Namahage

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Namahage (ナマハゲ?)[1] é um ritual tradicional do folclore japonês que acontece no período do Shogatsu, ano novo lunar, na região da Península de Oga,[2] prefeitura de Akita, no norte de Honshu.[3] O ritual é conduzido por homens com máscaras assustadoras, armados com facas deba bōchō (出刃包丁 出刃包丁?) falsas, construídas em madeira ou papel machê, vestidos com roupas feitas de palha, tocando o teoke (手桶?), balde feito de madeira.

Roupa ritualística para o Namahage.

Andam em grupos de duas ou três pessoas, batendo de porta em porta das casas dos moradores da região, aonde admoestam as crianças por serem preguiçosas ou por mau comportamento no último ano.

Etimologia editar

O nome de Namahage vem de uma expressão do dialeto falado na região de Akita Namomi hagi, que significa as bolhas causadas pelos aquecedores colocados sob a mesa utilizada para aquecimento no inverno, conhecida como kotatsu. A presença de muitas bolhas seria um símbolo de preguiça, uma vez que atinge principalmente aqueles que passam muito tempo sentados sem fazer nada, em torno do kotatsu.[4][5]

Origem editar

 
Namahage na Estação de Akita (2017).

A lenda do Namahage varia de acordo com a região. Uma lenda em Akita descreve a origem do namahage como sendo uma lenda da época do imperador Wu de Han (d. 87 aC) que veio da China para o Japão trazendo cinco ogros demoníacos. Os ogros foram morar nos dois picos mais altos de Akita, o Honzan (本 山) e o Shinzan (真 山). Esses onis, como são comumente chamados no Japão, roubavam as colheitas e raptavam as mulheres jovens das aldeias.[6]

Os cidadãos de Oga fizeram uma aposta com os demônios, o desafio foi a construção de um caminho de pedra com o comprimento de mil passos, da aldeia para os cinco salões do santuário local, trabalho a ser concluído em uma única noite. Se os ogros concluíssem a tarefa os aldeões irão fornecer voluntariamente uma jovem a cada ano aos demônios, mas se eles falhassem na tarefa, eles teriam que abandonar a aldeia. Os ogros estavam prestes a completar o trabalho, quando um aldeão imitou o canto de um galo, indicando que a noite tinha terminado, enganando os ogros, que partiram acreditando que haviam falhado.[6]

Significados editar

O propósito óbvio do festival é incentivar as crianças pequenas a obedecerem seus pais e a se comportarem, qualidades importantes na sociedade fortemente estruturada do Japão. Os pais sabem quem são os atores do Namahage a cada ano e pedem que lições específicas sejam ensinadas aos seus filhos durante sua visita.[7][8]

Alguns etnólogos e folcloristas sugerem que o ritual está relacionado com a crença que divindades ou espíritos vindos do exterior para evitar os infortúnios e trazer sorte para o novo ano,[9] enquanto outros acreditam que é um costume originário da região agrícola, aonde kamis, que são espíritos da natureza ou protetores ancestrais vem das montanhas sagradas para visitar as famílias.

Rituais semelhantes editar

Tradições semelhantes em outras regiões do Japão são chamadas de:

Bibliografia editar

  • Yamamoto, Yoshiko; Institute for the Study of Human Issues (1978). The Namahage: a festival in the northeast of Japan (snippet). Philadelphia: Institute for the Study of Human Issues. ISBN 9780915980666.
  • Gérard Martzel, Le Dieu masqué : Fêtes et théâtre au Japon, Paris, Publications orientalistes de France, 1982, 344 p.

Referências

  1. Yamamoto 1978, The Namahage, p.9, 35
  2. Heibonsha 1969, vol. 17, p.46, artigo sobre Namahage por Makita, Shigeru (牧田茂)
  3. Brian Bocking. «A Popular Dictionary of Shinto, ISBN 9780700710515» (em inglês). Psychology Press, p.98. Consultado em 19 de novembro de 2017 
  4. Martzel, 1982, p. 20
  5. «Oga Board of Education 2012» (em japonês). Consultado em 19 de novembro de 2017 
  6. a b Akita Prefecture 2003, Namahage wepbpage
  7. Yamamoto, Yoshiko (1978). The Namahage: a festival in the northeast of Japan. Philadelphia: Institute for the Study of Human Issues, Inc. 113 páginas. ISBN 0-915980-66-5 
  8. Yamamoto, Yoshiko (1978). The Namahage: a festival in the northeast of Japan. Philadelphia: Institute for the Study of Human Issues, Inc. 114 páginas. ISBN 0-915980-66-5 
  9. «The Namahage Festival». Consultado em 19 de agosto de 2012 
  10. Bocking, Brian (1997). A Popular Dictionary of Shintō (previewpreview). [S.l.]: Psychology Press. ISBN 9780700710515 , p.98 under marebito notes the parallel
  11. Plutschow, Herbert E. (1990). Chaos and Cosmos: Ritual in Early and Medieval Japanese Literature (preview). [S.l.]: Brill. ISBN 9789004086289 , p.60 notes the parallel, but mistakenly says the islands are controlled by Kagoshima

Ligações externas editar

 
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