Alabas ibne Amade ibne Tulune

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Alabas/Alabás[1] ou Abas ibne Amade ibne Tulune (Al-ʿAbbās ibn Aḥmad ibn Ṭūlūn - lit. "Abas, filho de Amade, filho de Tulune") foi o filho mais velho do fundador da dinastia tulúnida, Amade ibne Tulune (r. 868–884), e herdeiro aparente até sua tentativa fracassada de usurpar seu pai em 879. Após uma tentativa fracassada de tomar a Ifríquia, foi preso no Egito e executado logo após a sucessão de seu irmão, Cumarauai, em maio de 884.

Abas ibne Amade ibne Tulune
Usurpador tulúnida
Reinado 879
Antecessor(a) Amade ibne Tulune
Sucessor(a) Cumarauai
Morte maio de 884
  Fostate
Casa Tulúnida
Pai Amade ibne Tulune
Religião Islão sunita
Dinar de ouro de Amade ibne Tulune (r. 868–905)
Dinar de ouro de Ibraim II (r. 875–902)

Vida editar

Abas foi o filho mais velho de Amade ibne Tulune,[2] o filho de um escravo turco que governou o Egito desde 868. Ao explorar as dissensões no Califado Abássida entre Almutâmide (r. 870–892) e seu irmão Almuafaque (r. 870–891), ibne Tulune conseguiu estabelecer sua autonomia do governo abássida, e começou a expandir seu controle sobre a Síria.[3] Preocupado com a conquista da Síria, ibne Tulune nomeou Abas como seu representante no Egito. Dentro de pouco tempo, contudo, sua comitiva persuadiu-o a tentar tomar o poder para si. Prevenido pelo vizir Aluaciti, ibne Tulune retornou da Síria em abril de 879 e frustrou as ambições de seu filho. Levando o tesouro com ele, Abas e seus apoiantes — bem como uma força armada de aproximados 800 cavaleiros e 10 mil infantes africanos negros — fugiu primeiro para Alexandria e então Barca. Ibne Tulune tentou persuadi-lo a retornar e mesmo ofereceu-lhe perdão, mas Abas recusou-se.[2][4]

Em vez disso, Abas resolveu avançar sobre Ifríquia ao invadi-la com seu exército, acrescido com contingentes locais no caminho, e depondo a dinastia aglábida local. Para legitimar se movimento, Abas alegou que havia recebido a nomeação como governador de Ifríquia por Almutâmide, mas o emir aglábida Ibraim II (r. 875–902) respondeu-o enviando uma força de cavalaria para encontrá-lo.[4] Abas derrotou o governador aglábida local, Maomé ibne Curube, saqueou a cidade de Labda e marchou sobre Trípoli. O líder ibadita e governador de Trípoli e Montanhas Nafuça, Ilias ibne Almançor, mobilizou resistência ao invasor. Seu exército de 12 mil soldados derrotou Abas no inverno de 880/881.[2][5]

Abas, com o resto de seu exército, fugiu para leste e foi derrotado e capturado fora de Alexandria por tropas lealistas a seu pai. Levado como prisioneiro para a capital egípcia, Fostate, foi publicamente exibido sentado em uma mula, e foi ordenado a execução ou mutilação por arrancamento dos olhos e cortamento dos braços dos mais proeminente de seus seguidores, que incitaram-no à rebeldia. Ibne Tulune relatadamente esperou que seu filho pudesse recusar seu comando, e ficou consternado quando Abas cumpriu.[2][6] Pranteando pela crueldade e inconfiabilidade de Abas, ibne Tulune ordenou que fosse açoitado e preso. Seu lugar na sucessão foi tomado por seu irmão mais novo Cumarauai em 882.[6] Quando ibne Tulune morreu em maio de 884, Cumarauai, gozando o apoio das elites tulúnidas, sucedeu-o sem problemas, e Abas foi executado.[7][8]

Referências

  1. Coelho 1989, p. 316.
  2. a b c d Ed. 2004, p. 1.
  3. Kennedy 2004, p. 176–177.
  4. a b Bianquis 1998, p. 96.
  5. Bianquis 1998, p. 96–97.
  6. a b Bianquis 1998, p. 97.
  7. Sobernheim 1987, p. 973.
  8. Bianquis 1998, p. 104.

Bibliografia editar

  • Bianquis, Thierry (1998). «Autonomous Egypt from Ibn Ṭūlūn to Kāfūr, 868–969». In: Petry, Carl F. Cambridge History of Egypt, Volume One: Islamic Egypt, 640–1517. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-47137-0 
  • Coelho, António Borges (1989). Portugal na Espanha Arabe: História. [S.l.]: Editorial Caminho. ISBN 9722104209 
  • Ed. (2004). «al- ʿAbbās b. Aḥmad b. Ṭūlūn». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume XII: Supplement. Leida e Nova Iorque: BRILL. ISBN 90-04-13974-5 
  • Kennedy, Hugh N. (2004). The Prophet and the Age of the Caliphates: The Islamic Near East from the 6th to the 11th Century (Second ed. Harlow, RU: Pearson Education Ltd. ISBN 0-582-40525-4 
  • Sobernheim, Moritz (1987). «Khumārawaih». In: Houtsma, Martijn Theodoor. E.J. Brill's first encyclopaedia of Islam, 1913–1936, Volume IV: 'Itk–Kwaṭṭa. Leida: BRILL. ISBN 90-04-08265-4