André Lara Resende

economista e banqueiro brasileiro

André Pinheiro de Lara Resende (Rio de Janeiro, 24 de abril de 1951) é um banqueiro e economista brasileiro.[1][2]

André Lara Rezende
25º Presidente do BNDES
Período Abril de 1998
até Novembro de 1998
Presidente Fernando Henrique Cardoso
Antecessor(a) Luiz Carlos Mendonça de Barros
Sucessor(a) José Pio Borges de Castro Filho
Dados pessoais
Nascimento 24 de abril de 1951 (73 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Pai: Otto Lara Resende
Alma mater PUC-RJ
Massachusetts Institute of Technology
Profissão economista e banqueiro

Biografia editar

Ele é filho do escritor Otto Lara Resende. Formou-se em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) no ano de 1973, com pós-graduação na área econômica pela Fundação Getulio Vargas (FGV em 1975. Obteve posteriormente seu doutorado em Economia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) no ano de 1979.[3]

Carreira acadêmica editar

Ao retornar do doutorado, iniciou a carreira como professor de economia na PUC-Rio, onde atuou por quase uma década.[3]

Em setembro de 1984 publicou na Gazeta Mercantil o texto "A moeda indexada: Uma proposta para eliminar a Inflação inercial" que causou enorme polêmica e rendeu várias críticas a Lara Resende.[4] Em dezembro de 1984 escreveu para o mesmo jornal o texto "A Moeda Indexada: nem mágica, nem panaceia", no qual rebate as críticas suscitadas pelo seu texto de setembro.[4] Ainda em dezembro de 1984 escreveu em coautoria com Pérsio Arida o texto "Inflação, inercial e reforma monetária: Brasil", que apresentava as ideias de ambos para acabar com a alta inflação brasileira, no entanto o texto foi duramente criticado pelo economista Rudi Dornbusch, que apelidou o texto de "Plano Larida".[4]

Em janeiro de 2017, por meio do artigo “Juros e Conservadorismo Intelectual”, publicado no Valor Econômico, criticou a política de juros altos[5]:

No Brasil, a inflação é muito pouco sensível à taxa de juros. As razões da ineficácia da política monetária são muitas e controvertidas, mas a baixa sensibilidade da inflação à taxa de juros é indiscutível, uma unanimidade. Por outro lado, com a dívida pública em torno de 70% do PIB, uma taxa nominal de juros de 14% ao ano exige um superávit fiscal de quase 10% do PIB para que a dívida nominal fique estável. Com a economia estagnada e a inflação perto dos 6% ao ano, isso significa que é preciso um superávit fiscal primário de quase 5% da renda nacional para estabilizar a relação entre a dívida e o PIB. A carga tributária está perto dos 40% do PIB, alta até mesmo para países avançados, ameaça estrangular a economia e inviabilizar a retomada do crescimento. A dificuldade política para reduzir despesas é enorme. Fica assim claro que o custo fiscal da política monetária não é irrelevante.

Em maio de 2019, criticou o dogmatismo fiscal, trazendo como exemplo as consequências desastrosas do pacote de austeridade na Grécia.[6][7]

Setor privado editar

Entre 1980 e 1985, atuou como sócio e diretor administrativo do Banco de Investimentos Garantia. No período, também ocupou o cargo de diretor externo da Companhia de Ferro Brasileiro. Posteriormente também trabalhou como diretor nas Lojas Americanas, no Unibanco, The Capital Group e foi sócio fundador do Banco Matrix, junto com Luiz Carlos Mendonça de Barros.[3]

Setor público editar

Embora tenha integrado a equipe econômica do ministro da Fazenda Dilson Funaro, ao assumir cargo no Banco Central, entre 1985 e 1986, suas ideias não foram usadas no Plano Cruzado. Trabalhou junto com Pérsio Árida, com quem havia estudado na época da graduação.[3]

Tanto na entrevista concedida ao jornalista Luis Nassif para a Folha de São Paulo em 2005 como em entrevista a Globo News em 2012, no Dossiê GloboNews, o ex-presidente Fernando Collor de Melo afirma que em uma consulta com André, Daniel Dantas e Mário Henrique Simonsen debateu a possibilidade do bloqueio de ativos financeiros.[8] André confirmou o efeito técnico do bloqueio dos ativos financeiros, pois indicava que com a elevada liquidez do mercado a hiperinflação poderia ser debelada com uma súbita redução de disponibilidade de ativos financeiros. Porém, ambos foram unânimes em afirmar que a solução era politicamente "impossível".[9][8]

