Antônio Vieira de Melo

Antônio Vieira de Melo (Muribeca, 1669Recife, 1764) foi um sertanista, nobre e latifundiário do Brasil colonial. Destacou-se como um dos primeiros desbravadores dos sertões de Pernambuco e Alagoas.

Antônio Vieira de Melo
Nascimento 1669
Morte 1764
Profissão Sertanista e pecuarista
Título Familiar do Santo Ofício
Cavaleiro Fidalgo da Casa Real
Capitão de Ordenanças

Biografia editar

Nascido na freguesia de Muribeca no ano de 1669, Antônio Vieira de Melo era filho de Bernardo Vieira de Melo, capitão de ordenanças, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, e de sua esposa, Maria Camelo Bezerra. Neto paterno de outro Antônio Vieira de Melo, natural de Cantanhede, capitão na Guerra Holandesa, depois sargento-mor do Cabo de Santo Agostinho, Cavaleiro Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis, com promessa para ingressar como Cavaleiro da Ordem de Cristo, e de sua esposa, Margarida Muniz de Bittencourt, filha de pais madeirenses. Neto materno de Belchior Álvares Camelo, natural do termo de Baião, Capitão-Mor e Alcaide-Mor do Rio de São Francisco, homem riquíssimo, instituidor e primeiro senhor do Morgado das Alagoas, e de sua esposa, Joana Bezerra, sobrinha de Domingos Bezerra Felpa de Barbuda.[1][2][3][4][5]

Herdeiro da grande sesmaria de Ararobá, Antônio Vieira de Melo foi um dos homens mais ricos da Capitania de Pernambuco, senhor de mais de 100 mil hectares de terras dividadas em 27 propriedades rurais, predominantemente de criação de milhares de cabeças de gado, no início da que seria chamada civilização do couro. Conhecido por autoritário e cruel, muitos foram os processos movidos contra ele pelos habitantes das regiões próximas. [6]

Quando jovem, Antônio Vieira de Melo se juntou ao irmão, o conhecido sertanista Bernardo Vieira de Melo, e ao bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, na luta contra o Quilombo de Palmares, sendo responsável pela captura de um sobrinho de Zumbi. Além disso, também participou junto à esse irmão da Guerra dos Mascates, refugiando-se, após a derrota, nos sertões de Ararobá. Foi capitão de ordenanças e familiar do Santo Ofício, função que o concedia o poder de realizar prisões extrajudiciais em nome da Inquisição. Valendo-se dos cargos e do poder econômico, dominou incontestavelmente o Agreste pernambucano e alagoano durante quase todo o século XVIII.[7] Iniciou a exploração da sesmaria de Ararobá logo após a vitória contra Palamares (o quilombo dominava as terras de sua sesmaria, impossibilitando que ocupasse a região), possivelmente por volta do ano de 1700. Seguiu-se na fundação de inúmeros sítios que, posteriormente, originariam municípios como Caruaru, Jupi, Cachoeirinha, Tacaimbó, Altinho, dentre muitos outros.[8] Aliava-se ao índios pacíficos e combatia aos por ele considerados "índios bravos", motivo que gerou conflitos com os jesuítas e missionários, tendo em vista que oferecia aos indígenas aldeados o emprego de vaqueiro em suas fazendas, com inúmeros benefícios, o que fazia com que fugissem das missões. Além disso, tais nativos eram também empregados às centenas no exército pessoal do qual Vieira de Melo se valia para garantir o seu poderio na região.[9][10]

Antônio Vieira de Melo faleceu de causas naturais no ano de 1764, no Recife, enquanto tinha a sua prisão ordenada pelo Governador Luís Diogo Lobo da Silva devido às atrocidades que cometia em Ararobá, invadindo fazendas e torturando os adversários e insubmissos na verdadeira masmorra que mantinha ao lado de uma sua senzala.

Genealogia editar

Solteiro, teve quatro filhos conhecidos, sendo dois legitimados. A sua descendência se espalhou pela região e originou algumas das principais famílias de Pernambuco.

De uma índia desconhecida, possivelmente de etnia cariri ou xucuru:

  • Josefa Maria do Ó, casada com o Coronel Cristóvão Pinto de Almeida, abastado proprietário rural e senhor de grandes sesmarias, com sucessão.
  • Francisco José Bezerra de Melo, capitão de ordenanças, casado com sua prima Claudina Xavier de Sá, com sucessão.

De Leonarda Correia de Melo, mulher de origem incerta, dois filhos legitimados por Carta Régia de 1763 [11], herdeiros da imensa sesmaria de Ararobá:

  • Antônio Vieira de Melo, casado com Brázida Maria de São José, natural da Vila das Alagoas e filha de José de Oliveira e de Maria Manuela dos Reis, com sucessão.
  • Alexandre Muniz de Melo, casado com Rosa Benta Joaquina, com sucessão.

Ver também editar

Guerra dos Palmares

Guerra dos Mascates

Bernardo Vieira de Melo

Domingos Jorge Velho

Referências editar

  1. DA FONSECA, Antônio José Victoriano Borges (1925). Nobiliarchia Pernambucana Vol 1. [S.l.]: Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro, 1935 
  2. «Diligência de habilitação para a Ordem de Cristo de Cristóvão Vieira de Melo - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 29 de julho de 2022 
  3. «Domingos Vieira de Melo - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 29 de julho de 2022 
  4. «Diligência de habilitação para a Ordem de Cristo de Bernardo Vieira de Melo - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 29 de julho de 2022 
  5. «Diligência de habilitação para a Ordem de Cristo de Francisco Álvares Camelo - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 29 de julho de 2022 
  6. «OFÍCIO do [governador da capitania de Pernambuco], Luís Diogo Lobo da Silva, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Francisco Xavier de Mendonça Furtado, sobre as queixas feita pelos moradores do sertão de Ararobá contra António Vieira de Melo, fugitivo da praça do Recife, relativas as irregularidades em atribuir sesmarias. - Arquivo Histórico Ultramarino». digitarq.ahu.arquivos.pt. Consultado em 29 de julho de 2022 
  7. (PDF) https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/51656/1/2016_art_fadamasceno.pdf  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  8. Alveal, Carmen Margarida Oliveira (22 de janeiro de 2016). «De senhorio colonial a território de mando: os acossamentos de Antônio Vieira de Melo no Sertão do Ararobá (Pernambuco, século XVIII)». Revista Brasileira de História: 41–64. ISSN 0102-0188. doi:10.1590/1806-93472015v35n70015. Consultado em 29 de julho de 2022 
  9. «CAPTAIN ANTÔNIO VIEIRA DE MELO in Portuguese Translation». tr-ex.me (em inglês). Consultado em 29 de julho de 2022 
  10. «Pesqueira – Estação Ferroviária | ipatrimônio». Consultado em 29 de julho de 2022 
  11. «REQUERIMENTO do capitão António Vieira de Melo ao rei [D. José I], pedindo carta de legitimação de dois filhos naturais, António Vieira de Melo e Alexandre Muniz de Melo. - Arquivo Histórico Ultramarino». digitarq.ahu.arquivos.pt. Consultado em 29 de julho de 2022