A alfarroba é o fruto da planta alfarrobeira (Ceratonia siliqua), leguminosa cultivada na região do Mediterrâneo, sendo Portugal e Espanha os principais produtores mundiais.[1] O fruto constitui uma vagem de 10 a 20 cm de comprimento por 2 ou 3 cm de largura e sua composição é 90% de polpa e 10% de sementes.[2][3]

História editar

A alfarrobeira, cultivada desde a Antiguidade, é originária da região mediterrânica oriental, na qual representa um elemento importante da vegetação local e foi introduzida na Península Ibérica pelos árabes. Suas sementes eram utilizadas no Egito Antigo para a preparação de múmias. Acredita-se que, entre os povos da Roma Antiga, havia o costume de mastigar vagens verdes de alfarroba, devido ao seu sabor adocicado.[2] Como elemento do patrimônio árabe, as vagens de alfarroba também eram utilizadas como moeda. Ademais, representavam um parâmetro para o valor de joias, sendo designadas “kilat” ou “karat”, de onde o termo atual quilate para qualificar o valor de pedras e metais preciosos.[2][4]

Usos editar

O fruto da alfarroba pode ser inteiramente aproveitado. Das sementes, extrai-se a goma, composta por carboidratos complexos (galactomananos). Quanto à polpa, contém uma alta concentração de substâncias bioativas, como açúcares, polifenóis, aminoácidos e minerais.[5] Os polissacarídeos presentes na goma são utilizados como espessantes e emulsionantes, principalmente na indústria alimentícia, na indústria farmacêutica, na indústria têxtil e na indústria cosmética. Outros produtos derivados da alfarroba: farinha de alfarroba, xaropes e medicamentos, como laxantes e diuréticos. Seus polissacarídeos podem ser utilizados na produção de etanol. Além disso, o gérmen extraído das sementes pode ser usado no fabrico de rações para animais, por conter aproximadamente 55% de proteínas.[2][6]

Alfarroba na alimentação editar

A utilização do fruto por inteiro na alimentação humana é limitada, uma vez que os altos níveis de taninos presentes contribuem para o sabor amargo, para a adstringência e para a má digestão de proteínas.[7]

A vagem de alfarroba origina uma farinha que é utilizada como substituta do cacau na produção de chocolate. Na indústria alimentícia, a goma é utilizada em bolos, condimentos, gelados, iogurtes e pudins. O consumo da farinha de alfarroba pode contribuir para a redução do colesterol ingerido. É igualmente utilizada como antidiarreico, pela presença de compostos polifenólicos, e como biorregulador intestinal, devido à alta concentração de fibra natural insolúvel, que beneficia a microbiota intestinal.[2]

Referências

  1. «O valor da alfarroba: produção nacional é referência mundial». florestas.pt 
  2. a b c d e SILVA, E. F. da. (2006). «Utilização da farinha de alfarroba (Ceratonia Siliqua L.) na elaboração de bolo e avaliação de aceitação por testes sensoriais afetivos» (PDF). Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Nutrição) - Faculdade União das Américas. Foz do Iguaçu. Consultado em 1 de julho de 2022 
  3. NEMATI, Z. et al. Dietary carob fruit (Ceratonia siliqua L.) supplementation improves spermatogenesis, semen quality and embryonic death via antioxidant effect in aging broiler breeder roosters. Animal Reproduction Science, Amsterdam, p.1-11, Apr. 2022. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-35299115>. Acesso em: 30 de jun. de 2022.
  4. KARABABA, E.; COŞKUNER, Y. Physical properties of carob bean (Ceratonia siliqua L.): An industrial gum yielding crop. Industrial Crops and Products, Maastricht, p. 440-446, May 2013. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.indcrop.2012.05.006>. Acesso em: 1 de jul. de 2022.
  5. BAO-JIE, Z. et al. Functional polysaccharides of carob fruit: a review. Chinese Medicine, Macao, v. 14, n.40, p. 1-10, 2019. Disponível em: <https://cmjournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13020-019-0261-x#:~:text=Abstract,oil%20well%20drilling%20and%20cosmetics>. Acesso em: 1 de jul. de 2022.
  6. ROSA, C. S. da et al. Hambúrgueres adicionados de farinha de alfarroba (Ceratonia siliqua) como antioxidante natural. Higiene alimentar, São Paulo, v. 30, n. 252, p. 104-108, 2016. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-846704>. Acesso em: 1 de jul. de 2022.
  7. AVALLONE, R; PLESSI, M; BARALDI, M. Determination of chemical composition of carob (CeratoniaSiliqua): protein, fat, carbohydrates, and tannins. Journal Food Composition Analysis, v.10, p.166-172, 1997. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0889157597905287?via%3Dihub>. Acesso em: 1 de jul. de 2022.