Bugio-marrom-do-norte

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Bugio-marrom-do-norte (Alouatta guariba guariba),[2] também genericamente referido como guariba,[3] é uma subespécie do bugio-ruivo[4] que ocorre ao norte do rio Jequitinhonha, nos estados de Minas Gerais e Bahia. Esta subespécie é listada como em perigo crítico de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), pois sua distribuição geográfica é extremamente restrita e sua população é inferior a 250 indivíduos.[1] Por isso é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo.[5][6]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaBugio-marrom-do-norte

Estado de conservação
Espécie em perigo crítico
Em perigo crítico (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorrhini
Infraordem: Simiiformes
Parvordem: Platyrrhini
Família: Atelidae
Subfamília: Alouattinae
Género: Alouatta
Espécie: A. guariba
Subespécie: A. g. guariba
Nome trinomial
Alouatta guariba guariba
(Humboldt, 1812)
Sinónimos
  • beniensis (Lönnberg, 1941)
  • fusca (É. Geoffroy, 1812)
  • ursinus (É. Geoffroy, 1812)

Etimologia editar

Seu nome popular bugio deriva do topônimo Bugia, uma cidade da Argélia para a qual se exportavam velas e, provavelmente macacos. O topônimo, por sua vez, originou-se no árabe vulgar Budjîa.[7] Seu outro nome popular, guariba, deriva do tupi waríwa[3] ou gwa'riwa.[8]

Distribuição e habitat editar

O bugio-marrom-do-norte é endêmico do estado de Minas Gerais e da parte sul do estado da Bahia, no Brasil. Sua distribuição se estende da costa atlântica de rio Pardo e Águas Vermelhas ao norte, e ao rio Jequitinhonha e Virgem da Lapa ao oeste e ao sul, amplamente delineado pela extensão interior do cinturão de floresta tropical costeira. Embora viva principalmente no dossel da floresta primária, pode se adaptar à floresta secundária e outros habitats perturbados. Também pode estar presente na parte norte do estado do Espírito Santo e parece ter tido uma distribuição mais ampla no passado.[1]

O bugio-marrom-do-norte está presente em várias áreas protegidas, incluindo a Reserva Biológica da Mata Escura, onde também são encontrados o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos), ambos ameaçados de extinção. No entanto, esta reserva está próxima a assentamentos rurais e sujeita à extração ilegal de madeira, caça e aumento da incidência de incêndios florestais. O macaco também pode estar presente em outras áreas protegidas, mas isso é incerto, porque o limite de distribuição ao sul da subespécie não é claro.[1]

Ecologia editar

Os bugios-marrons-do-norte são conhecidos pelos rugidos altos que podem ser ouvidos a pelo menos 1,6 quilômetros de distância. Vivem no dossel em pequenos grupos sociais e os machos são maiores do que as fêmeas. A cauda longa é preênsil; a parte inferior próxima à ponta é desprovida de pelos e o macaco pode se pendurar pelo rabo enquanto se alimenta.[9] Bugios-marrons comem principalmente folhas e frutos de uma grande variedade de árvores, arbustos, cipós e vinhas; particularmente favorecidos são Ficus, Zanthoxylum e Eugenia, mas os macacos parecem bastante flexíveis em sua dieta,[10] e também consomem caules, botões, flores, sementes e musgo.[11]

Conservação editar

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) avaliou o estado de conservação deste macaco como criticamente ameaçado de extinção. Isso se deve ao alcance limitado do macaco e ao impacto dos humanos em sua floresta nativa; a extração de madeira para dar lugar à pecuária reduziu a floresta a uma série de fragmentos, os animais são caçados pelo interesse em carne de animais selvagens e o habitat é ainda mais degradado pelas queimadas. Pode haver uma população total de menos de 250 animais, com o número de indivíduos maduros sendo inferior a cinquenta.[1]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e Neves, L. G.; Jerusalinsky, L.; Talebi, M.; Mittermeier, R. A.; Cortés-Ortiz, L.; de Melo, F. R. (2021). «Northern Brown Howler Monkey - Alouatta guariba ssp. guariba». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T39917A190420483. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T39917A190420483.en. Consultado em 17 de julho de 2021 
  2. «Mamíferos - Alouatta guariba guariba - Bugio marrom - Avaliação do Risco de Extinção de Alouatta guariba guariba (Humboldt, 1812) no Brasil». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente 
  3. a b «Guariba». Michaelis. Consultado em 16 de julho de 2021 
  4. Groves, C. P. (2005). «Alouatta guariba guariba». In: Wilson, D. E.; Reeder, D. M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 149. ISBN 0-801-88221-4. OCLC 62265494 
  5. Schwitzer, Christoph; Mittermeier, Russell A.; Rylands, Anthony B.; Taylor, Lucy A.; Chiozza, Federica; Williamson, Elizabeth A.; Wallis, Janette; Clark, Fay E. (2014). «Northern Brown Howler Monkey Alouatta guariba guariba (Humboldt, 1812) Brazil (2012). Leonardo Gomes Neves, Fay E. Clark, Fabiano R. Melo, Anthony B. Rylands, Maurício Talebi». Primates in Peril: The World's 25 Most Endangered Primates 2012–2014 (PDF) (em inglês). Arlington, VA: IUCN/SSC Primate Specialist Group (PSG), International Primatological Society (IPS), Conservation International (CI), and Bristol Conservation and Science Foundation (BCSF). 87 páginas. ISBN 978-1-934151-69-3 
  6. Schwitzer, Christoph; Mittermeier, Russell A.; Rylands, Anthony B.; Chiozza, Federica; Williamson, E. A.; Cotton, A. (2015). «Northern Brown Howler Alouatta guariba guariba (Humboldt, 1812) Brazil (2012, 2014). Leonardo Gomes Neves, Leandro Jerusalinsky, Anthony Rylands, Fabiano R. Melo, Maurício Talebi». Primates in Peril: The world’s 25 most endangered primates (PDF) (em inglês). Arlington: IUCN SSC Primate Specialist Group (PSG), International Primatological Society (IPS), Conservation International (CI), Bristol Zoological Society. ISBN 978-1-934151-95-2 
  7. Houaiss, verbete bugio
  8. Houaiss, verbete Guariba
  9. «Brown howling monkey (Alouatta guariba. ARKive. Consultado em 7 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 22 de abril de 2006 
  10. Chaves, Óscar M.; César Bicca-Marques, Júlio (2013). «Dietary Flexibility of the Brown Howler Monkey Throughout Its Geographic Distribution». American Journal of Primatology. 75 (1): 16–29. ISSN 0275-2565. PMID 22972605. doi:10.1002/ajp.22075 
  11. Mendes, S. L.; Rylands, A. B.; Kierulff, M. C. M.; de Oliveira, M. M. (2008). «Alouatta guariba ssp. clamitans». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2008. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 

Bibliografia

Ligações externas editar

 
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