Ó Infante suavíssimo

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"Ó Infante suavíssimo" ou "Ó meu Menino tão lindo" são nomes dados a várias canções de Natal tradicionais portuguesas com uma origem comum no século XVIII.

História editar

 
Fachada da Igreja dos Congregados no Porto. Sede da Congregação do Oratório da qual o Padre Manuel José era clérigo.

A letra da canção é adaptada de um grupo de jaculatórias da "Novena para o Ternissimo Mysterio do Nascimento do Menino Deus" para serem rezadas a partir de 16 de dezembro. O autor parece ser o Padre Manuel José da Congregação do Oratório do Porto que a publicou na sua obra chamada Escudo Admirável para os Males da Vida em 1762.[1]

A novena e os versos espalharam-se pelo norte de Portugal. O escritor português Júlio Dinis transcreve uma das quadras no seu romance A Morgadinha dos Canaviais publicado em 1868, exemplificando as trovas cantadas por um grupo de senhoras minhotas em frente ao presépio na noite de Natal,[2] Anos depois, em 1880, também o jornalista e escritor português Alberto Braga se refere à composição numa aldeia do Minho.[3]

Em 1905, Alberto Pimentel, publica um estudo d'As Alegres Canções do Norte. Informa o autor que os versos em questão eram cantados no Minho ainda fazendo parte da novena do Menino Jesus que iniciava o período litúrgico do Natal. Esta cerimónia acontecia tanto nos templos como nos domicílios.[4]

Letra editar

Os versos em questão estão plenamente em harmonia com o tempo litúrgico em que eram interpretadas as cantigas, o Advento. Neles se convida, ternamente, o Menino Jesus a vir ao mundo salvar a humanidade.[4]

Das várias versões que foram criadas da letra original, destacam-se "Ó Infante suavíssimo" de Coimbra[carece de fontes?] e "Ó meu Menino tão lindo" do Minho. Esta última foi harmonizada por Manuel Simões.[5]

 
Maria com o Menino Jesus, autor anónimo do séc. XVII na Sé Catedral do Porto.
Ó Infante suavíssimo Ó meu Menino tão lindo

Ó Infante suavíssimo,
Vinde, vinde já ao mundo,
Tirar-nos do cativeiro,
Daquele abismo profundo.

Ó meu Menino tão lindo,
Ó meu Menino tão belo,
Vinde, vinde já ao mundo,
Que por vossa vinda espero.

Ó Infante suavíssimo,
Ó meu amado Jesus,
Vinde alumiar minha alma,
Vinde dar ao mundo luz.

Ó meu Menino tão lindo,
Ó meu amado Jesus,
Vinde alumiar minha alma,
Vinde dar ao mundo luz.

Ó Infante suavíssimo,
Deus de infinita beleza,
Vinde nascer na minha alma,
Abrandar sua dureza.[6]

Ó meu menino tão lindo,
Deus de infinita beleza,
Vinde nascer na minha alma,
Abrandar sua dureza.

Discografia editar

  • 1963Noëls d'Espagne et du Portugal. Carlos Jorge & Carlos Tuxen-Bang. BNF. Faixa 2: "Ó Infante Suavíssimo".

Ver também editar

Ligações externas editar

Referências

  1. José, Padre Manuel (1762). Escudo Admirável para os Males da Vida 1 ed. Porto: Oficina de Francisco Mendes Lima 
  2. Dinis, Júlio (1920) [1868]. «XIV». A Morgadinha dos Cannaviaes. Chronica da Aldeia 17 ed. Lisboa: J. Rodrigues & C.ª Editores. p. 226 
  3. Braga, Alberto (1916) [1880]. «O Jantar do Natal». Contos d'Aldeia 2 ed. Porto: Porto Companhia Portuguesa Editora 
  4. a b Pimentel, Alberto (1905). «VII». As alegres canções do norte 1 ed. Lisboa: Livraria Viuva Tavares Cardoso 
  5. Coro Padre Tomás de Borba. «Natal portuguesa». Consultado em 18 de setembro de 2015 [ligação inativa]
  6. Carlos Jorge; Carlos Tuxen-Bang (1963). «Ó Infante suavíssimo». Noels d'Espagne et du Portugal. Consultado em 18 de setembro de 2015