4.º Batalhão de Aviação do Exército

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O 4.° Batalhão de Aviação do Exército (4.° BAvEx), é uma unidade de Aviação do Exército Brasileiro operando helicópteros de combate a partir de sua sede em Manaus, Amazonas, onde está subordinado ao Comando Militar da Amazônia.[1] O batalhão tem também um canal técnico ao Comando de Aviação do Exército, em Taubaté, São Paulo.[2] Ele é conhecido como “Batalhão Coronel Ricardo Pavanello”, homenagem a um de seus primeiros comandantes,[1] ou ainda como “Onças”.[3] Definido como o “vetor aéreo do Exército Brasileiro na Amazônia”, o batalhão tem uma enorme área de operações e uma rotina operacional movimentada.[4]

4.° Batalhão de Aviação do Exército
Estado  Amazonas
Subordinação Comando Militar da Amazônia
Sigla 4.º BAvEx
Criação 1993

Histórico editar

 
Sobrevoo de helicópteros no rio Purus

A intenção de usar helicópteros na Amazônia existia desde a recriação da Aviação do Exército em 1986.[5] A necessidade imediata surgiu na Operação Traíra, em março de 1991. Helicópteros HM-1 Pantera e HA-1 Esquilo, formando a “Patrulha Cruzeiro”, foram deslocados da sede da Aviação do Exército em Taubaté até a fronteira Brasil–Colômbia para apoiar a retaliação brasileira contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que haviam atacado um destacamento de fronteira brasileiro. Os helicópteros faziam em menos de 30 minutos as missões de transporte da base em Vila Bittencourt até a região do destacamento de fronteira no rio Traíra. A viagem normal, de barco, levava de dois a três dias. Os helicópteros permaneceram na região após o sucesso da operação e foram usados em novembro do mesmo ano na “Operação Perro Loco” contra remanescentes das FARC no Amazonas.[6][7]

A presença da Aviação do Exército na região tornou-se permanente.[8] O chamado “Destacamento Amazônia” foi transferido a Manaus em 1992, com o nome de Destacamento do 1º Batalhão de Helicópteros. Ele operava o HM-1 Pantera, inicialmente com tripulações vindas em rodízio de Taubaté.[7] A unidade foi formalizada em 1993 com o nome de 1ª Companhia do 2° Batalhão de Helicópteros, com uma série de alterações nos anos seguintes: 1.° Esquadrão do 2.° Grupo de Aviação do Exército (1993), 4.° Esquadrão de Aviação do Exército (1997) e 4.° Batalhão de Aviação do Exército (2005).[9]

Organização e funções editar

 
Helicópteros pousados no pelotão de fronteira do Estirão do Equador

O batalhão está organizado em uma Base de Administração e Apoio, Esquadrilha de Comando e Apoio, Esquadrilha de Manutenção e Suprimentos e duas Esquadrilhas de Helicópteros de Emprego Geral.[1] O 4.° BAvEx, 1.° Batalhão de Infantaria de Selva (BIS) e 3.ª Companhia de Forças Especiais são as Forças de Ação Rápida do Comando Militar da Amazônia disponíveis em Manaus.[10] O 1.° BIS é designado Aeromóvel, e assim, seria transportado pelo 4.° BAvEx. Na revista Sociedade Militar, o coronel Paulo Ricardo da Rocha Paiva questionou a real aeromobilidade desse batalhão. Com doze helicópteros contabilizados em 2020, o batalhão moveria de uma vez só apenas uma companhia de fuzileiros. O coronel também argumentou que os fornecedores da tecnologia dos helicópteros são os países interessados na Amazônia brasileira.[11][12] Em 2022 a dotação de helicópteros já era maior: dez aeronaves HM-1 Pantera K2, quatro HM-2 Black Hawk e seis HM-4 Jaguar.[13]

Os helicópteros do 4.° BAvEx e aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) e empresas civis são o modal aéreo da logística do Exército na região. Em 2015–2019, cerca de 30% de suas horas de voo foram ocupadas no apoio de combate e apoio logístico. O batalhão é vocacionado para as missões de combate, e na avaliação do Comando Logístico do Exército, seu uso logístico não é econômico.[14] O custo das horas de voo é alto,[15] e a capacidade de transporte é limitada; na maioria das vezes, os helicópteros são usados para evacuações aeromédicas.[16] Nos destacamentos de fronteira, o abastecimento por helicópteros do Exército só ocorre excepcionalmente.[17]

