Anarquismo na Alemanha

O anarquismo na Alemanha desenvolveu-se em conjunto ao desenvolvimento nacional do país. Em meados do século XIX, quando a Alemanha não havia se conformado em ser um Estado-nação, dominava a tendência individualista liderada e representada por Max Stirner.[1] A partir de 1870 o movimento anarquista começou a prevalecer sobre o coletivismo, para finalmente no século XX se impor o anarcossindicalismo, sendo Rudolf Rocker o seu principal exponente teórico.

Primórdios: egoísmo e mutualismo editar

As primeiras influências filosóficas foram as de Hegel e Proudhon, na década de 1840. Nestes anos, Stirner publicou a sua obra Der Einzige und sein Eigentum (O único e a sua propriedade), obra crucial que daria origem à corrente individualista intitulada anarquismo egoísta. Os ideais de Stirner não tiveram repercussão e limitaram-se aos círculos intelectuais alemães; esta sua obra seria mais tarde resgatada depois de décadas por John Henry Mackay.[2]

O seu egoísmo é a iniciativa individual: a sua sociedade (Verein),

o grupo livre que realiza um objetivo, mas que não se converte em propriamente em uma organização, sociedade. O método é indiscutivelmente a desobediência, a negativa individual e coletiva à autoridade mas uma agrupação voluntária de acordo com cada situação. É vida livre em vez da vida

controlada e ordenada pelos usurpadores da propriedade e da autoridade.
 
Capa de O único e a sua propriedade, ed. alemã de 1901.

Outro anarquista reconhecido foi Wilhelm Weitling, que mais tarde se juntaria ao comunismo, influenciado por Fourier e Saint-Simon. Igualmente aos anarcocomunistas, rechaçava a propriedade e o sistema salarial, propondo em seus escritos Garantien der Harmonie und Freiheit (1842) um tipo de sociedade harmônica inspirada na concepção de falanstério. As suas primeiras concepções poderiam se enquadrar dentro da corrente do socialismo utópico.

Muitos teóricos alemães foram influenciados fortemente pelas ideias mutualistas de Proudhon. Karl Grün, que o conheceu em 1844, leu as suas teorias em seu trabalho Die Soziale Bewegung in Frankereich und Belgien. Moses Hess, que também conheceu Proudhon e Bakunin em Paris entre esses anos, descreveu os ideais como anarquia em Die Philosophie der Tat (1843) e Sozialismus und Kommunismus.[2]

O anarquismo individualista de Stirner e o mutualismo de Proudhon não surtiram tanto efeito na Alemanha. A derrocada revolucionária de 1848 e 1849 acabou com sua escassa popularidade.[1] O movimento socialista alemão nos anos da Primeira Internacional, identificou-se quase que em sua totalidade ideias do socialismo estatista de Marx e Engels, junto ao cooperativismo de Ferdinand Lassalle.

Principais anarquistas alemães editar

Referências

  1. a b George Woodcock, Anarchism. Penguin Books Ltd, Londres, 1970.
  2. a b Max Nettlau; La anarquía a través de los tiempos

Bibliografia editar

  • Bock, Hans Manfred (1990). «Anarchosyndicalism in the German Labour Movement: a Rediscovered Minority Tradition». In: Linden, Marcer van der; Thorpe, Wayne. Revolutionary Syndicalism: An International Perspective. Aldershot; Brookfield: Scolar Press; Gower Publishing Group. pp. 59–79 
  • Carlson, Andrew R. (1982). «Anarchism and individual terror in the German Empire, 1870-90». In: Mommsen, Wolfgang J. Social protest, violence and terror in nineteenth and twentieth-century Europe. Londres: Macmillan. pp. 175–200 
  • Graf, Andreas G. (2001). «Selbstbehauptung und Widerstand deutscher Anarchisten und Anarcho-Syndikalisten». In: Graf, Andreas G. Anarchisten gegen Hitler: Anarchisten, Anarcho-Syndikalisten, Rätekommunisten in Widerstand und Exil. Berlim: Lukas Verlag. pp. 35–61 
  • Woodcock, George (2004). «Various Traditions: Anarchism in Latin America, Northern Europe, Britain, and the United States». Anarchism. Toronto: University of Toronto Press. pp. 357–403 

Ligações externas editar