Amiloidose é um grupo de doenças caracterizadas pela acumulação nos tecidos de depósitos de proteínas mal agregadas, denominados fibrilas amilóides.[4][5] Os sintomas dependem do tipo e são geralmente variáveis.[2] Os sintomas mais comuns são diarreia, perda de peso, cansaço, aumento de volume da língua, hemorragias, perda de sensibilidade, sensação de desmaio ao estar em pé, inchaço das pernas ou aumento de volume do baço.[2]

Amiloidose
Amiloidose
Rosto com sinais clássicos de amiloidose AL com hemorragias subcutâneas à volta dos olhos[1]
Especialidade Endocrinologia, reumatologia, cardiologia
Sintomas Cansaço, perda de peso, pernas inchadas, falta de ar, hemorragias, sensação de desmaio ao estar em pé[2]
Início habitual 55–65 anos de idade[2]
Causas Genética ou adquirida[3]
Método de diagnóstico Biópsia aos tecidos[2]
Tratamento Cuidados paliativos, tratamento das causas subjacentes, diálise, cuidados de apoio, transplante de órgãos[3]
Prognóstico Favorável com tratamento[3]
Frequência 3–13 por milhão por ano (amiloidose AL)[2]
Mortes 1 em 1000 (países desenvolvidos)[3]
Classificação e recursos externos
CID-10 E85, E85.9, E85.8, E85.0, E85.2, E85.4, E85.1, E85.3
CID-9 277.3, 277.30
CID-11 2078467774
OMIM 105210
DiseasesDB 633
eMedicine 335414
MeSH D000686
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Existem cerca de 30 tipos diferentes de amiloidose, cada um deles originado por um tipo diferente de erros na formação de proteínas.[6] Alguns têm causas genéticas, enquanto outros são adquiridos.[3] Os diferentes tipos são agrupados em formas localizadas e sistémicas.[2] Os quatro tipos mais comuns de amiloidose sistémica são a amiloidose AL (primária, cadeia leve), amiloidose AA (secundária), amiloidose Aβ2M (associada à diálise) e amiloidose ATTR (amiloidose sistémica senil).[2]

Suspeita-se do diagnóstico quando se observam proteínas na urina, aumento de volume de um órgão ou problemas em vários nervos periféricos sem uma razão aparente.[2] O diagnóstico pode ser confirmado com uma biópsia aos tecidos.[2] Uma vez que a doença se apresenta de diversas formas, em muitos casos o diagnóstico pode levar algum tempo até ser conclusivo.[3]

O tratamento tem como objetivo diminuir a quantidade de proteínas envolvidas.[2] Em alguns casos isto é conseguido determinando e tratando a causa subjacente.[2] Em cada ano, a amiloidose AL afeta cerca de 3–13 em cada milhão de pessoas e a amiloidose AA cerca de 2 em cada milhão.[2] A idade mais comum em que estes dois tipos se começam a manifestar é entre os 55 e 60 anos de idade.[2] Sem tratamento, a esperança de vida é de seis meses a quatro anos.[2] Nos países desenvolvidos, cerca de 1 em cada 1000 pessoas morre de amiloidose.[3] A primeira descrição conhecida da doença remonta a 1639.[2]

Classificação editar

Há quatro tipos de amiloidose[7]:

Causas editar

Pode ter causa:

  • Genética;
  • Consequência de doença inflamatória;
  • Consequência da idade avançada ou;
  • Resultado de diálise prolongada.
Secundária

Doenças associadas com amiloidose secundária (AA) incluem: Algumas das condições associadas com AA incluem o seguinte:

Doenças[8] editar

Lisozima amiloidose editar

Ocorre quando há uma forma mutante da enzima (lisozima) que hidrolisa as paredes celulares de bactérias. Existem duas variantes conhecidas dessa enzima, a I56T e a D67H. Estas formam fibrilas amiloides que são depositadas nos órgãos internos frequentemente levando indivíduos na faixa estaria dos 50 anos a óbito.

Polineuropatia Amiloidótica editar

Familiar Acontece quando há uma mutação de uma proteína do plasma sanguíneo (Transtiretina), a qual funciona como transportadora tanto da tiroxina, um hormônio da tireoide que é insolúvel em água, quanto do retinol.

Fibrinogênio Amiloidose editar

É desenvolvida quando existe uma anormalidade no precursor da fibrina (fibrinogênio), que participa da coagulação sanguínea. Acontece uma associação de domínios β de duas variantes parcialmente não dobradas da lisozima formando uma folha β mais extensa, ocorre conversão conformacional de hélices α em fitas β, gerando um processo atocatalítico de redobramento que é um mecanismo geral que ocorre nesta doença.

Diabetes melito tipo 1 editar

Quando as células β das ilhotas pancreática são incapazes de sintetizar o hormônio polipeptídico insulina.

