Incidente da ilha de Perejil

conflito entre Espanha e Marrocos em 2002

O Incidente da ilha de Perejil ou Crise da Ilha de Perejil foi um conflito armado sem derramamento de sangue entre a Espanha e Marrocos, que ocorreu em julho de 2002. O incidente ocorreu ao longo da pequena e desabitada Ilha de Perejil.[1]

Incidente da ilha de Perejil

Mapa da área de Ceuta e a ilha de Perejil.
Data 17 de julho de 2002
Local Ilha de Perejil
Desfecho Vitória espanhola e restabelecimento do status quo anterior
Beligerantes
 Espanha  Marrocos
Comandantes
José María Aznar
Federico Trillo
Antonio Moreno Barberá
Ahmed Midaoui
Forças
48 soldados
Pilotos de helicópteros e caças
Marinheiros da Armada
12 cadetes da marinha
Baixas
Um ferido leve 12 prisioneiros (depois libertados)

Ocupação marroquina editar

A ocupação da ilha foi precedida por uma escalada de tensão diplomática entre a Espanha e Marrocos desde o advento ao trono do rei Mohammed VI (Julho de 1999), que envolveu a retirada de seu embaixador da Espanha em Outubro de 2001, em um gesto diplomático considerado muito hostil.

A tensão aumentou em 11 de julho de 2002, quando um grupo de seis soldados marroquinos foi enviado para a ilha e estabeleceram uma base.[2]

Marrocos afirmou que as tropas estavam lá para criar um posto de observação que iria acompanhar a imigração ilegal e combater o tráfico de drogas que utiliza a ilha como uma plataforma logística. [3][4] Espanha negou a alegação de Marrocos, e o Ministério das Relações Exteriores espanhol afirmou que os marroquinos plantaram duas bandeiras na ilha.

Em 12 de julho, Espanha enviou navios de patrulha à costa marroquina, e um patrulheiro marroquino foi avistado perto de outras ilhas controladas pelos espanhóis.[5]

Operação Romeo-Sierra editar

Às 06h21 de 18 de julho de 2002, eclodiu o conflito, quando Espanha tomou a ilha à força, na operação de codinome Operação Romeo-Sierra. O ataque foi realizado por 28 unidades do comandos espanhol Grupo de Operaciones Especiales vindo de Alicante. A Marinha Espanhola e a Força Aérea Espanhola prestaram apoio. Os cadetes da marinha marroquina não oferecem qualquer resistência. Em questão de horas, todos os cadetes da marinha marroquina foram feitos prisioneiros, e a ilha foi assegurada. A marinha espanhola acreditava inicialmente que havia doze cadetes na ilha, mas, finalmente, apenas seis cadetes foram capturados [6] e transportados de helicóptero para a sede da Guardia Civil em Ceuta, de onde foram transportados para a fronteira marroquina. Ao longo do mesmo dia, os comandos espanhóis na ilha foram substituídos por soldados da Legião Espanhola.

Consequências editar

As tropas da Legião Espanhola na ilha permaneceram ali após a operação ser concluída. Os Estados Unidos mediaram a situação e, eventualmente, conseguiram restaurar o status quo ante bellum. Todas as tropas espanholas foram retiradas, e a ilha permanece desocupada, mas reivindicada por ambos os lados. A BBC News entrevistou cidadãos espanhóis em Madri após o conflito, e a maioria das pessoas apoiaram esta incursão. O político da oposição Gaspar Llamazares do partido Esquerda Unida, afirmou que a Espanha não deve cair na armadilha de provocação, para não arruinar a sua imagem no norte da África.[7]

Referências

  1. Felipe Sahagún, Las razones de la Discordia, nº 50 de La aventura de la Historia, Arlanza Ediciones, Madrid, diciembre de 2002
  2. http://www.telquel-online.com/153/sujet3.shtml Arquivado em 20 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. L'Ilot Leïla, Le choc des photos. TelQuel Magazine
  3. http://www.elfaroceutamelilla.es/content/view/24521/69/ Consiguen el pase de 10 toneladas de droga almacenadas en isla Perejil. El Faro de Ceuta journal
  4. http://www.elperiodico.com/default.asp?idpublicacio_PK=46&idioma=CAS&idnoticia_PK=579679&idseccio_PK=1021 El Periodico.com
  5. http://news.sky.com/home/article/1057502
  6. PERU, EGURBIDE (18 de julho de 2002). «España desalojará la isla Perejil si Marruecos se compromete a no ocuparla». Madrid: PERU EGURBIDE. El Pais (em Spanish): 1. Aunque inicialmente se habló de 12 hombres, ayer en la isla sólo había seis marroquíes. 
  7. http://www.abc.es/hemeroteca/historico-17-07-2002/abc/Nacional/pnv-e-iu-critican-la-operacion-mientras-los-demas-grupos-muestran-su-apoyo_115079.html PNV e IU critican la operación, mientras los demás grupos muestran su apoyo. Periodico ABC