Nota: para um outro periódico literário de Porto Alegre, consulte Álbum do Domingo (1878).

Álbum de Domingo foi um periódico literário brasileiro, o segundo a ser fundado no estado do Rio Grande do Sul, sendo publicado em Porto Alegre.

O proprietário e redator era um certo A. J. S. de Faria, até hoje não identificado. Era impresso na Tipografia Alemã, com o formato de 30 x 20, com oito páginas. A assinatura anual era de 12$000 réis. A primeira edição apareceu em 4 de novembro de 1860, pouco depois do fechamento do pioneiro O Guayba.[1] Na primeira edição trouxe seu programa editorial, pretendendo ser

"[...] humilde, singelo, despido de ornamentos, de finos entalhes e ricos bordados, [...] só com a pretensão símplice de que é o livro mais próprio, mais análogo à singelez, ao entusiasmo das ideias que fermentam na fantasia da juventude. Não poluirá suas folhas com balões, com as asperezas de crítica menos delicadas. Será modesto e justo, amante de amores viçosos, de modas e louçainhas. O poeta que sinta saudade da pátria, dos seus amigos e que chore, no Álbum de Domingo tem folhas aonde deslize suas lágrimas. [...] o Álbum de Domingo possui folhas para todos e para tudo que em si tenha gravado os caracteres indeléveis da variedade amena e instrutiva. É um livro puramente literário. [...] Entrará nos boudoires, nas salas, nos gabinetes dos homens pensadores e estudiosos, nos escritórios dos negociantes, nas oficinas dos operários e sempre airoso, sempre lhano e cortês, tanto nos palácios dos opulentos como nos submissos tugúrios dos filhos do trabalho".[1]

Era uma folha de orientação conservadora, contava com diversos colaboradores, como Félix da Cunha, Moreira de Azevedo, Antônio Heculano, Nicolau Vicente, Francisco de Abreu Vale Machado e outros. Muito além de conter apenas amenidades açucaradas e recreativas como sugeria sua apresentação, trazia poesias, crônicas, crítica literária, teatral e artística, artigos didáticos e informativos, resenhas dos acontecimentos da semana e da movimentação na área da cultura, traduções de autores estrangeiros e ensaios de caráter social e moralizante. Segundo Athos Damasceno, seu nível geral não era tão alto como seu precursor O Guayba, mas ficava apenas pouco atrás, e em particular em seus editoriais, peças de robusto valor literário, muitas vezes o superava. Desempenhou uma função importante em sua época para aprimorar o gosto do público, difundir conhecimentos úteis e estimular o apreço pela literatura em geral, incentivando também o aprimoramento dos costumes da sociedade e o cultivo do sentimento de fraternidade entre toda a humanidade. Apesar de ter tido uma existência breve, publicando sua última edição em 31 de março de 1861, com 13 números no total, sua leitura oferece um rico painel da cultura e da sociedade da província neste período, e por isso permanece também como uma valiosa fonte histórica. Não deve ser confundido com o Álbum do Domingo, outro periódico literário de Porto Alegre fundado em 1878.[1]

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Referências

  1. a b c Ferreira, Athos Damasceno. Imprensa Literária de Porto Alegre no Século XIX. EdUFRGS, 1975, pp. 25-32