Manifestações das segundas-feiras

As manifestações das segundas-feiras (em alemão, Montagsdemonstrationen) foram um elemento essencial da queda da República Democrática da Alemanha, no outono de 1989. Foram manifestações em massa que tiveram início em Leipzig, às segundas-feiras à tarde e se propagaram a todas as cidades da RDA. Estas manifestações terminavam com orações pela paz na Igreja de S. Nicolau em Leipzig. Com o grito «Wir sind das Volk !» (nós somos o povo) repetiram-se semana após semana os protestos contra as condições políticas. O objectivo era propor uma reorganização pacifista e democrática do país, em particular do poder político do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED). Em certas cidades, tinham lugar noutros dias que não às segundas-feiras. A primeira destas manifestações ocorreu em 4 de setembro de 1989. A polícia da RDA reprimiu com violência as manifestações antes do 40.º aniversário da RDA em 7 e 8 de outubro de 1989.

Igreja de S. Nicolau em Leipzig

No início, era um simples ajuntamento espontâneo de estudantes por ocasião da feira de Leipzig, que acolhia empresas ocidentais no mês de setembro: algumas bandeirolas indicavam a reivindicação de viajar aos ocidentais e sobretudo aos jornalistas presentes. A Stasi , presente no local, reprimiu brutalmente as manifestações e no dia seguinte, na imprensa local, estes foram chamados de "criminosos". Um pastor da Igreja Luterana estava presente e propôs para a segunda-feira seguinte uma oração pela paz, na sua igreja. Vexados por terem sido tratados por criminosos, os estudantes acorreram em massa à oração. Depois desta, os fiéis desfilaram na cidade gritando "Nós não somos criminosos!". Depois, frente ao fervor da oração colectiva, o pastor propôs que se reunissem todas as segundas-feiras ao fim da tarde.

A cada segunda-feira, o número de fiéis e manifestantes aumentava. O exemplo polaco, onde a Igreja Católica estava na liderança do combate pela liberdade, contagiou-se à RDA.

Noutra segunda-feira, 9 de outubro, 70 000 pessoas manifestaram-se gritando «Wir sind das Volk!» (Nós somos o povo!) passando frente à sede da Stasi sem provocações. O secretário local do Partido Comunista, que tinha recebido plenos poderes do Politburo, pediu instruções a Berlim Oriental: de facto, tinha sido informado alguns dias antes que Egon Krenz procurava substituir Erich Honecker por uma revolução palaciana. Não recebendo instruções, proibiu as formas paramilitares presentes de usar as suas armas. O processo de afundamento do regime agudizava-se.

Em 16 de outubro, 120 000 pessoas manifestaram-se reclamando eleições livres e em 23 de outubro, o número era de 200 000 e todas as cidades tinham a sua manifestação.