Adolfo Caminha

poeta e escritor cearense

Adolfo Ferreira dos Santos Caminha (Aracati, 29 de maio de 1867Rio de Janeiro, 1 de janeiro de 1897) foi um escritor brasileiro, um dos principais autores do Naturalismo no Brasil.[1][2][3]

Adolfo Caminha
Adolfo Caminha
Nascimento 29 de maio de 1867
Aracati
Morte 1 de janeiro de 1897 (29 anos)
Rio de Janeiro
Cidadania Brasil
Ocupação romancista, contista, poeta, escritor, jornalista
Obras destacadas Bom-Crioulo, A Normalista
Movimento estético naturalismo
Causa da morte tuberculose

Biografia

editar

Era filho de Raymundo Ferreira dos Santos Caminha e Maria Firmina Caminha. Nasceu na Rua do Comércio (atual Rua Coronel Alexanzito), em Aracati, no estado do Ceará. A mãe morreu quando ele tinha apenas dez anos, vítima da Grande Seca do Nordeste brasileiro. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 13 anos.[4][5][6]

Em 1883, Adolfo entra para a Marinha de Guerra, chegando ao posto de segundo-tenente. Cinco anos mais tarde, transfere-se para Fortaleza (1888) para evitar os sintomas de tuberculose que começara a sentir. Apaixona-se por Isabel Jataí de Paula Barros, a esposa de um alferes, que abandona o marido para viver com Caminha. O casal teve duas filhas: Belkiss e Aglaís. Na sequência do escândalo, vê-se obrigado a deixar a Marinha e passa a trabalhar como funcionário público.[7][8][9]

Morreu precocemente aos 29 anos, vítima de tuberculose, na sua casa do Rio de Janeiro.

A sua primeira obra publicada foi Voos Incertos (1886), um livro de poesia. Em 1893, Adolfo publica A Normalista, romance em que traça um quadro pessimista da vida urbana. Usa as suas experiências e observações de uma viagem que havia feito aos Estados Unidos, em 1886, para escrever No País dos Ianques (1894). No ano seguinte, firma sua reputação literária ao publicar Bom-Crioulo, mas provoca escândalo,[10] pois o romance aborda a questão da homossexualidade, o que massacrou a recepção crítica da obra.[11] Colabora também com a imprensa carioca, em jornais como Gazeta de Notícias e Jornal do Commercio, e funda o semanário Nova Revista. Já tuberculoso, lança o último romance, Tentação, em 1896. Morre prematuramente no Rio de Janeiro, no dia 1º de janeiro de 1897, aos 29 anos.[12][13][14]

Sua obra densa, trágica e pouco apreciada na época, é repleta de descrições de perversões e crimes.[15][16][17]

Lista de obras

editar

Homenagens

editar
  • Uma escola em Aracati foi nomeada em homenagem ao escritor.[26]
  • Uma rua no Rio de Janeiro foi nomeada em homenagem ao escritor.[27]

Referências

  1. Caminha, Adolfo (15 de maio de 2018). A normalista. [S.l.]: Armazém da Cultura. ISBN 9788584920549 
  2. Bezerra, Carlos Eduardo de Oliveira (1 de janeiro de 2009). Adolfo Caminha: um polígrafo na literatura brasileira do século XIX (1885-1897). [S.l.]: SciELO - Editora UNESP. ISBN 9788579830334 
  3. Azevedo, Sânzio de (1 de janeiro de 1999). Adolfo Caminha: vida e obra. [S.l.]: UFC Edições. ISBN 9788572820578 
  4. Ribeiro, João (1957). Roteiro de Adolfo Caminha. [S.l.]: Livraria São José 
  5. Ribeiro, João (1967). O romancista Adolfo Caminha, 1867-1967: em comemoração do seu centenário. [S.l.]: Pongetti 
  6. «Biografia de Adolfo Caminha - eBiografia». eBiografia 
  7. Alguns aspectos de Adolfo Caminha: à margem de sua obra e vida. [S.l.]: Tupy. 1964 
  8. Online, O POVO. «O ficcionista escandaloso: Adolfo Caminha». www.opovo.com.br. Consultado em 14 de setembro de 2018 
  9. «Adolfo Caminha, Obras, Escritor, Biografia Adolfo Caminha». www.portalsaofrancisco.com.br. Consultado em 14 de setembro de 2018 
  10. Demetrius, Organização E. Revisão: Lisandro (17 de agosto de 2012). O Bom Crioulo Adolfo Caminha. [S.l.]: Clube de Autores 
  11. VALENTIN, Leandro Henrique Aparecido. A recepção crítica e a representação da homossexualidade no romance Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha. Mafuá, Florianópolis, ano 11, n. 20, out. 2013 Academia . edu
  12. Caminha, Adolfo (2002). Contos. [S.l.]: Editora UFC. ISBN 9788572821162 
  13. Maia, Neide (29 de julho de 2015). A Cidade Na Ficção De Adolfo Caminha E Outros Ensaios. [S.l.]: Clube de Autores 
  14. «Descrição: Adolfo Caminha [manuscrito]: um polígrafo na literatura brasileira do século XIX (1885-1897)». bdtd.ibict.br. Consultado em 14 de setembro de 2018 
  15. A Obra Prima de Cada Autor Portal Folha de S. Paulo - acessado em 14 de setembro de 2018
  16. Maia, Neide (29 de julho de 2015). A Moda Na Obra De Adolfo Caminha. [S.l.]: Clube de Autores 
  17. Mendes, Leonardo Pinto (2000). O retrato do Imperador: negociação, sexualidade e romance naturalista no Brasil. [S.l.]: EDIPUCRS. ISBN 9788574301655 
  18. Caminha, Adolfo (1887). Voos incertos: primeiras paginas : 1885-1886. [S.l.]: Typ. da Escola de Serafin Jose Alves 
  19. Caminha, Adolfo (2006). La normalista (em italiano). [S.l.]: Ianieri. ISBN 9788888302256 
  20. Caminha, Adolfo (15 de maio de 2018). A normalista. [S.l.]: Armazém da Cultura. ISBN 9788584920549 
  21. Caminha, Adolfo (5 de novembro de 2013). No país dos ianques. [S.l.]: Obliq Press 
  22. Caminha, Adolfo (30 de novembro de 2017). Bom - Crioulo (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 9788584920525 
  23. Caminha, Adolfo (1 de outubro de 2008). El buen negro (em espanhol). [S.l.]: Quimera. ISBN 9786070002649 
  24. Caminha, Adolfo (14 de março de 2018). Cartas Litterarias (Classic Reprint). [S.l.]: Fb&c Limited. ISBN 9780364566442 
  25. Caminha,Adolfo (15 de agosto de 2016). Tentação. [S.l.]: Editora Vermelho Marinho. ISBN 9788566959536 
  26. escolas. «Escola - EEF Adolfo Caminha - Aracati - CE». Escol.as. Consultado em 14 de setembro de 2018 
  27. «Rua Adolfo Caminha, Andaraí - Rio de Janeiro RJ - CEP 20541-310». www.consultarcep.com.br. Consultado em 14 de setembro de 2018 

Bibliografia

editar
  • BRAGA-PINTO, César. Othello's Pathologies: reading Caminha with Lombroso. Comparative Literature 66 (1). Spring, 2014. 149-171.
  • COUTINHO, Afrânio; SOUSA, J. Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. São Paulo: Global.

Ligações externas

editar
 
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Adolfo Caminha