Referências

  1. a b c Leite, Humberto (2018). «A atual estrutura da Aviação do Exército». Revista Asas (103) . p. 69.
  2. Silveira, Fabiano Rocha da (2020). Estudo comparativo da Doutrina de Emprego dos Helicópteros de Reconhecimento e Ataque da Aviação do Exército do Brasil, França e Estados Unidos da América (PDF) (Especialização em Ciências Militares). Rio de Janeiro: ECEME. Consultado em 31 de outubro de 2022 . p. 37-38.
  3. Ferro, Francisco (julho–setembro de 2000). «Aviação do Exército Brasileiro». Revista Marítima Brasileira. 120 (7–9). Consultado em 1 de novembro de 2022 
  4. Rodrigues, Salomão Souza (2021). Aumento da capacidade operacional do batalhão de infantaria de selva do comando militar da Amazônia proporcionado pelo emprego de helicópteros do Exército Brasileiro (PDF) (Bacharelado em Ciências Militares). Resende: AMAN . p. 18.
  5. Ludwig, Armin K. (julho–agosto de 1986). «Two decades of Brazilian geopolitical initiatives and military growth». Air University Review. 37 (5). Consultado em 30 de junho de 2022 . p. 59.
  6. Pinheiro, Alvaro de Souza (julho de 1995). «Guerrilla in the Brazilian Amazon». Foreign Military Studies Office. Fort Leavenworth. Consultado em 3 de dezembro de 2022. Arquivado do original em 28 de junho de 2017 
  7. a b Wiltgen, Guilherme (8 de março de 2021). «Operação Traíra: Patrulha Cruzeiro - O batismo de fogo da Aviação do Exército». Defesa Aérea & Naval. Consultado em 2 de novembro de 2022 
  8. Moralez, João Paulo Zeitoun (2022). «Aviação do Exército (após 1986)». In: Silva, Francisco Carlos Teixeira da, et al. (org.). Dicionário de história militar do Brasil (1822-2022): volume I. Rio de Janeiro: Autografia 
  9. «Histórico». 4° Batalhão de Aviação do Exército. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  10. Marques, Adriana Aparecida (2007). Amazônia: pensamento e presença militar (PDF) (Doutorado em Ciência Política). São Paulo: USP . p. 78-79
  11. Paiva, Paulo Ricardo da Rocha (6 de julho de 2020). «Helicópteros: peças raras na Amazônia». Sociedade Militar. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  12. Paiva, Paulo Ricardo da Rocha; Fregapani, Gélio (29 de novembro de 2020). «Aprofundando: o Exército que temos e o Exército que precisamos». Sociedade Militar. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  13. Wiltgen, Guilherme (18 de agosto de 2022). «Rearticulação das aeronaves da Aviação do Exército». Defesa Aérea & Naval. Consultado em 1 de novembro de 2022 
  14. Oliveira, Pedro Maurício Araújo (2021). A implantação da nova concepção logística da Amazônia Ocidental: o modal aéreo de asa fixa do Exército Brasileiro na logística da Amazônia Ocidental (PDF) (Especialização em Gestão, Assessoramento e Estado-Maior). Escola de Formação Complementar do Exército 
  15. Stochero, Tahiane (10 de dezembro de 2013). «Soldados que defendem fronteiras da Amazônia vivem na 'idade da pedra'». G1. Consultado em 20 de outubro de 2023 
  16. Silva, Nalmir Pinto Ferreira (2018). A integração e a terceirização das atividades logísticas de suprimento e transporte no Comando Militar da Amazônia (PDF) (Especialização em Política, Estratégia e Alta Administração Militar). Escola de Comando e Estado-Maior do Exército . p. 49.
  17. Ferreira, Luís Fernando Tavares (2020). «Os desafios às operações de logística na Amazônia: fricção no abastecimento de unidades de fronteira». Hoplos: Revista de Estudos Estratégicos e Relações Internacionais. 4 (6) . p. 91.

Ligações externas editar

 
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