Acrão (em grego clássico: Ἄκρων; em latim: Acro), filho de Xenão, foi um eminente médico grego nascido em Agrigento. Seu tempo exato de vida não é conhecido; mas, como é mencionado como sendo contemporâneo de Empédocles, que morreu por volta do início da Guerra do Peloponeso, Acrão deve ter vivido no século V a.C..

Acrão
Acrão
Retrato de Acrão de Agrigento, do livro "Biografia dos ilustres da Sicília", de Giuseppe Emanuele Ortolani.
Nascimento Acragas
Ocupação médico, filósofo
Movimento estético Escola pitagórica

Da Sicília, Acrão foi para Atenas, e lá abriu uma escola filosófica (εσοφίστευεν). É dito que estava na cidade durante a grande praga (430 a.C.), e que grandes incêndios, com o objetivo de purificar o ar, foram ateados nas ruas por sua orientação, que se revelaram de muita utilidade para a maioria dos doentes.[1][2][3][4] No entanto, deve-se ter em mente, que não há nenhuma menção a isso em Tucídides,[5] e, se é verdade que Empédocles ou Simônides (que morreu em 467 a.C.) escreveu o epitáfio de Acrão, pode-se duvidar se ele esteve em Atenas durante a praga.

No retorno a seu país natal, o médico pediu ao Senado para conceder-lhe um pedaço de terra onde pudesse construir um túmulo familiar. O pedido foi indeferido, por sugestão de Empédocles, que concebeu que tal concessão para esse fim iria interferir com o princípio da igualdade, que ele estava ansioso por estabelecer em Agrigento. Como o epitáfio sarcástico de Acrão é provavelmente o mais completo "jogo de palavras" registrado e, portanto, desafia qualquer tradução, será apresentado em grego para preservar o trocadilho do original:

Ακρον ιητρον Ακρων' Ακραγαντινον πατρος ακρου
Κρύπτει κρημνός άκρος πατρίδος ακροτάτης

A segunda linha foi, por vezes, lido assim:

Ακροτάτης κορυφης τύμβος άκρος κατέχει

Algumas pessoas atribuem o epigrama todo a Simônides.[6][7][8]

Plínio considera-o como o primeiro dos empíricos.[9] Porém, isso foi considerado um erro por parte do naturalista romano; a seita aludida não surgiu até o século III a.C., cerca de 200 anos após a época de Acrão. Alguns estudiosos consideram que a seita dos Empirici, a fim de se vangloriar de uma maior antiguidade do que a dogmática (fundada por Tessálio, o filho, e Políbio, o genro, de Hipócrates, cerca de 400 a.C.), apenas afirmou Acrão como seu fundador.[10]

Nenhum dos trabalhos de Acrão chegou até nossos dias, embora ele tenha escrito vários no dialeto dórico sobre temas médicos e físicos, cujos títulos estão preservados na Suda e Eudóxia.[11]

Notas

  1. Plutarco De Isis et Osiris 80
  2. Oribásio Synops. vi. 24, p. 97
  3. Aécio de Amida, tetrab. ii. serm. i. 94, p. 223
  4. Paul Aegin., ii. 35, p. 406
  5. Tucídides, ii. 49, &c.
  6. Suda s.v. Ακρων
  7. Eudoc. Violar. ap. Villoison, Anecd. Gr. i. 49
  8. Diógenes Laércio, viii. 65
  9. Plínio, Naturalis Historia xxix. 1
  10. Pseudo-Gal. Introd. 4. vol. xiv. p. 683
  11. Greenhill, William Alexander (1867), «Acron (2)», in: Smith, William, Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology, 1, Boston, MA, pp. 14–15 

Referências

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