À Meia-Noite Levarei Sua Alma

filme de 1964 dirigido por José Mojica Marins

À Meia-Noite Levarei Sua Alma é um filme brasileiro de 1964 protagonizado e dirigido por José Mojica Marins. Em novembro de 2015 o filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.[2]

À Meia-Noite Levarei Sua Alma
À Meia-Noite Levarei Sua Alma
 Brasil
1964 •  p&b •  84 min 
Gênero terror
Direção José Mojica Marins
Codireção Ozualdo Candeias
Produção Geraldo Martins
Ilídio Martins
Arildo Irvam
Coprodução José Mojica Marins
Antonio Fracari
Roteiro José Mojica Marins
Magda Mei
Waldomiro França
Elenco
Música Hermínio Gimenez
Salatiel Coelho
Cinematografia Giorgio Attili
Diretor de fotografia Giorgio Attili
Direção de arte José Vedovato
Sonoplastia Antonio Smith Gomes
Edição Luis Elias
Companhia(s) produtora(s) Cinematográfica Apolo
Lançamento
  • 9 de novembro de 1964 (1964-11-09) (Brasil[1])
Idioma português
Cronologia
Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967)

Sinopse editar

O cruel e sádico coveiro Zé do Caixão, temido e odiado pelos moradores de uma cidadezinha do interior, está obcecado em conseguir gerar o filho perfeito, aquele que possa dar continuidade ao seu sangue. A sua mulher não consegue engravidar e ele acredita que a namorada do seu melhor amigo é a mulher ideal que procura. Violada por Zé do Caixão, a moça quer cometer suicídio para regressar do mundo dos mortos e levar a alma daquele que a violou.

Elenco editar

  • José Mojica Marins .... Zé do Caixão
  • Magda Mei ................ Teresinha
  • Nivaldo de Lima ......... Antônio
  • Ilídio Martins .............. dr. Rodolfo
  • Valéria Vasquez ......... Lenita
  • Arildo Iruam
  • Vânia Rangel
  • Robinson Aielo
  • Avelino Morais
  • Laércio Laurelli (voz de Zé do Caixão)
  • Graveto
  • Oscar de Morais
  • Eucaris de Morais
  • Genésio de Carvalho
  • Geraldo Bueno
  • Eurípides Silva
  • Antonio Marins
  • Mário Lima
  • Luiz Antônio Gonçalves (O homem com a mão cortada)

Produção editar

Desenvolvimento editar

Durante a pré-produção de seu terceiro longa metragem, José Mojica Marins teve um pesadelo onde uma figura sombria o arrastava até chegar em uma lápide com seu nome gravado:

“Vi num sonho um vulto me arrastando para um cemitério. Logo ele me deixou em frente a uma lápide, lá havia duas datas, a do meu nascimento e a da minha morte. As pessoas em casa ficaram bastante assustadas, chamaram até um pai-de-santo por achar que eu estava com o diabo no corpo. Acordei aos berros, e naquele momento decidi que faria um filme diferente de tudo que já havia realizado. Estava nascendo naquele momento o personagem que se tornaria uma lenda: Zé do Caixão. O personagem começava a tomar forma na minha mente e na minha vida. O cemitério me deu o nome; completavam a indumentária do Zé a capa preta da macumba e a cartola, que era o símbolo de uma marca de cigarros clássicos. Ele seria um agente funerário." —  José Mojica Marins, Portal Brasileiro de Cinema[3]

Após perceber a popularidade do Terror no Cinema e a ausência de uma produção nacional deste gênero, acabou no mesmo dia cancelando a produção em andamento e ditou por horas para sua secretária o argumento de À Meia-Noite Levarei Sua Alma, que se tornaria o primeiro filme de terror brasileiro.

