto por cruzamento olímpico. Neste caso, podem ser necessárias rodadas intermediárias adicionais para reduzir o número de equipes para oito.
  • As regras para a convocação de atletas são bastante rígidas. Cada time só pode indicar catorze atletas, e trocas fora dos prazos legais não são permitidas nem mesmo no caso de acidentes.

Resultados editar

# Ano Sede Final Semifinalistas
Campeão Placar Vice 3º lugar Placar 4º lugar
1 1949
Detalhes
 
Tchecoslováquia
 
União Soviética
Pontos corridos  
Checoslováquia
 
Bulgária
Pontos corridos  
Polônia
2 1952
Detalhes
 
União Soviética
 
União Soviética
Pontos corridos  
Checoslováquia
 
Bulgária
Pontos corridos  
Romênia
3 1956
Detalhes
 
França
 
Checoslováquia
Pontos corridos  
Romênia
 
União Soviética
Pontos corridos  
Polônia
4 1960
Detalhes
 
Brasil
 
União Soviética
Pontos corridos  
Checoslováquia
 
Romênia
Pontos corridos  
Polônia
5 1962
Detalhes
 
União Soviética
 
União Soviética
Pontos corridos  
Checoslováquia
 
Romênia
Pontos corridos  
Bulgária
6 1966
Detalhes
 
Tchecoslováquia
 
Checoslováquia
Pontos corridos  
Romênia
 
União Soviética
Pontos corridos  
Alemanha Oriental
7 1970
Detalhes
 
Bulgária
 
Alemanha Oriental
Pontos corridos  
Bulgária
 
Japão
Pontos corridos  
Checoslováquia
8 1974
Detalhes
 
México
 
Polônia
Pontos corridos  
União Soviética
 
Japão
Pontos corridos  
Alemanha Oriental
9 1978
Detalhes
 
Itália
 
União Soviética
3 – 0  
Itália
 
Cuba
3 – 1  
Coreia do Sul
10 1982
Detalhes
 
Argentina
 
União Soviética
3 – 0  
Brasil
 
Argentina
3 – 0  
Japão
11 1986
Detalhes
 
França
 
Estados Unidos
3 – 1  
União Soviética
 
Bulgária
3 – 0  
Brasil
12 1990
Detalhes
 
Brasil
 
Itália
3 – 1  
Cuba
 
União Soviética
3 – 0  
Brasil
13 1994
Detalhes
 
Grécia
 
Itália
3 – 1  
Países Baixos
 
Estados Unidos
3 – 1  
Cuba
14 1998
Detalhes
 
Japão
 
Itália
3 – 0  
Iugoslávia
 
Cuba
3 – 1  
Brasil
15 2002
Detalhes
 
Argentina
 
Brasil
3 – 2  
Rússia
 
França
3 – 0  
Iugoslávia
16 2006
Detalhes
 
Japão
 
Brasil
3 – 0  
Polônia
 
Bulgária
3 – 1  
Sérvia e Montenegro
17 2010
Detalhes
 
Itália
 
Brasil
3 – 0  
Cuba
 
Sérvia
3 – 1  
Itália
18 2014
Detalhes
 
Polônia
 
Polônia
3 – 1  
Brasil
 
Alemanha
3 – 0  
França
19 2018
Detalhes
  Itália
  Bulgária
 
Polônia
3 – 0  
Brasil
 
Estados Unidos
3 – 1  
Sérvia
20 2022
Detalhes
  Polónia
  Eslovênia
 
Itália
3 – 1  
Polônia
 
Brasil
3 – 1  
Eslovênia
21 2025
Detalhes
  Filipinas
22 2027
23 2029

Quadro de medalhas editar

 Ordem  País        
1   Rússia[nota 1] 6 3 3 12
2   Itália 4 1 0 5
3   Brasil 3 3 1 7
4   Polônia 3 2 0 5
5   Chéquia[nota 2] 2 4 0 6
6   Estados Unidos 1 0 2 3
7   Alemanha Oriental[nota 3] 1 0 0 1
8   Cuba 0 2 2 4
  Romênia 0 2 2 4
10   Bulgária 0 1 4 5
11   Sérvia[nota 4] 0 1 1 2
12   Países Baixos 0 1 0 1
13   Japão 0 0 2 2
14   Alemanha 0 0 1 1
  Argentina 0 0 1 1
  França 0 0 1 1

MVPs por edição editar

Notas e referências

Notas

  1. A FIVB considera a Rússia como herdeira dos históricos da União Soviética.
  2. A FIVB considera a República Tcheca como herdeira do histórico da Tchecoslováquia.
  3. Após a reunificação alemã, a Alemanha absorveu o histórico da Alemanha Ocidental; já a Alemanha Oriental manteve seu histórico separado.
  4. A FIVB considera a Sérvia como herdeira dos históricos da Iugoslávia e da Sérvia e Montenegro.

Referências

  1. «Brasil apaga polêmica, vence temida Cuba e fatura o tricampeonato mundial». UOL Esporte. 10 de outubro de 2010. Consultado em 10 de outubro de 2010 
  2. «Brasil volta a parar na Polônia, é vice no vôlei e não atinge marca inédita». UOL Esporte. 21 de setembro de 2014. Consultado em 21 de setembro de 2014 

Ver também editar

Ligações externas editar