Adoração dos Magos

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A Adoração dos Reis Magos (do título da seção em latim da Vulgata, A Magis adoratur) é o nome tradicionalmente dado ao tema cristão parte da Natividade, no qual os três reis magos, representados como reis especialmente no ocidente, tendo encontrado Jesus ao seguir a estrela de Belém, colocam aos pés do Menino Jesus presentes de ouro, incenso e mirra. Eles também o adoram como "rei dos judeus". Este evento foi relatado em Mateus 2:11.

Adoração dos Reis Magos.
1475. Por Botticelli, atualmente na Galeria Uffizi, em Florença.

No calendário da igreja, este evento é comemorado no cristianismo ocidental como a festa da Epifania (nos países lusófonos, o chamado Dia de Reis), em 6 de janeiro. A Igreja Ortodoxa comemora a Adoração dos Magos no Natal, em 25 de dezembro. A iconografia cristã expandiu consideravelmente o parco relato dos magos no Evangelho de Mateus, que se passa em Mateus 2:1–11 e o utilizou para sublinhar a questão de que Jesus foi reconhecido, desde o início, como rei de toda a terra.

História editar

 
Adoração dos Magos.
1495. Tríptico de Hieronymus Bosch, atualmente no Museu do Prado, em Madrid.

Nas primeiras representações, os magos aparecem vestindo roupas persas: calças e chapéus frígios, geralmente de perfil, avançando lentamente com os presentes adiante. Estas imagens adaptaram poses da Antiguidade tardia de bárbaros se submetendo ao imperador romano, presenteando-os com ramos de ouro. Elas também estão relacionadas com as imagens de portadores de tributos de várias culturas mediterrâneas e do Oriente Médio desde muitos séculos antes. As representações mais antigas são das pinturas nas catacumbas e relevos nos sarcófagos, no século IV. As coroas apareceram pela primeira vez no século X, principalmente no ocidente, onde o penteado já perdera, na época, qualquer traço oriental na maioria das vezes[1].

As imagens bizantinas posteriores geralmente mostram pequenos chapéus quadrados, cujo significado é contestado. Os magos geralmente são da mesma idade até este período, mas então a ideia de mostrar as três idades do homem foi introduzida: um exemplo particularmente belo pode ser visto na fachada da Catedral de Orvieto. A cena foi uma das mais importantes dos ciclos da Vida da Virgem e também da Vida de Cristo.

Ocasionalmente, a partir do século XII, e com muita frequência na Europa Setentrional a partir do século XV, os magos também começam a representar as três partes conhecidas do mundo: Baltazar é geralmente mostrado como um jovem africano ou mouro, enquanto que o velho Gaspar recebe traços ou, mais frequentemente roupas, orientais. Belchior representa a Europa e tem meia-idade. A partir do século XIV, grandes comitivas aparecem seguindo-os, os presentes também passam a ser guardados em espetaculares exemplares de ourivesaria e as roupas dos magos recebem cada vez mais atenção[1]. Por volta do século XV, a "Adoração dos Magos" se torna em geral a peça de coragem do artista, onde ele pode mostrar sua habilidade com cenas complexas e lotadas, envolvendo cavalos e camelos, mas também com diversas texturas diferentes: a seda, as peles, jóias e ouro do grupo dos reis magos contra a madeira do estábulo, a palha da manjedoura de Jesus e a roupa humilde de José e dos pastores.

A cena geralmente inclui uma grande diversidade de animais também: o touro e o jumento da cena do nascimento geralmente continuam ali, mas há também cavalos, camelos, cachorros e falcões dos reis e sua comitiva, além de outros animais, como pássaros nas traves do estábulo. A partir do século XV, a "Adoração dos Magos" passou a ser geralmente representada com a Adoração dos Pastores, a partir do relato de Lucas 2:8–20, uma oportunidade de trazer ainda mais diversidade humana e animal; em algumas composições (trípticos, por exemplo), as duas cenas aparecem em pontas opostas ou como pendentivas da cena central, geralmente o Nascimento de Jesus.

A "Adoração dos Magos" no berço ou manjedoura é geralmente o tema central, mas também a sua chegada, chamada de Procissão dos Magos, também aparece no fundo distante de uma cena da Natividade ou como um tema separado. Outros temas incluem a Viagem dos Magos, onde eles e, talvez, sua comitiva são as únicas figuras, e as relativamente incomuns cenas do encontro com Herodes, o Grande e o chamado "Sonho dos Magos.

A utilidade do tema para a igreja e os desafios técnicos envolvidos na sua representação artística tornaram a "Adoração dos Magos" um tema favorito da arte cristã: principalmente a pintura, mas também a escultura e mesmo a música (como a ópera de Gian-Carlo Menotti Amahl e os Visitantes Noturnos).

Representações na arte editar

Centenas de artistas já representaram a "Adoração dos Magos". Entre eles estão Bosch, Botticelli, Dürer, Giotto, Fra Angelico, Leonardo da Vinci, Mantegna, Murillo, Perugino, Rubens, Rembrandt, Velazquez e Lavinia.

Galeria editar

Ver também editar

 
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Referências

  1. a b Schiller, Gertrud; Seligman, Janet (1971). Iconography of Christian Art, Vol. I: Christ's incarnation, childhood, baptism, temptation, transfiguration, works and miracles, (English translation from German), pp.100-114 & figs 245-298. London: Lund Humphries. OCLC 59999963


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