Filmagem editar

Por falta de um ator, pois não havia nenhum que se submetesse à caracterização da personagem, o autor transformou-se em Zé do Caixão. Mojica, na época, estava de barba, por causa de uma promessa de família. Com um orçamento e recursos muito limitados, o filme foi filmado com um total de 13 latas de Negativo, quando que a média normal para produções cinematográficas era de 70 a 80 latas, o que forçou as cenas a serem filmadas em apenas uma tomada, o roteiro não possuía diálogos escritos levando a uma filmagem muito dependente de improvisos. Com dificuldade, pois os atores não confiavam nem acreditam em Mojica, ele realizou as filmagens de À Meia Noite Levarei Sua Alma, com apenas atores de sua escola de teatro.

Pós Produção editar

Após a etapa de montagem com Luiz Elias, Mojica Marins iria atrás do distribuidor da Bahia que havia levado A Sina do Aventureiro e que estava em São Paulo e havia ido à Boca do Lixo. Após assistir o filme montado, o distribuidor passou a divulgar o filme que já era tido como um grande sucesso.

Recepção editar

Durante o seu lançamento em São Paulo, o filme lotou salas de cinema por semanas, tendo um desempenho semelhante ao ser exibido internacionalmente. Mesmo com este sucesso, o filme não rendeu lucros ao seu realizador, já que o mesmo precisou financiar o filme de seu próprio bolso inclusive se despondo de bens pessoais e de sua família para concluir as filmagens. Mas no fim acabou não rendendo a quantia necessária, então foi preciso vender sua parte no direitos de comercialização da obra para poder concluí-la. O filme foi vendido por cerca de 20% do que havia sido gasto.[3]

No agregador de críticas Rotten Tomatoes, na pontuação onde a equipe do site categoriza as opiniões da grande mídia e da mídia independente apenas como positivas ou negativas, tem um índice de aprovação de 67% calculado com base em 6 comentários dos críticos. Por comparação, com as mesmas opiniões sendo calculadas usando uma média aritmética ponderada, a nota alcançada é 6,2/10.[4]

No Goatdog's Movies, [4] Michael W. Phillips, Jr. avaliou com 3/5 de sua nota dizendo que "o filme tem alguns momentos assustadores, mas é agradável principalmente por causa de seu valor como artefato histórico e como um terror um tanto exagerado."[5] Regis Tadeu disse que acha uma exagero muita gente considerar como um clássico, mas o "engraçado é que já nesse filme o Mojica tinha uma compreensão visceral (....) do que ele poderia fazer em termos de cinema naqueles tempos, e com um orçamento simplesmente irrisório".[6]

Prêmios e indicações editar

  • Prêmio por Originalidade; Prêmio L'ecran Fantastique e Prêmio Tiers Monde da imprensa mundial na Convention du Cinéma Fantastique, 3, 1974 - FR.[1]
  • Prêmio Especial no Festival Internacional de Cine Fantástico y de Terror, 1973, Sitges - ES.[1]

Ver também editar

Referências

  1. a b c «À Meia-Noite Levarei Sua Alma». Cinemateca. Consultado em 18 de outubro de 2022 
  2. André Dib (27 de novembro de 2015). «Abraccine organiza ranking dos 100 melhores filmes brasileiros». Abraccine. abraccine.org. Consultado em 26 de outubro de 2016 
  3. a b «Portal Brasileiro de Cinema - José Mojica Marins». web.archive.org. 12 de março de 2009. Consultado em 21 de fevereiro de 2024 
  4. a b «À Meia-Noite Levarei Sua Alma (At Midnight I'll Take Your Soul) (1964)». Rotten Tomatoes (em inglês). Consultado em 18 de outubro de 2022 
  5. «At Midnight I'll Take Your Soul (1963)». Goatdog's Movies. Consultado em 18 de outubro de 2022 
  6. Zé do Caixão Além da Música (vídeo). Brasil: Regis Tadeu (YouTube). 21 de fevereiro de 2020. Em cena em 2:35, 6:55. Consultado em 18 de outubro de 2022 

Ligações externa editar