Diabetes melito tipo 2 editar

Quando o pâncreas contém depósitos de Peptídeo Ilhota Amiloide (IAPP), quanto maior essa deposição mais severa a doença.

Fisiopatologia editar

Aproximadamente 10% dos depósitos de amiloidose consistem de glicosaminoglicanos (GAGs), apolipoproteína E (apoE) e componente (SAP) amilóide P do soro. Já os outros 90% consistem das fibrilas amiloides, formadas pela agregação de proteínas mal formadas. Dependendo do local onde está o plasmócito defeituoso o amiloide pode se concentrar em apenas um órgão (amiloidose localizada), mais frequentemente na bexiga e nas vias respiratórias, ou espalhar pelo corpo inteiro (amiloidose sistêmica).[9]

Sinais e sintomas editar

 
Depósitos nodulares de amiloides na pleura

Os sintomas dependem da causa, dos órgãos afetados, do tipo de proteínas acumuladas e da área afetada pelo depósito. Pode afetar apenas um ou múltiplos órgãos. Dependendo da área afetada pode resultar em[10][11]:

Os órgãos mais afetados são os rins (aproximadamente 70% dos pacientes), coração (50%) e sistema nervoso (30%).

Diagnóstico editar

O diagnóstico é fácil (técnica microscópica com uma coloração específica - vermelho congo), embora seja dificultado pela associação da amiloidose a diversas outras doenças e devido à grande diversidade de sintomas.

Tratamento editar

Caso seja secundária obviamente deve-se tratar também a causa primária. Tratamentos medicamentosos incluem agentes quimioterápicos como melfalano (Alkeran) ou ciclofosfamida (Cytoxan) e corticosteroides anti-inflamatórios como dexametasona. Estas drogas interrompem o crescimento das células anormais que produzem a proteína amiloide.

Sem tratamento a vítima de amiloidose primária dificilmente sobrevive mais que um ano e meio, isso se não houver comprometimento grave da função cardíaca, pois nesse caso a taxa de sobrevivência cai para 6 meses. Já de amiloidose hereditária a taxa de sobrevivência é de 5 a 15 anos.[12]

Células-tronco frescas do corpo do próprio paciente podem ser usadas para substituir os plasmócitos defeituosos e tecidos danificados. Outra opção, é o transplante de órgão, única solução para re-estabelecer a função de órgão irreparavelmente danificado.[12]

Novos medicamentos estão sendo desenvolvidos para evitar a formação de depósitos de amiloide. Um dos medicamentos promissores é o eprodisate (Kiacta), um comprimido que inibe a formação de fibrilas amiloides ao evitar que o amiloide A sérico interaja com outras moléculas que induzem seu dobramento incorreto.[12]

Ver também editar

Referências

  1. Hawkins, P (29 de abril de 2015). «AL amyloidosis». Wikilite.com. Consultado em 19 de dezembro de 2015. Cópia arquivada em 22 de dezembro de 2015 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p Hazenberg, BP (maio de 2013). «Amyloidosis: a clinical overview.» (PDF). Rheumatic Diseases Clinics of North America. 39 (2): 323–45. PMID 23597967. doi:10.1016/j.rdc.2013.02.012 
  3. a b c d e f g Pepys, MB (2006). «Amyloidosis.». Annual Review of Medicine. 57: 223–41. PMID 16409147. doi:10.1146/annurev.med.57.121304.131243 
  4. John L. Berk; Vaishali Sanchorawala (novembro de 2018). «Amiloidose». Manual Merck. Consultado em 15 de abril de 2020 
  5. «AL amyloidosis». rarediseases.info.nih.gov (em inglês). Genetic and Rare Diseases Information Center (GARD). Consultado em 22 de abril de 2017. Cópia arquivada em 24 de abril de 2017 
  6. Sipe, Jean D.; Benson, Merrill D.; Buxbaum, Joel N.; Ikeda, Shu-ichi; Merlini, Giampaolo; Saraiva, Maria J. M.; Westermark, Per (1 de dezembro de 2014). «Nomenclature 2014: Amyloid fibril proteins and clinical classification of the amyloidosis». Amyloid. 21 (4): 221–224. ISSN 1744-2818. PMID 25263598. doi:10.3109/13506129.2014.964858 
  7. http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/amyloidosis/basics/causes/con-20024354
  8. Voet, Donald; Voet, Judith G. (1 de janeiro de 2013). Bioquímica - 4ed. [S.l.]: Artmed Editora. ISBN 9788582710050 
  9. http://emedicine.medscape.com/article/335414-overview#aw2aab6b2
  10. http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/000533.htm
  11. http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/amyloidosis/basics/symptoms/con-20024354
  12. a b c http://www.amyloidosissupport.org/AmyloidAware_Portuguese.pdf

Ligações externas editar