Na implantação do Plano Real pôde ver suas ideias expressas nos textos dos anos 1980 testadas na prática com a utilização da URV antes do Real entrar em circulação.[4]

Sucedeu Pedro Malan em setembro de 1993, sendo nomeado pelo presidente Itamar Franco como negociador-chefe da dívida externa e um dos integrantes da equipe econômica que elaborou o Plano Real.[10] Deixou o posto de sócio-diretor do Banco Matrix a convite do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso para assumir o cargo de assessor especial da Presidência em setembro de 1995 e, posteriormente, assumiu a presidência do BNDES, em abril de 1998.[11][12]

Em novembro de 1998 foi obrigado a renunciar à presidência do BNDES devido ao escândalo do grampo do BNDES, que também derrubou seu ex-sócio Luiz Carlos Mendonça de Barros da chefia do Ministério das Comunicações.

Acusado de improbidade administrativa em ação movida pelo Ministério Público Federal, em razão do processo de privatização da Telebrás ocorrido em 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, foi absolvido pela Justiça Federal de primeira instância em março de 2009, em sentença proferida pelo juiz titular da 17ª Vara Federal do Distrito Federal.[13]

Posteriormente, atuou no mercado com uma companhia de investimentos. Em 2014, atuou como conselheiro econômico da candidata à presidência Marina Silva.[14]

Em novembro de 2022, foi anunciado junto a Pérsio Arida para o grupo econômico da equipe de transição do presidente eleito Lula.[15]

Ver também editar

 
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Referências

  1. Brasil, CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «RESENDE, André Lara | CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 30 de maio de 2017 
  2. Rubião, Murilo; Resende, Otto Lara; Cabral, Cleber Araújo (29 de novembro de 2016). Mares interiores: Correspondência de Murilo Rubião & Otto Lara Resende. [S.l.]: Autêntica Editora. ISBN 9788551300763 
  3. a b c d Research, Suno. «André Lara Resende é economista e ex-presidente do BNDES». Suno. Consultado em 19 de novembro de 2022 
  4. a b c d R.M. do Prado, Maria Clara. A real história do Real. [S.l.]: e-galaxia. ISBN 9786587639048 
  5. A miséria intelectual dos economistas de mercado, acesso em 11 de fevereiro de 2017.
  6. «Liberalismo e dogmatismo». Valor Econômico. 13 de maio de 2019. Consultado em 13 de maio de 2019 
  7. «Insider por oito meses». Quatro Cinco Um. 1 de dezembro de 2017. Consultado em 16 de abril de 2022 
  8. a b «Bloqueio de cruzados era inevitável, diz Collor». Folha de São Paulo. 16 de março de 2005. Consultado em 5 de junho de 2022 
  9. «Revelações de Collor». Istoé Dinheiro. 29 de outubro de 2003. Consultado em 28 de agosto de 2014 
  10. Lara Resende propõe debate. Jornal do Brasil, 27 de agosto de 1993. P 28
  11. «André Lara Resende retorna ao governo em setembrlo». Folha de São Paulo. 9 de agosto de 1997. Consultado em 4 de junho de 2022 
  12. «Economistas já foram sócios em banco». Folha de São Paulo. 23 de novembro de 1998. Consultado em 5 de junho de 2022 
  13. Justiça absolve tucanos no processo de privatização da Telebrás
  14. Henrique Gomes Batista (14 de agosto de 2014). «Na economia, principal bandeira de Marina Silva é a austeridade fiscal». O Globo. Consultado em 28 de agosto de 2014 
  15. «Equipe de Lula convida André Lara Resende e Pérsio Arida para fazer parte da transição». Extra Online. Consultado em 19 de novembro de 2022 

Precedido por
Luiz Carlos Mendonça de Barros
Presidente do BNDES
de abril até novembro de 1998
Sucedido por
José Pio Borges de Castro Filho
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